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Ano de 1767 - Por Basílio Daemon

Forte São João (Saldanha) início 1726 - Planta de 1767

1767. É levantada uma vista e perspectiva da vila da Vitória pelo engenheiro José Antônio Caldas e tirada com auxílio da câmara obscura. Foi esta a segunda vista tirada desta hoje cidade.

Idem. Segundo uma memória escrita por Luciano da Gama Pereira e notícias de outros, houve no 1º de agosto deste ano, às 8 horas da noite, nesta hoje cidade da Vitória, um tremor de terra que durou alguns minutos, tendo causado um grande pânico à população, pelo que procedeu-se a preces e mandou-se vir por promessas que se fizeram, e para a Igreja da Misericórdia a imagem da Senhora Mãe dos Homens, tendo-se instituído nessa ocasião uma irmandade sob a dita invocação.(274)

Idem. São neste ano levantadas por ordem do capitão-general conde de Azambuja diversas plantas e perspectivas das fortalezas e fortes da capitania pelo engenheiro José Antônio Caldas,(275) sendo a primeira a do Forte de São João, em frente ao Penedo, que havia sido reparado e montado em 1765 por ordem do então governador interino da capitania. A 10 de outubro levanta o mesmo engenheiro uma planta topográfica da ilha do Boi e suas adjacências,(276) parecendo por isso que o governo da metrópole tinha em vista fortificar esta ilha para servir de fortaleza à entrada da barra, e no sentido de se cruzarem em caso de necessidade o fogo da projetada fortaleza da ilha do Boi(277) com o da Fortaleza de São Francisco Xavier da Barra, antigo Piratininga, nome este derivado de pirá, peixe, tininga, seco . É ainda levantada uma outra planta do porto e Forte de São Tiago, que era acima do lugar em que hoje está o cais do Imperador, e onde existe ainda um paredão na praça do Rubim e com frente para a baía; este forte ou fortaleza também foi conhecido com o nome de Nossa Senhora da Vitória, em memória da vitória alcançada contra os holandeses naquela localidade e em que muitas mulheres se distinguiram.(278) Ali naquele hoje paredão se davam, no princípio deste século, as salvas nos festejos nacionais. Também foi levantada neste ano pelo mesmo engenheiro a planta do Forte de São Maurício ou Santo Inácio, como era também conhecido, e que se achava à beira-mar, ao lado de uma pedra que existia no lugar em que hoje está a casa e padaria na quina da rua do Comércio e do General Osório. O forte tinha um nicho, como já dissemos, com a imagem de São Maurício, a qual ainda hoje se encontra em um derrocado altar que existe nas antigas catacumbas dos padres da Companhia de Jesus.(279)

Idem. Neste ano o marquês de Lavradio, capitão-general e governador da Bahia, enviou para esta capitania a Companhia de Infantaria conhecida por Companhia do Pinto, pertencente ao Regimento Alvim, para que, unida à Companhia de Infantes que havia, se formasse uma companhia de 60 infantes.(280) A falta de tropa para diversos misteres tinha feito com que se reclamasse daqui aumento de número de praças, ao que o marquês de Lavradio anuiu, como se vê, mandando maior número de praças, para, com as que aqui se achavam, acudir às necessidades.

 

Notas

 

274 “O povo mandou vir uma imagem de Nossa Senhora Mãe dos Homens, e constituiu uma irmandade na capela da Misericórdia, devoção pouco depois introduzida na vila de Campos e no Caraça. A tradicional imagem com a descuidada demolição dessa capela, vendida em 1907, foi levada para a pequena igreja de Vila Rubim, onde se encontra.” [Freire, Capitania, p. 203

275 “Engenheiro militar, professor (da aula militar da Bahia), realizou obras na ilha do Príncipe e de São Tomé, projetou reforma da catedral da Bahia, fez numerosas plantas do interior e do litoral do Brasil, inspecionou e escreveu sobre lugares e regiões da colônia.” [Oliveira, HEES, p. 221, nota 31]

276 Caldas, Planta topográfica que mostra em ponto maior a ilha do Boi que forma a barra principal do rio do Espírito Santo, 1767.

277 (a) Caldas, Planta, perfil e fachada que mostra em projeto a fortaleza que se pretende edificar na cabeça da ilha do Boi, Bahia, 4 de janeiro de 1767. (b) Ofício do governador marquês de Lavradio para Francisco X. de Mendonça, em que promete empregar todos os seus esforços para a rápida construção da nova fortaleza na ilha do Boi, da capitania do Espírito Santo. Bahia, 28 de abril de 1768. [Almeida, Inventário, II, 193, apud Oliveira, HEES, p. 221, nota 30]

278 Caldas, Planta e fachada do Fortinho de São Tiago, que está situado dentro da vila da Vitória, capital da capitania do Espírito Santo.

279 Caldas, Planta e fachada do Fortinho de S. Inácio ou S. Maurício na vila da Vitória, capital da capitania do Espírito Santo.

280 (a) Vasconcelos, Ensaio, p. 96. (b) Rubim, F. A., Memórias, p. 11.

 

Nota: 1ª edição do livro foi publicada em 1879
Fonte: Província do Espírito Santo - 2ª edição, SECULT/2010
Autor: Basílio Carvalho Daemon
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2019

 

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