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A cana-de-açúcar foi a primeira cultura

Jornal A Gazeta - A Saga do Espírito Santo, maio/1999 - Ilustração: Genildo Ronchi

O açúcar, raro e caro, era usado como medicamento. Valia a pena produzir para exportar. Os piratas também apreciavam. Dez anos depois do desembarque do primeiro donatário, já estavam instalados, em 1545, na Capitania do Espírito Santo, quatro engenhos de açúcar, e a exportação começava. Em 1551, piratas franceses apareciam para apoderar-se do produto que lotava um navio que saía de Vitória.

Durante todo o século XVI, o açúcar reinou quase só nestas plagas.

Deu alicerces ao progresso, assim como nos trouxe, no século seguinte, os reflexos da guerra do açúcar, cujo cenário principal se localizou em Pernambuco. A cana-de-açúcar é uma cultura de baixada. Começada nos arredores de Vitória, devia expandir-se pela faixa litorânea. Para o norte foi até Nova Almeida, e, para o sul, até Itapemirim.

A lavoura canavieira de São Mateus, também iniciada no século XVI, lá ficou, isolada, sem fazer corpo com a que tinha Vitória por centro de irradiação.

O algodão chegou ao Espírito Santo ainda no primeiro século, mas só veio a ter importância no século seguinte.

Vieram os jesuítas em 1551 e aqui permaneceram por 209 anos, até a data da sua expulsão do Brasil, pelo Marquês de Pombal. A educação esteve quase exclusivamente a cargo dos jesuítas. Já em 1552 havia uma escola deles chamada São Tiago, em Vitória, onde é agora o Palácio Anchieta.

Os jesuítas sempre se mantiveram em paz com os colonos, ao contrário do que se deu em outros locais, como Pará, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo.

O açúcar era uma especiaria rara na Europa dos séculos XIV, XV e XVI. Originário da Índia, era trazido pelos mercadores italianos que o buscavam nos entrepostos árabes.

O açúcar era utilizado como medicamento e vendido em boticas. Era raro e muito caro. Quando Vasco da Gama retomou de sua primeira viagem, trouxe um carregamento de açúcar que compensou largamente os custos da expedição.

A grande procura, os bons preços e a facilidade de colocação do produto na Europa forçaram as primeiras tentativas de plantio. Nas ilhas da Madeira, Açores, Cabo Verde, São Tomé e outras regiões, foi plantada a cana com bons resultados. Mas a grande lavoura foi iniciada no Brasil.

 

Fonte: Jornal A Gazeta, A Saga do Espírito Santo – Das Caravelas ao século XXI – 20/05/1999
Pesquisa e texto: Neida Lúcia Moraes e Sebastião Pimentel
Edição e revisão: José Irmo Goring
Projeto Gráfico: Edson Maltez Heringer
Diagramação: Sebastião Vargas
Supervisão de arte: Ivan Alves
Ilustrações: Genildo Ronchi
Digitação: Joana D’Arc Cruz    
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2016

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