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Aterro da Prainha

Um homem hodierno que pretenda avaliar as razões do aterramento da Prainha sob o aspecto histórico-cultural, poderá concluir que foi uma obra sentenciada pelo Palácio Anchieta e pelo Ministério da Marinha com o consentimento dos Poderes Executivo e Legislativo de Vila Velha. Foi um rude golpe na exuberante história do estado, um acontecimento que em qualquer tempo poderá ser considerado lastimável, porque sepultou de vez a histórica angra capixaba e apagou definitivamente o encantador cenário formado pela praia de Inhoá e ilha da Forca.

Qual seria o pensamento dos administradores e mandatários no fim dos anos 50 e começo dos 60 diante de uma sociedade que lutava para se organizar melhor e conquistar uma nova qualidade de vida? Era do conhecimento geral o exemplo vindo da cidade do Rio de Janeiro, no qual o governo carioca acabava de brindar a cidade maravilhosa com o imenso aterro que resultou no novo parque do Flamengo dotado de áreas de lazer quadras esportivas, restaurantes, ancoradouros, estacionamentos, museus, salas de artes e fantástico jardim criado pelo urbanista Roberto Burle Max. O aterro utilizou o material resultante do desmonte do morro de Santo Antônio, que tinha também o seu passado repleto de histórias e lendas relacionadas com a colonização da região. Mas para o homem local o passado daquele morro era de importância menos, porque a elevação principal já havia sido arrasada dando lugar à moderna esplanada do Castelo, cujo conteúdo cultural estava sendo recontado.

O capixaba do mesmo período deve lembra-se da urgente necessidade de dragagem de todo o canal de acesso ao porto da cpital, que estava na iminência de ser bloqueado PPR assoreamento acumulado ao longo de muitos anos. Não havia mais porque esperar. A areia removida deveria ser transportada e lançada em locais previamente escolhidos transformando-se, certamente, em conquista de novas áreas urbanas. Foi assim que surgiram os aterros de Bento Ferreira e da esplanada Capixaba, em Vitória, e o da enseada da Prainha, em Vila Velha. Uma obra estadual realizada no governo de Jones dos Santos Neves, que antes da sua execução cuidou de preservar farta documentação constituída de textos e fotos de bom conteúdo histórico, hoje devidamente arquivada e ao alcance de todos.

Se Vila Velha de ontem perdeu parte do seu patrimônio histórico natural, pode-se dizer também que a cidade lucrou porque ganhou o belo parque da Prainha, uma obra realizada no governo de Max de Freitas Mauro, espaço para novas instalações do 38º Batalhão de Infantaria e passou a abrigar definitivamente a Escola de Aprendizes-Marinheiros.

Em Vila Velha, se erros foram cometidos vieram bem depois com o abandono do aprazível parque por parte dos maus administradores, que cultivam o hábito de desprezar as obras que não foram realizadas nas suas gestões, criam leis susceptíveis à má interpretação ou que dificultam o aproveitamento das áreas que constituem um determinado sítio histórico. Essas leis precisam de propostas claras de revigoramento da história e da revalorização da área decadente.

Segundo Roberto B. Abreu, (relato, 1997) por volta de 1973 o governo estadual empregou CR$1.234.000,00 na transformação da área conquistada em restaurante; amplo estacionamento; lanchonetes, área coberta com mesas e bancos fixos, onde romeiros fariam suas refeições; quadra de bocha; duas quadras poliesportivas; pista de skate; campo de futebol; churrasqueiras; palco para shows; mesas fixas para jogo carteado e dominó; banheiros públicos; entreposto frigorífico para comercialização de pescado; jardim e pavilhão para receber a administração do parque.

Fonte: Vila Velha – Onde começou o Estado do Espírito Santo (1999).
Autor: Jair Santos.

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