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A Igreja de Araçatiba - Por Heribaldo Balestrero

Igreja N.S. da Ajuda, Araçatiba ES - Foto: Felipe Corrêa (modificada)

Em 1849, enquanto a Matriz aguardava recursos para se refazer dos prejuízos sofridos, em Araçatiba a velha capela de N. S. da Ajuda, construída, ao que consta, pelos jesuítas, sofria a sua grande restauração, por iniciativa do capitão de milícias Sebastião Vieira Machado, proprietário daquela importante fazenda, o qual, em 1822, tinha feito parte da Junta Governativa da Província e posteriormente, em 1835, da primeira Assembleia Provincial, como deputado.

Edificada sobre uma colina às margens do rio Jacarandá, de onde se descortina, para o lado do poente, um panorama magnífico, a igrejinha apresenta, de um lado, as ruínas do antigo convento, onde, há séculos passados, teriam vivido os jesuítas que plantaram em nossas plagas a árvore da civilização cristã e onde residiu, por muitos anos, Sebastião Vieira Machado que tantos e assinalados serviços prestou à Província. Até bem pouco tempo, foi um dos pontos mais movimentados da religião Católica entre nós e constituiu mesmo, no tempo do padre João Maria Cochard, o lugar mais apropriado para celebrações religiosas da Paróquia, além da Matriz.

Até 1869 ali viveu o padre Demétrio João Vieira Falcão, ao que parece filho de Sebastião Vieira Machado, que ali nasceu e viveu durante muitos anos, aguardando, como um relicário sagrado, a capelinha em que fora batizado e onde naturalmente cantara a sua primeira missa.

Como fazenda, quer no tempo de Sebastião Vieira Machado, quer depois de sua morte, quando pertenceu a seus descendentes, quer a alguns anos passados, no domínio do coronel Joaquim de Novais Campos, Araçatiba desenvolveu-se consideravelmente, tornando-se um parque agrícola e industrial de grande renome. Possuindo banda de música própria, orquestra sacra bem dirigida por exímios musicistas, como José Pini e Lindolfo Vieira Machado, foi um lugar alegre, de vida agitada na esfera do trabalho e do progresso. Entregue, depois, a proprietários que não mais se interessaram pelos costumes de sua população, principalmente na parte religiosa, hoje nada mais se observa ali nos dias em que sua gente se movimentava, cheia de fé e de piedade, para as grandes festividades à sua padroeira, a milagrosa N. S. da Ajuda, em cuja festa realizada a 08 de setembro de 1849, segundo consta, teve lugar a apresentação da igreja restaurada por Sebastião Vieira Machado.

Como sede do 2º distrito do município, foi elevada à categoria de vila pela lei nº 9.941, de novembro de 1938. Possui juízo de paz, cartório de registro civil, subdelegacia de polícia e uma escola pública. Possuiu até a bem pouco tempo uma agência de correio que foi suprimida.

Está separada da sede por uma estrada de rodagem que a ligou diretamente a Vitória, fato que constituiu um dos erros administrativos mais graves dos políticos vianenses, mas que já foi reparado, embora tarde, com a sua ligação a Viana, através da estrada de Pedra da Mulata.

Digna de melhor sorte, por isso que é o ponto principal onde município poderá firmar o seu prestígio, para consolidação de suas indústrias futuras, Araçatiba espera ansiosa o seu porvir que será risonho logo receberá o amparo necessário dos poderes públicos, para o seu desenvolvimento. Faz o seu comércio pelo rio Jacarandá e pela estrada de rodagem Vitória-Guarapari.

Sebastião Vieira Machado foi membro da Junta Governativa da Província em 1822, comandante das armas em 1831 e deputado à primeira Assembleia Provincial, em 1835. Faleceu em Araçatiba a 20 de abril de 1856, com sessenta e tantos anos de idade, tendo deixado muitos filhos, dentre os quais João Inácio Vieira Machado, falecido a 14 de junho de 1865, e Manoel Vieira Machado Guimarães que faleceu a 09 de junho de 1875, em Jacarandá, ambos ricos fazendeiros e industriais dos mais conceituados da Província.

Sobre a igreja, assim escreveu Pizarro no livro “Memórias Históricas do Rio de janeiro”, referindo-se à Freguesia de N. S. do Rosário de Vila Velha: “Em seus limites subsistiram duas capelas que em outro tempo foram curadas: uma do título de N. S. da Ajuda em Araçatiba e outra em Campos Novos, mas hoje não existe esta e aquela já não tem a qualidade de curada”. Foi visitada em 1812 pelo bispo do Rio de Janeiro, D. José Caetano da Silva Coutinho.

Nela se encontram depositados os restos mortais de quase toda a família Vieira Machado. Como monumento artístico nacional, foi ultimamente restaurada pelo Governo Federal, justamente um século depois de sua restauração por Sebastião Vieira Machado, com exclusão agora do convento que infelizmente ficou em ruínas.

 

Fonte: Subsídios para o Estudo da Geografia e da História do Município de Viana, 2012
Autor: Heribaldo L. Balestrero
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2012 

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