A Pedra da Ema – Por Maria Stella de Novaes

Segundo a lenda, — uma dessas que enchem de poesia os recantos do Espírito Santo, existe um sino de ouro, enterrado pelo escravo de certo fazendeiro, quando se iniciou o povoamento do Sul da Capitania. Está guardado pelos bons espíritos que, à meia-noite, se reúnem, à sombra de uma sapucaieira, em cuja base repousa uma pedra encantada. É o sinal indicado para a descoberta da preciosidade, perdida no decorrer do tempo. Conta-se mesmo que diversas escavações já foram empreendidas pelos crentes na fantástica história. Nenhum resultado positivo, entretanto, se registrou, até agora. Persiste, por isso, a lenda cujo valor é o orgulho que o povo do lugar concentra, na posse de tão original tesouro: — a Pedra da Ema, em Burarama, no Município de Cachoeiro de Itapemirim.
A Pedra da Ema é assim chamada porque, na sua crosta, existe uma parte, ou mancha, esbranquiçada que, em determinadas épocas do ano, parece retratar uma ave pernalta. Destaca-se, de junho a setembro, do meio-dia, — quando começa a transformação, em ave de bico erguido, patas e asas dispostas, para o vôo, — até às quinze horas, quando atinge o máximo de sua beleza e principia a esmaecer-se.
— Dizem que um fazendeiro participou das entradas para as minas de ouro, do Castelo, onde explorou o metal empregado na feitura do sino. Perseguido pelos índios furiosos, diante das atrocidades ali cometidas, desceu, acompanhado de um escravo esperto que, vendo-o cair, atravessado por uma flecha certeira, que veio de ponto incógnito, logo o enterrou, com o valioso objeto. Seria desenterrado o sino, para o repique, nas festas da Liberdade, esperada sempre, com veemência, pelos infelizes, subjugados à impiedade dos patrões.
Sepultado, antes mesmo de exalar o último suspiro, o fazendeiro reaparece, na forma de uma ave, porque sua alma, presa ainda à ambição do ouro, anseia alar-se para o Infinito.
Fonte: Lendas Capixabas, 1968
Autora: Maria Stella de Novaes
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2015
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