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Discurso do Marechal Castelo Branco em Vitória-ES

Marechal Castello Branco e o Governador Chiquinho

Discurso proferido pelo Exmo. Sr. Presidente da República MARECHAL CASTELO BRANCO, no banquete que lhe foi oferecido pelo Governo do Estado do Espírito Santo, em 17 de novembro de 1964.

 

Senhor Governador do Estado do Espírito Santo FRANCISCO LACERDA DE AGUIAR:

Ontem, quando eu me preparava para a minha viagem à Cidade de Vitória, fui devidamente informado de que iria participar de um almoço íntimo de poucas pessoas e desprovido de protocolo de pronunciamento.

Ao entrar nesta sala fui surpreendido, e confesso que a minha surpresa não deixa de ter aspectos agradáveis.

Primeiro, o Senhor Governado reuniu em torno desta mesa os elementos mais expressivos do Estado na Administração, na política e elementos dos mais destacados nas Forças Armadas, aqui sediadas. Além disso, Sua Excelência me deu um resumo, o mais idôneo possível, objetivo do que se passa em sua administração, o que está sendo feito, e os seus prognósticos. Então eu me sinto verdadeiramente recompensado com a surpresa que V. Ex.ª me deu. Vale a pena um relato como este de formulação de solicitações do Governo Federal, pois ele é enunciado por um homem devotado à Administração e ao cumprimento correto de seus deveres de Governador do Estado do Espírito Santo. Eu não me esquecerei, Senhor Governador do Estado do Espírito Santo. Eu não me esquecerei, Senhor Governador, de que V. Ex.ª acaba de falar sobre a economia do Estado, e eu vi muito bem que V. Ex.ª não deixa de vincular o Governo Federal de empreendimentos que estão a seu cargo. Se V. Ex.ª tem o dever de trabalhar dentro deste Estado, cumprir o mandato que honrosamente recebeu do povo do Espírito Santo, eu também tenho o dever de não esquecer de vincular o plano Federal ao plano Estadual tão bem dirigido por V. Ex.ª.

V. Ex.ª tratou de aspectos bem peculiares ao Estado e não deixou de focalizar outros que dizem respeito a qualquer Estado do Brasil. Eu me refiro, sobretudo, à questão do custo de vida. V. Ex.ª advertiu muito bem dizendo que o povo ainda não recebeu providências para minorar a situação financeira de cada um. É duro, Senhor Governador. É penoso olhar-se para esse setor da administração Federal. Creia V. Ex.ª que nós consideramos a questão do custo de vida uma verdadeira frente de combate. Aquela em que o Governo tem o contato com a população na sua situação mais penosa. Temos a frente  da Saúde Pública. Temos a frente da Educação. Temos a frente da Ordem Pública, mas nenhuma absorve mais o Governo e mais o atrai do que esta que V. Ex.ª que em tão boa hora focalizou em seu discurso. As providências estão sendo tomadas. Estão sendo renovadas, outras desdobradas. E esperamos, Senhor Governador, que num futuro próximo, que não esteja longe do dia de hoje, o Governo possa ver prenúncios de desafogo da população em que se comece a sentir que há uma sensação de alívio. Agora, Senhor Governador, a providência maior, maior do que outras que temos tomado e vamos tomando sucessivamente, a maior de todas e a perseverar no programa traçado e enfrentar a impopularidade e confiar nos estudos, nas medidas tomadas, todas elas flexíveis, todas elas montadas com objetividade e, sobretudo, com o desejo de vir acertar. É uma frente de flexões. É uma frente de reações diárias, e, às vezes, as mais agressivas, mas nós mantemos o contato confiantes de que seremos vitoriosos com o povo.

Abrem-se as outras frentes, Senhor Governador, e eu me sinto muito bem em falar sobre o assunto com V. Ex.ª neste Palácio, nesta cidade e neste Estado. É a frente da Federação.

O Governo tem sido falado a respeito do que está claudicante e, talvez, mesmo proximamente, criminoso em relação à Federação Brasileira.

E eu trato deste assunto com V. Ex.ª porque em matéria de Federação o seu Estado é um exemplo de ordem, de devotamento ao trabalho e de respeito às Leis Municipais, Estaduais e Federais. Creia V. Ex.ª que o Governo Federal, intransigentemente, respeitará todos os princípios da Federação e não faltará ao seu dever de obrigar a todos aqueles que queiram violá-las, a cumprirem os seus imperativos. O princípio da Federação para ser mantido com altura envolve também o respeito à Justiça. A justiça de qualquer Fórum, a justiça não só cumprindo as suas decisões, como também procurando falar a verdade aos seus detentores que é o povo Brasileiro.

Senhor Governador, não trago nenhuma divergência neste improviso ao Estado do Espírito Santo. Eu trago aqui o meu reconhecimento à recepção fidalga que a cidade prestou ao Presidente da República desde o aeroporto, em que o Prefeito da Cidade me confiou a Chave de Vitória para que eu aqui penetrasse, como se estivesse em minha casa.

Depois percorri as ruas da Cidade, onde numa expressão, a mais sincera e descontraída, a população recebeu o primeiro Mandatário da nação, de uma maneira descuidada, de uma maneira sorridente. Em seguida, fomos a dois grandes empreendimentos federais, que aqui estão assentados, economicamente no Estado do Espírito Santo. E encontramos em todos eles o vigor, a determinação, para que cada um deles cumpra a sua finalidade na grande Economia Brasileira. E o meu reconhecimento também, Senhor Governador, a esta reunião, em que V. Ex.ª me dá uma saudação tão simples, tão profunda e objetiva.

E me dá a oportunidade para que eu possa trocar impressões com V. Ex.ª. Não só sobre deveres que me competem na questão do abastecimento, como também o meu dever de Presidente da República na manutenção da federação.

Pelo a V. Ex.ª que aceite o meu agradecimento e o transmita ao povo do seu Estado e da sua Cidade.

Muito Obrigado”.

 

Fonte: Visita do Marechal Humberto de Alencar Castello Branco ao Estado do Espírito Santo, 1964
Acervo: Casa da Memória de Vila Velha
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2012 

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