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Entrevista com o neto primeiro construtor da Praia da Costa

Antônio Carneiro Maia

Antônio Carneiro Maia foi um pioneiro da construção civil numa época em que ninguém imaginava a Praia da Costa como moradia por ser distante de todas as atividades comerciais da época, anos 50. Ele vislumbrou o seu potencial diante de um mar de tamanha beleza, e enfrentou dificuldades e adversidades para iniciar ali a construção do primeiro edifício da Praia da Costa, o Ed. Sol e Mar.

Conversamos com seu neto Marcello Maia, para conhecer melhor quem foi Antônio Carneiro Maia.

Site: Em que ano seu avô nasceu?

Marcello: Vovô Maia nasceu em 1915, em Portugal, filho de Joaquim da Silva Maia e Balbina Carneiro (Portugueses)

Site: Por que o seu avô veio para o Brasil?

Marcello: Ele tinha um tio que já morava no Rio de Janeiro. Esse tio disse para o seu pai que ele poderia mandar um filho para o Brasil e o escolhido entre os irmãos foi o meu avô Antônio.

Site: Quando ele veio para o Brasil?

Marcello: Chegou ao Rio de Janeiro no ano de 1927, com 12 anos e a Vitória em 1936, aos 21 anos.

Site: Porque ele escolheu Vitória?

Marcello: Escolheu Vitória porque a família da minha avô era de Vitória.

Site: Seu avô se casou em Vitória?

Marcello: Sim, minha avó se chama Maria dos Santos Maia, eles se casaram em 29/12/1938.

Site: Qual era a profissão dele?

Marcello: Ele era marceneiro. Fabricava móveis de alto padrão em jacarandá. Sua primeira marcenaria se chamava Renascença, ficava na Rua General Osório, no Centro de Vitória. Depois, com o crescimento, ele aumentou o tamanho e virou uma indústria, localizada em Jardim América, Cariacica, e se chamava Maia Industrialização de Madeira.

Site: Como foi a migração de atividade dele da marcenaria para a construção civil?

Marcello: Na verdade não migrou, ele trabalhou nas duas atividades ao mesmo tempo.

Site: Como foi a atuação dele na construção civil?

Marcello: Meu avô passou a construir edifícios e alguns são até hoje bastante conhecidos.

Site: Quais foram esses empreendimentos?

Marcello: O primeiro foi o Ed. Sol e Mar, na Praia da Costa, construído em 1956. Na sequência, construído com parte dos lucros do Ed. Sol e Mar, veio o Ed. Guruçá. Todo mundo acha que o Ed. Guruçá foi o primeiro, mas é o Sol e Mar.

Site: Em Vitória, ele também construiu prédios?

Marcello: Sim, o famoso Ed. Portugal, prédio de salas comerciais localizado na Rua General Osório, cujo terreno lhe pertencia. Ele entrou nesse negócio como incorporador e o Ed. Nossa Senhora de Fátima, também no Centro de Vitória, ele construiu com recursos próprios.

Site: Estamos falando de fatos que aconteceram há mais de 60 anos. Podemos dizer que seu avô foi um empresário nos anos de 1950?

Marcello: Quem vê a Praia da Costa hoje nem imagina as dificuldades que o meu avô teve ao empreender no local, época que não tinha nada. Era uma dificuldade fazer o material chegar à obra e a mão de obra também era dificílima devido à distância ao centro para época.

Site: Imagino outras tantas dificuldades de que seu avô deve ter tido na execução desses empreendimentos.

Marcello: Para se ter ideia, como meu avô foi o pioneiro da construção civil na Praia da Costa, ele teve que levar por conta própria água encanada para construir o Ed. Sol e Mar. Com relação a energia elétrica, ele conseguiu uma parceria com a concessionária dividindo os custos e levando a luz para a orla da praia.

Site: Sua avó é viva. Onde ela reside?

Marcello: Vovó mora na Praia da Costa no Ed. Sol e Mar. Está com 98 anos e lúcida

Site: Pedi a você que ao conversar com a sua avó sobre essa entrevista, pedisse a ela para deixar uma mensagem sobre o seu marido.

Marcello: Vovó me falou que quando vovô começou a construir o Ed. Sol e Mar, época em que a Praia da Costa era totalmente deserta, sem água e luz, algumas pessoas achavam que ele era maluco por tentar construir prédios ali. Quando o edifício foi concluído ele passou a ser admirado por tamanha proeza. Mas, com o passar do tempo quem havia sido elogiado pela coragem desbravadora de trazer o progresso para a Praia da Costa, ficou no esquecimento, pois afinal vovô faz parte desta história da Praia da Costa e até hoje ninguém lhe deu o reconhecimento devido de uma homenagem no bairro como a de uma praça ou de uma rua nominada por Antônio Carneiro Maia.

 

Praia da Costa, 21/04/2020

 

Entrevistado: Marcello Maia
Entrevistador do Site: Walter de Aguiar Filho



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