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O Instituto Normal, as primeiras jornalistas espírito-santenses

Foto de 1910 da Escola Normal, atual Colégio Maria Ortiz

O Instituto Normal Colégio Nossa Senhora da Penha gozava de excelente reputação, tanto pelo conjunto de seus professores, quanto pelo conseqüente brilhantismo de suas alunas.

Em 1884, foi transformado em Curso de Preparatórios, para candidatos ao professorado. Constava de língua nacional e francesa, pedagogia, música e tocar piano (facultativa). Simultaneamente, instalou-se o Curso de Normalista. Compreendia: gramática e língua nacional, gramática e versão de qualquer clássico francês, aritmética e geometria, geografia e história do Brasil, pedagogia. Abriram-se as matrículas, a 27 de junho do mesmo ano, e foi seu diretor o Prof. Manuel Ferreira das Neves.

O Colégio Nossa Senhora da Penha contou, em seu corpo docente, nomes de relevo, na sociedade e nas letras vitorienses, daquele tempo: Miguel Teixeira da Silva Sarmento, Dr. Florêncio Gonçalves, Dr. Francisco Poggi de Figueiredo, Dr. João Teixeira Maia, Sra. Louise Chapot Prevost, Dr. Antônio Ataide, Dr. Henrique Alves de Sequeira Lima. Os padres José Gomes de Azambuja Meireles e Francisco Antunes de Sequeira, também, Inácio Tomás Pereira, Prof. Aristides Freire, Dr. Diocleciano de Oliveira e Da. Leopoldina Ribeiro Pinto Espíndula, que prestou concurso e exerceu a cadeira de francês, sendo substituída, posteriormente, pela Sra. Ana Adelaide de Azevedo Pena, que, a 13 de outubro de 1884, prestara juramento, para o exercício da cadeira de língua nacional.

Não foi a senhora Leopoldina Espíndula a precursora das catedráticas, no Espírito Santo, porque a primeira a enfrentar uma banca examinadora, para comprovar sua capacidade, na regência de uma classe, foi a Sra. Louise Chapot Prévost, inscrita, em concurso, em 1878, de acordo com os editais da época.

Madame Chapot Prévost era esposa do cirurgião-dentista L. Chapot Prévost e genitora do ilustre médico Eduardo Chapot Prévost, que impressionou o mundo científico do Brasil inteiro, em 1900, com a operação realizada, nas xifópagas Rosalina e Maria, nascidas no Guandu.

Da. Ana Pena foi educada na Corte. Aos sete anos, já estava interna, conforme o costume referido, em linhas atrás. Estudou nos colégios Hitchiguins e Faulois, onde recebeu educação completa e se familiarizou com os idiomas francês e inglês, sobretudo o primeiro, que dominava perfeitamente. Usava-o, mesmo no trato familiar. Dos seus conhecimentos filológicos, resultou ganhar ascendência, no meio culto daquele tempo, em Vitória. Conta-nos uma de suas ilustres filhas que o Sr. Dr. Muniz Freire a convidava para intérprete, quando recebia, no Palácio, pessoas importantes, que versassem, apenas, a língua inglesa. Casada, aos quinze anos, com o Dr. Misael Ferreira Pena, aos vinte, viu se apunhalada pela viuvez, e com quatro filhos pequeninos. Dotada, porém, de grande fortaleza de alma e de caráter, venceu todas as dificuldades e todos os tabus da época. Firmou, assim, o conceito que lhe mereceu a admiração geral e deu-lhe o prazer de grandes amizades.

Em 1885, Da. Otávia Molulo foi designada para substituir a professora de música do mesmo instituto. Havia concluído o curso, com distinção, sobressaindo-se, principalmente, nos conhecimentos da língua francesa.

Além de Leopoldina Espíndula e Otávia Molulo, o Colégio Nossa Senhora da Penha formou outras professoras eméritas, como a Sra. Candida Marques Pessanha Póvoa, que, desde 1882, exerceu o magistério, após distinguir-se, nos preparatórios de português e francês, perante a Delegacia Especial da Instrução Pública Secundária e Da. Elisa de Araripe Paiva, professora da mesma cadeira mista, desde 1878. Antes, lecionara, em Santa Cruz e no Itapemirim (1871). Interrompeu o magistério, para cursar o Instituto Normal Nossa Senhora da Penha, numa belíssima prova de força de vontade, para aperfeiçoar sua cultura. Segundo Amâncio Pereira. Da. Elisa Paiva traduzia os artigos enviados, de Paris, ao Jornal da Vitória, cujo diretor era o Sr. Delencarlíense de Alencar Araripe, seu digníssimo genitor.

Deu-nos ainda o nomeado instituto de ensino a primeira poetisa espírito-santense, a professora Adelina Tecla Corrêa de Lírio, que, a 29 de janeiro de 1881, firmava sua estréia, no florilégio do Espírito Santo.

Inspirações

Nas tardes da primavera,

Bafejadas pela brisa,

Que triste rola nos bosques,

Saudoso canto desliza;

Que o sabiá, na floresta.

Gorjeia uma canção,

Sinto minha alma enlevada

De suave inspiração.

 

É nestas tardes amenas,

Que, na erma soledade,

Solta a triste juriti

Ternos cantos de saudade;

Que, no prado, as lindas flores

Exalam divino odor,

Que minha lira suspira

Saudosos cantos de amor,

 

É no silêncio da noite,

À luz alva do luar,

Que as flores, a meiga aragem,

Ligeira, vem bafejar,

Quando a onda vagarosa,

Na praia, vai desmaiar,

Que mil conchinhas reluzem,

À luz alva do luar.

(29/01/1881, Adelina Lírio)

Sim, essa poesia assinalou o arrojo de uma jovem, para vencer preconceitos e destruir o velho tema de que a mulher não devia escrever, porque não o podia fazer, com superioridade.

Avaliemos, por isso, as lutas, as noites de vigília, a soma de coragem de uma Violante Atabaliba de Bivar, senhora baiana que, associada à Sra. Joana Paula Manso de Noronha, argentina, a 1° de janeiro de 1852, lançava, na Corte, o Jornal das Senhoras, o primeiro escrito e dirigido por mulheres, no Brasil, mulheres revoltadas contra a situação de inferioridade intelectual, que as oprimia.

Somente anos decorridos, apareceram, no Espírito Santo, artigos escritos, em periódicos, pela jovem Cecília Pitanga (1902), e, no Alcantil, assinados graciosamente por Cadassil, pseudônimo da Sra. Cacilda Werneck Pereira Leite (1904). Sofreram, de certo, o olhar do desprezo e as críticas da inveja daqueles que as julgavam "diferentes das outras", apesar de nossas primeiras jornalistas dispensarem os recursos de George Sand, para expandir os anseios de sua inteligência e firmar um atestado de superioridade.

"Qual... Foi alguém que escreveu para ela...” (Um homem, de certo.), sussurravam os conservadores e as conservadoras, quando se lhes deparava novo artigo das heroínas.

Escrever, porém, era uma coisa; fazer versos, outra mais combatida. Mulher Poeta?! Não, Poesia... era só para os homens. E o preconceito durou anos. As moças deviam contentar-se em decorar versos, para a declamação, nas festas dos colégios, ou das recepções de personalidades importantes, que viessem ao Espírito Santo. Assim, quando, em 1893, a 29 de agosto, o Presidente de Minas Gerais, Conselheiro Afonso Augusto Moreira Pena, em viagem ao Espírito Santo, para promover a união econômica, entre os dois Estados, de acordo com a lei mineira n2 56, de 18 de julho do mesmo ano, desembarcou, em Vila Velha, a fim de visitar o Convento da Penha, recebeu a saudação, em versos, declamados pela graciosa senhorita Arlinda Ouitiba, hoje, digníssima viúva do Dr. Josias Martins Soares.

E o povo preceituava:

Estude a geografia,

Leia alguma boa história,

Mas, não se atire à poesia.

Porque mulher, que se faz poeta,

Põe o marido pateta.

 

Fonte: A Mulher na História do Espírito Santo: história e folclore
Autora: Maria Stella de Novaes
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2014

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Aquele morrinho, localizado em área do Exército, que se avista da Terceira Ponte com a Bandeira Nacional no seu cume, é conhecido por Ucharia

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