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Festas Juninas – Por Seu Dedê

Festa Junina na Barra do Jucu - 1980. Mestre Clê e sua sobrinha Joana Maria. Acervo: Francsico Mascarenhas de Barcellos

Vila Velha comemorava as festas de Santo Antônio, São João e São Pedro, respectivamente nos dias 13, 24 e 29 de junho.

Havia sempre uma ou outra casa para comemorar esses dias.

Com frequência a casa do Barros, pai de Amilton, era para nós a mais perto e preferida. Lá, se brincava a noite toda comendo e bebendo. Havia, em abundância, a genipapina, o leite de onça e o quentão para beber; para comer, pés de moleques, cocadas, cuscuz, canjica, doces de aipim e de milho verde, milho cozido em espigas, batata doce e cana de açúcar assadas na fogueira e tudo o que se pode ter para que a festa seja a melhor e a mais divertida possível.

No meio da rua, uma grande fogueira crepitava enquanto soltavam bombas e foguetes, e eram preparados balões de diversos formatos e tamanhos.

Em volta da fogueira brincávamos de roda e cordão do Itororó. No final, quando a fogueira já estava quase toda queimada, era a hora de batizá-la e pular por cima. Um casal circulava a fogueira, sendo o homem num sentido e a mulher no outro; ao se encontrarem diziam:

- São (o nome do santo do dia), mandou que batizássemos a fogueira: quer ser meu compadre?

- Sim!

- Agora somos compadre e comadre para toda a vida.

De fato, tive muitas comadres e as chamadas de comadre.

Não podemos esquecer as célebres quadrilhas, que eram disputadíssimas. Pouca mudança para as de hoje, porém, a famosa era sempre a de Aribiri que ocorria no dia de São João, no pasto do sítio da família de Dona Maria Vereza. Incentivada pela família, era organizado o festejo. Uma grande arena era cercada com varas enfolhadas de bambu, tendo ao centro a tradicional fogueira, ao redor da qual a garotada se divertia. A platéia, ansiosa, aguardava a hora do casamento, depois do qual havia a apresentação da quadrilha.

Já se ouve ao longe o som do berrante anunciando a chegada da noiva acompanhada de seus pais. Dentro da arena o padre e o delegado retém o noivo que tenta escapulir. Eis que surge a caravana com os integrantes da quadrilha cantando “Mestre carreiro como se chama esse boi? – É a saudade de um amor que já se foi...”, vão seguindo atrás do  carro de bois, a condução da noiva e de seus pais.

Ao saltarem do carro, começa a representação do noivo que quer fugir e do delegado e pai da noiva portando uma grande espingarda de cano grosso (cravinote), tenta e consegue convencer o rapaz a se casar. Oficializado e realizado o casamento, começa a apresentação da quadrilha ao povo.

 

Nota: O autor era carinhosamente conhecido por Seu Dedê

 

Fonte: Memória do Menino... e de sua Vila Velha – Casa da Memória Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha-ES, 2014.
Autor: Edward Athayde D’ Alcântara
Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2020

 


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