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Divisões do Brasil colonial em repartições

Capa do Livro: A Capitania do ES - Autor: Mario Aristides Freire

Pela terceira vez provido no governo do Brasil, de novo dividido em duas Repartições, Salvador Corrêa de Sá e Benevides tomou posse na Bahia, em 1659 – "do governo e Capitania do Rio de Janeiro e das mais do sul". Os termos da patente provocaram séria divergência. Pretendeu Francisco Barreto, até aquele ano Governador Geral, continuar exercendo jurisdição sobre esta antiga Capitania; alegava que o Espírito Santo não ficava ao sul do Rio. O contrário, porém, fez Salvador Corrêa prevalecer. Argumentou com a circunstância do Espírito Santo continuar subordinado não só à Ouvidoria Geral, como à primitiva Prelazia do Rio, mesmo depois de instituído o Bispado em Salvador; invocou as precedentes divisões; e, por último, exibiu decisivamente uma carta pela qual a Rainha Regente recomendava-o à Câmara de Vitória.

Instituída em 1572, pela primeira vez, a Repartição do Sul estendera-se, efetivamente, até o ponto por onde a Capitania de Ilhéus confinava com a de Porto Seguro. No sul figurara ainda o Espírito Santo quando o Brasil fora, de novo, dividido em 1608. O próprio Salvador Corrêa, - surpreendido no governo do Rio pela Restauração de Portugal, assim passara a superintender também as Capitanias meridionais, nos termos da patente revalidada pelo novo Rei, português. O mesmo critério viu mantido quando, em 1647, fora chamado ao governo, pela segunda vez.

O motivo dessas reiteradas divisões era sempre a chegada, ao Reino, de notícias animadoras ou mesmo de amostras das riquezas procuradas neste trecho da antiga colônia.

Na vila de Vitória veio Salvador Corrêa encontrar, naquele ano, Duarte Corrêa, um parente que por aqui projetava uma "entrada" ao sertão, depois de haver, sem, êxito, organizado uma "bandeira" em S. Paulo. Uma grande epidemia havia dizimado inúmeros indígenas; sentia-se, por isso, grande falta de braços, e, conseqüentemente, de gêneros e mantimentos.

Considerando o filho, João Corrêa de Sá, no alto posto de Governador especial das minas ainda por descobrir, mercê que a Regente só em 1660 resolveu conferir-lhe, Salvador Corrêa mandou-o daqui ao sertão, acompanhado por dois filhos do famoso sertanista Marcos de Azeredo. Reiniciava-se dessa forma "o entabulamento das minas, assim, de metais como de pedrarias que estão nesta Capitania". Deviam explorar a possibilidade de encontrar no vale do rio Doce, pelo menos, as já famosas pedras coradas, seguindo uma traça por ele mesmo delineada, e logo comunicada à Câmara de São Paulo.

Não logrou, porém, o filho contemplar sequer as esmeraldas, que só em 1681 seriam, de novo, localizadas por Fernão Dias, ou as minas que a patente apregoara; nem encontrou as riquezas das quais havia amostras na Corte.

Tão grande, porém, era o prestígio desse Governador do sul, que, divulgados os sucessos ocorridos contra ele no Rio, em 1660, Francisco Barreto, cauteloso, recomendou ao Capitão-mór do Espírito Santo continuasse a obedecer-lhe  – a "ainda que o povo do Rio de Janeiro tumultuasse". E à Provedoria da Fazenda, que continuara sujeita ao governo da Bahia, recomendou não opusesse dúvidas ao pagamento do Capitão-mór do Espírito Santo, embora provido pelo Governador do sul...

Em breve, Salvador Corrêa, completamente desiludido, reconhecia o malogro das tentativas que fizera... Desfez-se por isso, mais uma vez, a Repartição do Sul. Como conseqüência das divergências sobre a verdadeira posição do Espírito Santo, diante da importância que os governadores do Rio entraram a ter, iam surgir, em Vitória, sérios conflitos, entre a respectiva Câmara e o governo ao norte...

 

Fonte: A Capitania do Espírito Santo, ano 1945
Autor: Mário Aristides Freire
Compilação: Walter de Aguiar Filho/ maio/2015

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