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Ano de 1504 – Por Basílio Daemon

Cristóvão Jaques, descobridor da costa do ES

1504. Neste ano do dia 4 a 8 de julho foi descoberta a província do Espírito Santo pelo hábil e destemido navegante Cristóvão Jaques. Tendo partido de Lisboa comandando seis caravelas ou naus, a 10 de junho [julho, no original] de 1503, a mandado de el-rei D. Manoel, a explorar toda a costa da terra de Santa Cruz e nela fincar marcos, assentar padrões, fazer sondagens, levantar cartas, verificar rumos, e especificar posições topográficas, chegou à ilha de Fernando de Noronha, depois de ter a frota sofrido grande temporal, mas tão infeliz que uma das caravelas, a de nome São Lourenço, naufragou de encontro aos recifes, salvando-se unicamente a tripulação e desaparecendo quatro caravelas, três das quais nunca mais delas se houve notícia. Daí partiu Cristóvão Jaques e ao nono dia encontrou a caravela de que era comandante Américo Vespúcio; continuando assim juntos a viagem chegaram à baía de Acejutibiró ou da Traição. Desceram após para o sul as duas caravelas, vindo a surgir depois de dezessete dias de navegação, no dia 1º de novembro do dito ano, na baía de Todos os Santos, nome dado por Cristóvão Jaques a essa paragem, como atestam muitos escritores, em atenção à festividade que a igreja celebra nesse dia; tendo ancorado as duas caravelas ali permaneceram dois meses e quatro dias a fazer reparos, investigações e mais que tudo a ver se apareciam as três outras caravelas. Não tendo elas aparecido tornaram a fazer-se de vela a 4 de janeiro do ano de 1504, e, descendo sempre para o Sul, vieram, depois de alguns dias, aportar a Porto Seguro, descoberto três anos antes por Álvares Cabral. Ficam aí estacionados cinco meses, até que, a 28 de junho, já convenientemente providos de víveres e preparadas as caravelas ou naus, pois que há divergência nos autores nos nomes a elas dados, fizeram-se outra vez de vela e veem surgir provavelmente do dia 4 a 8 de julho na costa desta província talvez ao rio Cricaré (São Mateus), ou ao rio Doce; verificado como é de supor um destes pontos prosseguiu Cristóvão Jaques a viagem para o sul, costeando esta província e indubitavelmente saltando em terra e fincando algum ou alguns marcos ou padrões nas barras do rio Doce ou da Vitória, por serem pontos dignos da atenção do insigne navegante. Daqui prosseguiu costa abaixo indo até o estreito de Magalhães donde voltou em direitura a Portugal. Pelo que dissemos na primeira parte desta obra julgamos mais que provada a descoberta da província de 4 a 8 de julho do ano acima, para que nos alonguemos sobre tal assunto, pelo que fica aqui consignada esta data para cessação de dúvidas futuras e anacronismos. As datas sobre a viagem de Gonçalo Coelho, que partiu de Lisboa ao 1º de janeiro de 1502 e a de Cristóvão Jaques, que partiu a 10 de junho de 1503, eram bastantes para acabar esta confusão, devido isso em parte às tricas e sofismas de Américo Vespúcio em seus maquiavélicos escritos; mas destruídas ficam todas essas dúvidas à leitura do Diário de Francisco Cunha, que foi contemporâneo, autor de nota, e que ainda sessenta anos depois verificou alguns marcos fincados por Cristóvão Jaques, o que atestam ainda autores sisudos, entre eles Mariz nas Crônicas de Portugal.

 

Nota: 1ª edição do livro foi publicada em 1879
Fonte: Província do Espírito Santo - 2ª edição, SECULT/2010
Autor: Basílio Carvalho Daemon
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2019

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