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A exportação de farinha pelo Porto de São Mateus

Tabela de exportação da Província do Espírito Santo, século XIX

No século XIX, o café é o grande destaque da economia do Espírito Santo. Todavia, outras mercadorias constavam na pauta de exportação da província.

O quadro abaixo reconstitui a lista dos principais produtos exportáveis e dos respectivos portos onde eram comercializados.

Pelo quadro, constatamos claramente que o norte da província continuou sendo um grande exportador de farinha de mandioca. Praticamente 100% da produção capixaba dessa mercadoria estava concentrada nas grandes fazendas escravocratas da região. Destaca-se, como centro comercial, o porto de São Mateus.

No início do ciclo do café no Espírito Santo, os proprietários mateenses tentaram introduzir a nova cultura no vale do Rio Cricaré. A ideia não surtiu resultados. No livro História de São Mateus, o escritor Eliezer Nardoto nos informa que:

“(...) mesmo com a introdução do café, da cana-de-açúcar, entre outros produtos de consumo, São Mateus manteve durante muito tempo a sua primeira fonte de renda: o comércio da farinha de mandioca. Nos meados do século XIX, mesmo o café já estando espalhado por todo o sul da província, São Mateus ainda exportava farinha para o Rio de Janeiro, para a Bahia e para Minas Gerais. Em 1862 existiam no município 250 fábricas de farinha, 50 engenhos e 2 olarias (...)”.

Voltando ao quadro econômico, vemos o café, o açúcar e a madeira como destaques do porto de Itapemirim. A explicação é simples. Tradicionalmente, a cana-de-açúcar era cultivada nas planícies do Baixo Itapemirim, onde inúmeras fábricas beneficiavam o produto. Quanto à extração da madeira, resultou da instalação das fazendas de café, no Médio e Alto Itapemirim. Foi um processo predatório e o impacto ambiental foi devastador, com consequências ecológicas sentidas até hoje. A historiadora Emília Viotti assim descreve o processo: “A mata tropical, de sub-bosque denso, cheio de árvores frondosas, precisava ser derrubada. Era um trabalho rude e penoso, principalmente numa época em que se dispunha apenas de machados e foices (...). A atividade era incessante (...)”.

O corte das matas atendeu, também, à política militar do Império brasileiro, que desejava ter a melhor Armada de Guerra das Américas. Durante a Guerra do Paraguai – de 1864 a 1870 – as madeiras do Espírito Santo foram enviadas ao arsenal da Marinha, para fabricação de navios.

No ranking de exportação de café, o porto de Vitória ocupou o segundo lugar, durante o período retratado no quadro (1873 – 1886). O café comercializado na capital, de menor qualidade que o do vale do Itapemirim, era produzido, principalmente, nas terras altas centrais da província. Essa região, a partir de 1847, começou a ser ocupada por camponeses imigrantes – basicamente alemães e italianos. Chegando da Europa, foram assentados em pequenas propriedades rurais familiares., Para prosperarem, desenvolveram, ao lado de uma economia de subsistência, o plantio de café para o comércio externo. A pequena propriedade exportadora é uma estrutura de produção praticamente exclusiva da história capixaba. Por seu ineditismo, esse fenômeno, juntamente com a imigração, serão objetos de investigação no próximo capítulo.

 

Fonte: História do Espírito Santo – Uma abordagem didática e atualizada. 1535-2002, 2002
Autor: José P. Schayder
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2012 

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