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De bonde com Grijó - De Maruípe a Jucutuquara

Jucutuquara - Av. Paulino Muller

Continuarei o itinerário do bonde já para alcançar o Horto, lugar que se projetou devido a um plano dos Institutos de Pensões, como: IAPI, IAPC, IAPM, IAPETECE, IAPB. Que mais tarde foram fundidos pelo Governo Militar, transformando-os no INPS. Ali no Horto foi construído, talvez, o primeiro conjunto habitacional do Brasil para servidores públicos federais e autarquias do Brasil. Daquele local em diante o que se via era mangue de um lado e do outro e a avenida denominada de "Reta" do Constantino, e do Horto até a entrada da Ilha de Monte Belo só existia uma casa, que pertencia à família Madeira. Pelo lado direito, sentido Vitória (centro), existiam as entradas para os locais Gurigica, Muxinga, "Baixa da Égua", assim mesmo por uma trilha que só permitia passagem de veículos até a fazenda do engenheiro Lauro Farias Santos, onde hoje é uma parte do Bairro de Lourdes.

Seguindo para o centro de Vitória, depois da interrupção do manguezal, pela Ilha de Monte Belo ao lado esquerdo continuava o mangue e do outro lado surgia Jucutuquara, bairro de classe média, onde famílias tradicionais de Vitória moravam, e moram até hoje algumas delas, como: a dos irmãos Arildo, Aylton e Djanira Lima, esta uma das maiores cozinheiras do Estado; Copollilo, do saudoso Alfredo; Calazans; Grijó, dos meus saudosos tios Francisco (Chico) e Emília Gifoni, sua esposa, e meus primos Francisco Amálio Grijó Neto, o Grijozinho, Maria Amália e Maria Emília; família Quejock; Carvalinho, dos amigos Enildo,Turquinho Dodoca, Dinga e Janete; os Fontana, de Goli, Alaor, "Isola", Itamar; e os Monjardim. O bairro ganhou notoriedade depois da construção do Estádio Governador Bley, na década de 40, quando era Interventor o Major João Punaro Bley, sendo responsável pela magnífica obra da época o construtor Camilo Gianordoli, que era membro da diretoria do Rio Branco Futebol Clube, proprietário do Estádio. Mais tarde outra obra de grande vulto para a época surgiu no bairro: foi a construção da hoje Escola Técnica Federal, que substituiu a antiga Escola Artífice, que se situava no Parque Moscoso. A Escola Técnica teve como primeiro diretor o Dr. Arthur Seixas e funcionava em regime de internato e semi-internato, mais tarde o sistema de funcionamento modificou-se e hoje é um dos mais modernos do Brasil, sendo ainda um pouco polêmico. Professores marcaram época naquela escola. Por exemplo, na parte de Educação Física pontuaram ali Orlando Ferrari, o Carnera, Darcy Grijó, o Garrafa, Admersil Silva, o professor Dade, que fazia dublê de Inspetor/Professor de Educação Física, e Audifax Barreto Duarte. Dessa forma a Escola Técnica sempre se apresentou bem nas jornadas esportivas. Em outras matérias grandes professores ali atuaram: Mário Tavares, Moreira Camargo, Silvio Crema, Francisco Generoso, dona Maria Penedo e tantos outros que me fogem à memória. Hoje a Escola Técnica engloba uma grande área do Bairro de Jucutuquara, inclusive tendo comprado a área do Estádio.

Voltando ao itinerário do bonde, na entrada de Jucutuquara existe um local que até hoje é chamado de Cruzamento. Sua origem vem do fato de que não havia linha dupla para os bondes e os que procediam do centro da Capital para a Praia do Canto e vice-versa eram obrigados a estacionar e aguardar o outro chegar. Quando este chegava, cruzava pelo que havia chegado primeiro e ocupava um sistema de linha de desvio. Esta operação geralmente era bem sincronizada e raramente atrasava. Mas em casos de descarrilhamento e excesso de lotação aí o atraso trazia transtornos. Existia uma linha que adotava esse nome de Cruzamento, era uma que partia da Costa Pereira (que já foi chamada de Independência e Sete de Setembro) e entrava no bairro de Jucutuquara, fazendo ponto final defronte ao bar do mais conhecido morador e torcedor do Rio Branco, que era o Sr. Manoel Pinto das Virgens, o querido e saudoso Manoel Donêncio, que ficava nas proximidades dos Fradinhos. A polêmica sobre esta linha ficava por conta do fato de que os bondes que vinham da Praia do Canto para o centro não adentravam Jucutuquara e quem quisesse ir até aos Fradinhos, que fosse a pé. No final de Jucutuquara, fica "O Museu Solar dos Monjardim", onde a família  do Barão de Monjardim morou por muitos anos. Depois, quando mudou-se para a rua Barão de Monjardim, o "Patrimônio Histórico" fez seu tombamento. Naquele local, nas férias escolares, muitas vezes fui brincar com Aloísio, filho de Dona Pacca, e seu Manoel Calazans, que ali moravam, Suas filhas Haydee e Maria Helena, casadas com Getúlio Calmon e Amaro Barradas, respectivamente. Os primeiros são falecidos. Aloísio e Maria Helena com Barradas moram no Rio de Janeiro. Mas nem tudo foi um mar de rosas para o bairro. Houve um ato impensado de alguns moradores, por volta de 1945. Disputavam as eleições presidenciais os candidatos Major Brigadeiro Eduardo Gomes, General Eurico Gaspar Dutra, Yêdo Fiuzza e Rolim Teles. A UDN, partido do brigadeiro, marcou um comício de seu candidato em Vitória. Sua chegada deu-se pela parte da manhã e como na época o trânsito de quem chegava de avião era feito via Maruípe/Jucutuquara/Centro, ao passar a comitiva pelo bairro onde o candidato desfilava em carro aberto, eis uma surpresa: alguns moradores e oposicionistas se infiltraram no meio dos moradores e na hora As famílias mais conhecidas do local eram: partindo da mata do Iate, tínhamos a família de Carlos Schurodt (cidadão alemão que foi tido como espião na época da II Guerra, suspeição porém que não foi confirmada); Pedro Vivacqua, na subida da ladeira do Iate; Enrico Ruschi, Norberto Madeira da Silva, Homero Vivacqua, Lobo Leal, Pietrângelo De Biase e Von Schilgen. Dentre os participantes da comitiva do brigadeiro estava o grande jornalista da época, pertencente à Rede Tupy, o Sr. Carlos Frias, que fazia através da emissora no horário das 19 horas uma crônica diária intitulada "Boa Noite Para Você". Nesse dia do comício do Brigadeiro Eduardo Gomes, a crônica foi dedicada a Jucutuquara, tendo ele iniciado assim: "Boa Noite Para Você, povo do buraco sujo de Jucutuquara". No mais, só não jogou pétalas de flores para os moradores. O fato teve repercussão nacional.

 

 

Fonte: A Ilha de Vitória que Conheci e com que Convivi, vol. 6 – Coleção José Costa PMV, 2001
Autor: Délio Grijó de Azevedo
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2019

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