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Guarapari, rios pequenos e importantes

A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rios de Guarapari, Rio Benevente e Rio Novo 09/09/2007

A Bacia Hidrográfica de Guarapari é formada por córregos e rios de pequena vazão, de área total de drenagem de apenas 321 km2, cujo destaque são: o Perocão, o Una e o Jabuti, sendo esse último utilizado para o abastecimento junto com o rio Conceição.

Com menos de 30 Km de comprimento, a maioria dos rios percorre áreas planas e deságua na região costeira do município.

“Apesar da bacia ter recebido o nome de Guarapari, o que atende a uma antiga proposta de divisão hidrográfica, não existe o rio Guarapari”, explica o analista de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Iema Robson Monteiro.

De acordo com o geólogo César Impellizieri Ribeiro, a Praia de Santa Mônica divide os rios Perocão, que fica mais ao Sul, e o Una, ao Norte. Esses dois mananciais são formados em grande parte por áreas alagadas e seus cursos chegam aos manguezais.

“Ambos se apresentam bem degradados, sendo que o rio Perocão praticamente recebe grande parte do esgoto das regiões da Praia do Morro e Jabaraí”, informa Ribeiro.

Por receber grande influência do mar, o rio Perocão ainda possui um importante manguezal. Várias famílias dependem diretamente do rio para sobreviver.

Já o rio Una nasce em várias lagoas de Vila Velha, mas tem o seu curso maior na Área de Proteção Ambiental (APA) de Setiba. Ele deságua no bairro do Una, no final da Praia de Santa Mônica.

Sua água é pouco utilizada para o abastecimento devido à cor escura. Mesmo tratada, ela apresenta coloração amarelada.

“Como são rios que têm proximidade com o mar, na época de veraneio existe uma maior quantidade de pessoas dentro da bacia e aumento do lançamento de esgoto nos corpos d’ água”, lembra o professor de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Antonio Sérgio Ferreira Mendonça.

O rio Jabuti, por ser originário de região montanhosa, se mantém mais preservado do que os demais. Sua área de abrangência possui forte apelo turístico, com uma variada quantidade de pousadas e propriedades rurais.

Informações Gerais

Bacia Hidrográfica de Guarapari

Área: 321Km2

Principais afluentes

Rio Perocão – Sua nascente fica no início do córrego Iguape e a foz em Perocão, em Santa Mônica. O manancial é formado pelos córregos Oratório, Iguape, Ribeiro e Da Serra

Rio Una – É formado pelos córregos Barro Branco, Solidão, Boa Vista, Laje das Pedras, Campo Grande, Amarelo, Ribeirão Ponto Doce e Do Sete. Deságua no bairro do Una, em Santa Mônica, e na Praia do Boião.

Rio Jabuti – Nasce próximo ao Córrego Barra do Limão e é formado pelo rio Conceição e pelos córregos Boa Esperança, São João do Jabuti, Maringá e Barra do Limão. Deságua na baía de Guarapari

Gerenciamento – Bacia de domínio estadual

Extensão – A rede de drenagem abrange uma malha de cerca de 49 Km

Municípios cobertos pela bacia – Parte de Guarapari, Viana e Vila Velha

Atividades econômicas – Turismo, pesca, agropecuária e industrial

Principais problemas

• Desmatamento generalizado e em Áreas de Preservação Permanente;

• Poluição dos recursos hídricos devido à disposição inadequada de resíduos sólidos e lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento;

• Deterioração dos recursos hídricos devido à evolução desordenada da ocupação urbana, das atividades industriais e do turismo;

• Conflito entre usuários de água.

Fonte: Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e engenheiro da Companhia Estadual de Saneamento (Cesan) Celso Luiz Caus.

Esgoto no rio Perocão preocupa

A quantidade de esgoto doméstico lançado no rio Perocão tem preocupado ambientalistas e membros da comunidade que vive às margens do manancial.

“Há um valão de 2,4 mil metros de extensão a céu aberto que traz o esgoto das regiões da Praia do Morro e Jabaraí para o rio Perocão. Ele recebe até 20 mil litros de efluentes por hora”, garante o geólogo César Impellizieri Ribeiro, que é membro da Associação de Moradores de Aldeia do Perocão.

E alerta: “É preciso fazer alguma coisa, caso contrário em breve perderemos um importante berçário natural para a desova dos peixes e alimento para aves marinhas e crustáceos.”

Casado com a administradora de empresas Maria Dilma Ribeiro, os dois desenvolvem atividades para resgatar o rio, como a reciclagem do lixo em casa.

O presidente da Associação Representativa da Região Norte de Guarapari (Arreng), Ivo Antônio Sant’ Anna, aponta o problema da pesca predatória.

“Apesar da rede só ser permitida a uma milha (cerca de 1.840m) da costa, pescadores, com redes de até 400m, fecham a boca do rio e capturam os peixes que entram na baía para desovar”, denuncia.

Outras ações

Descida do rio Una

Para conhecer de perto o quadro de degradação e buscar soluções, será realizado, no próximo domingo, uma descida pelo rio Una, que sairá às 9 horas do trevo de Setiba com destino à foz do rio. O percurso é de 2Km.

“No ano de 2005, retiramos mais de 50 pneus em um quilômetro de descida e cerca de uma tonelada de lixo”, lembra o artesão, músico e ambientalista José Salustiano dos Santos, o Salu.

Voar para preservar

Aproximar o turista da natureza para conscientizá-lo da necessidade de preservá-la. Essa é a estratégia adotada por um grupo de aventureiros de Guarapari que vai iniciar a prática do parapente no município.

“Vamos descer de pára-quedas da Pedra da Risca (600m de altitude). A visão é panorâmica do mar e da cidade”, conta o engenheiro agrônomo Antonio Teles Zimerer.

Pedaladas ecológicas

Para alertar a comunidade da importância de preservar os recursos naturais foi realizado, no último dia 26, o I Guarabike, que reuniu cerca de 150 ciclistas. “Percorremos 45 Km da região montanhosa de Guarapari, com passagem pelas localidades de Jabuti, Boa Esperança, Buenos Aires, Cachoeirinha e Iguape. A cidade tem um grande potencial agroturístico não descoberto”, frisa o engenheiro agrônomo Antonio Teles Zimerer.

Caminhada e replantio

Outra importante ação movida pelos defensores do agroturismo foi a IV Caminhada Ecológica pelas Montanhas de Guarapari, que reuniu cerca de 300 pessoas, no último mês de julho, num percurso de 12 Km da BR-101 ao distrito de Iguape.

“Também realizamos o plantio de 300 mudas nativas às margens do rio”, reforça o empresário do ramo de pousadas Gilberto Costa Motta Gilberto.

Esperança para o Rio Una

Um diagnóstico recém elaborado pela Fundação Promar, a pedido da Rodosol, como reversão de uma multa dada pelo Iema, é a esperança de futuro para o rio Una, segundo os representantes da comunidade.

“O Projeto de Desenvolvimento Local Sustentável para a Região da Bacia Hidrográfica do Rio Una é o mais completo diagnóstico e propõe soluções para os problemas sócio-econômicos da região”, explica a coordenadora de Projetos da Fundação Promar, Patrícia de Carli.

O diagnóstico foi apresentado no dia 1º e traz projetos de redução e disposição do lixo doméstico, incentivo ao agronegócio, recuperação da mata ciliar, entre outros.

“Estamos confiantes. Foi feito um sobrevôo na região e, por meio de entrevistas, um levantamento junto às populações ribeirinhas”, conta o presidente da Associação Representativa da Região Norte de Guarapari (Arreng), Ivo Antônio Sant’Anna.

Segundo ele, é preciso construir um píer para conter a areia que chega ao rio, acelerando o processo de assoreamento, e eliminar a emissão de esgoto in natura ao longo do rio.

De acordo com o ambientalista José Salustiano dos Santos, o Salu, há expectativa de plantio de mais de 20 mil mudas nativas nas margens do rio Una. Morador da região há mais de 20 anos, Salu conta que a solução está na implantação de redes de esgoto e monitoramento contínuo.

O comerciante Alexandre Murta deverá presidir uma ONG na região, cuja proposta é propor soluções para os problemas do rio.

A gerente de Educação Ambiental da Prefeitura de Guarapari, Letícia Seco, informa que a Secretaria de Meio Ambiente tem feito palestras para conscientizar a população da importância de conservar os rios.

 

Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rios de Guarapari, Rio Benevente e Rio Novo  09/09/2007
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2016

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Marechal Floriano

Marechal Floriano

A cidade era chamada de Braço Sul, devido ao Braço Sul do Rio Jucu que corta o município. Em 13 de maio de 1900 recebeu o nome de Marechal Floriano, na inauguração da Rede Ferroviária Leopoldina Railway

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