As Ordens Religiosas concluem seus Conventos – Por Serafim Derenzi
No correr do setecentos, os jesuítas, em suas cartas ânuos, quando se referem a casa e a igreja de sua ordem em Vitória, chamam-nas de Colégio Santiago e igreja de S. Maurício. A edificação não sofre mais acréscimo. Os frades franciscanos também concluem tanto o próprio convento, como o de Nossa Senhora da Penha. O aspecto arquitetônico com o qual esses testemunhos de convicções religiosas chegaram aos nossos dias, não sofreram mudanças em suas linhas externas.
O convento do Carmo, com a igreja e a Capela da Ordem Terceira, também varou os anos até aos albores deste século, sem obras que lhes modificassem a primitiva vestimenta externa.
A igreja de S. Maurício, ou porque suas paredes não tivessem sido bem galgadas ou porque o vão fosse exagerado em relação às tesouras do telhado, ameaçou ruir em 1666. Fez-se outra que ficasse segura, no dizer do Podre Serafim Leite.
Em 1694, já era nova e grande a sacristia com objetos necessários ao culto, escrevem os padres. O Irmão Domingos Trigueiro, entalhador de mérito, ornou-lhe os altares venerandos. Em 1754 foi a igreja enriquecido com belíssima imagem da Virgem, vinda da Bahia. Os ossos do Venerável Anchieta, desde 1739, repousavam em suntuoso cofre de prata.
O Colégio Santiago, onde por duzentos anos se manteve a escola de ler, teve também Curso de Humanidades e Congregação de Estudantes, pelo espaço de um século.
O edifício sofreu reformas e ampliações diversas. Em 1742, construiu-se grande enfermaria e, cinco anos depois, edificou-se a ala contígua à igreja, dando-lhe o tom final de beleza e majestade.
O Colégio prestou os mais relevantes serviços, não só à instrução, como à saúde e à subsistência do povo de Vitória, em épocas sucessivas. Foi hospital nas epidemias, foi distribuidor de panos e víveres nas secas e calamidades, foi centro cívico de pregação e conselhos aos colonos, quando desavindos com as autoridades enfraquecidas.
Consternou-se a população, quando se viu privada dos irmãos de Anchieta, pela Ordem Régia, que os baniu da Capitania e do Brasil.
Da escada de acesso, com seus patamares e muros protetores e de arrimo, não há informação. Mas presume-se que são obras do século.
Fonte: Biografia de uma ilha, 1965
Autor: Luiz Serafim Derenzi
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2017
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