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Cantando de galo

Ainda no tempo em que briga de galo era uma atividade lícita, Cachoeiro de Itapemirim inaugurou sua arena pelas maõs do próprio prefeito de então, Brício Mesquita. Assim, no dia 5 de setembro de 1934, os cachoeirenses passaram, literalmente, a cantar de galo. E o nome do novo espaço de lazer não poderia ser menos modesto: "Rinha da Glória".

Neste dia, foram 13 horas ininterruptas de esporadas e gritos. Cachoeiro conseguiu três vitórias, um empate e nenhuma derrota. O cachoeirense "Manda Chuva" venceu o galinácio da capital, o único entre os competidores que sequer teve o nome registrado.

No começo do século XX, essa competição entre Cachoeiro e Vitória ultrapassava os poleiros e era desigual - a favor de Cachoeiro. A cidade era, na verdade, o centro econômico e demográfico do estado do Espírito Santo. A oligarquia local queria controlar as cordas da política. Além disso, rumores de que a capital estava no lugar errado ganhavam fôlego com cada nova precocidade dos cachoeirenses. Para eles, o Palácio deveria estar mais próximo do café que o sustentava.

A prosperidade de Cachoeiro tem origem em fatores geográficos. O município se desenvolveu no último ponto navegável da produção de café no Norte do Rio de Janeiro, que chega ao Sul do Espírito Santo no final do século XX. Era o centro escoador de toda produção do Vale do Itapemirim. Ou seja, as sacas não paravam de chegar e partir.

O café ia para o Rio de Janeiro e acabou trazendo justamente o Rio de Janeiro. A proximidade com a capital da República acabou por deixar Cachoeiro e os cachoeirenses ainda mais vaidosos.

Aliás, a estrada de ferro que ligou a cidade ao Rio, em 1903, só chegou a Vitória sete anos mais tarde. No mesmo ano, Cachoeiro foi o terceiro município do Brasil a inaugurar sua iluminação elétrica.

Além da energia e da locomotiva, símbolos da modernidade, também chegaram primeiro na cidade as ideias republicanas. Já a primazia no movimento abolicionista, não. O motivo: as vésperas da abolição, quase setenta por cento de escravos do Espírito Santo estava nas plantações do Vale do Itapemirim.

A Lei Áurea, além de não prever indenização para os coronéis, foi assinada no mês de maio, período que marca o início da colheita. Jornais da época, como "O Cachoeirano", noticiavam perdas de até dois terços da lavoura. Claro que isso engrossou o apoio da cidade ao movimento republicano. Em 1888, Cachoeiro sedia o primeiro Congresso Republicano do Estado do Espírito Santo. Em novembro do ano seguinte, a monarquia cai.

A eleição de Jerônimo de Souza Monteiro para Presidente do Estado acontece em 1908. O lugar na política estadual é mantido até o final dos anos 1930. Tudo isso vai por água abaixo com a crise de 1929 e a Revolução de 1930, que coloca Vargas no poder e seus inimigos fora da máquina pública.

Os programas de erradicação dos cafezais dos governos Lacerda de Aguiar acaba por minar ainda mais a cultura do café no Sul do Estado.

O orgulho de Cahoeiro sempre foi mais falado do que explicado. Seus fundamentos estão nos livros e discos de seus filhos ilustres, mas o folclore também deixou pistas na história.

 

Fonte: A Gazeta (12/04/2009).

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