Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Os Bairros de Vitória - Por Adelpho Monjardim (1949)

Praça 8 e a Alfândega, 1950

Vitória, praticamente, divide-se em dezessete zonas ou bairros, excetuando-se o centro.

Este ocupa, com rigor, posição eqüidistante da Praia Comprida e Santo Antônio, seus bairros extremos. Situa-se entre a Capixaba, a leste, e o Moscoso a oeste. Divide-se em cidade baixa e cidade alta. Na cidade baixa situa-se a praça Oito de Setembro, centro geográfico, econômico e político da capital e ponto de reunião onde se debatem e discutem todos os assuntos. Em artística torre de 18 metros de altura, o relógio público anuncia as horas aos acordes do hino espírito-santense. Dos edifícios importantes que a circundam, notam-se os da Alfândega e do Banco de Crédito Agrícola do Espírito Santo S/A. A face para o mar defronta-se com o Cais do Porto, seus guindastes e os grandes navios atracados.

É ainda no centro que se encontram os principais estabelecimentos de crédito, cinemas, jornais, Câmara Municipal, a Prefeitura e o alto comércio. O Palácio do Governo, a Escola Normal Pedro II, o Congresso, o Fórum, a Catedral e a Biblioteca Pública, situam-se na cidade alta.

O bairro do Moscoso recebeu a denominação do magnífico parque, um dos mais belos do país. É o bairro aristocrático da capital.

O Forte de São João, intermediário entre a Capixaba e Jucutuquara é um bairro pequeno. Por largo tempo foi quase que exclusivamente operário, porém, vem tomando apreciável incremento e já apresenta excelentes construções de moradia e comerciais.

Vila Rubim, antiga Cidade de Palha, era o reduto da pobreza e os casebres enxameavam pelos morros. Hoje é centro de forte e ativo comércio, graças à situação de passagem obrigatória para o continente e vice-versa, pois sobre seus terrenos desemboca a ponte Florentino Avidos. Ao governador Francisco Alberto Rubim, que dirigiu a capitania do Espírito Santo, de 1812 a 1819, deve o seu nome.

A ilha de Santa Maria, fronteira a Jucutuquara, não constitui, propriamente, um bairro. É um aglomerado de casebres, sem ordem, sem alinhamento, sobre o aterro que a liga a Jucutuquara. É, também, o pesadelo da Prefeitura, incapaz para conter a onda dessas construções que brotam como cogumelos. Pelo plano de urbanização será um dos mais belos arrabaldes de Vitória.

Não se sabe por fatalidade geográfica, tem a ilha do príncipe a mesma sina da de Santa Maria. A pobreza apossou-se das terras e mangais para erguer bizarra e pitoresca cidade de querosene e sapê. Como a de Santa Maria, brilhante futuro está reservado. Será o bairro da opulência, onde se erguerão as vivendas dos eleitos da fortuna.

Sobre a ilha do Príncipe repousam as cabeceiras da ponte Florentino Avidos, seções do continente e de Vitória. Sobre seus terrenos passam os trilhos da estrada de Ferro Vitória a Minas, dirigindo-se para o Cais do Porto.

Dentre os mais antigos bairros figura o de Maruípe. O seu desenvolvimento processa-se lentamente, não obstante abrigar o seu esplêndido quartel que o governo do Estado construiu para a Polícia Militar e que é ocupado pelo Grupo de Artilharia Móvel de Costa. As causas são apontadas pela carência de meios de transporte rápido e barato e que seriam sanadas com o prolongamento dos trilhos da Companhia Central Brasileira de Força Elétrica, que hora terminam em Jucutuquara. Entretanto desenvolveu-se, subdividindo-se em outros conhecidos por Muxinga, Mulembá e Gurigica, todos prósperos, bem povoados com predominância das classes menos abastadas.

Maruípe é notável pela excelência do clima e condições de salubridade. Em suas montanhas se acha edificado o Sanatório Getúlio Vargas.

Entre o Santo Antônio e a Vila Rubim, apertado pelos mangues contra a montanha, alastra-se o casario de Caratoíra, em sua totalidade constituído de modestas casas.

O Constantino é uma pequena seção entre Gurigica e Suá. Vem experimentando vigoroso surto de progresso com novas construções e a esplêndida vila edificada pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários.

No extremo oeste da cidade e ponto terminal da linha de bondes, o Santo Antônio se derrama, pletórico, pelas baixadas adjacentes, tabuleiros e montanhas. É dos mais prósperos e populosos bairros, calculando-se a sua população superior a 7.000 almas. Entre outras coisas dignas de nota, obriga o Cemitério Municipal, o amplo e moderno edifício da Obra Social São José, sob a direção dos padres pavonianos, e o Aeroporto.

Para a zona leste, apesar dos seus cabelos brancos, o Suá tem progredido pouco. Explica-se o fenômeno pelo aparecimento do bairro da Praia Comprida.

Em outras épocas, ponto terminal dos carris de tração animal, o Suá foi muito procurado pelos banhistas, que em suas praias buscavam lenitivo para os rigores da canícula. Hoje a sua rival, com melhores praias e admirável traçado urbanístico, de autoria de um dos mestres do urbanismo nacional, Dr. Saturnino de Brito, monopolizou as preferências da população.

Menos importante, em comércio e população, que Jucutuquara e Santo Antônio, é, entretanto, Praia Comprida o bairro líder, refúgio das classes abastadas. É um bairro de ruas amplas, bem traçadas e largura nunca inferior a vinte metros. Dentre as avenidas merece destaque a de Nossa Senhora da Penha, com três e meio quilômetros de extensão por trinta de largura e calçada a paralelepípedos. Nela se acha instalada, um suntuoso edifício, a Obra Social Santa Luzia.

Magnífica praia borda o recôncavo banhado por um mar eternamente calmo, verdadeiro lago com duas enormes ilhas, dos Frades e do Boi, a conter as arremetidas do largo oceano.

A praia é o ponto terminal da linha de bondes para a zona leste e também da de ônibus.

Além dos belos edifícios residenciais merecem registro o da Western Telegraph, do Hospital Infantil e da igreja de Santa Rita de Cássia.

A Bomba, debruçada sobre o canal da Passagem, limite norte da ilha, é bairro em formação. Por estar próximo ao de Praia Comprida será, por contingência, beneficiado com a sua expansão rápida e crescente.

 

Fonte: Vitória Física, (Geografia, História e Geologia), 1995
Autor: Adelpho Monjardim - Prêmio Cidade de Vitória, 1949
1ª Edição: Revista Canaan Editora, 1950
2ª Edição: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Vitória, 1995
Prefeito Municipal de Vitória: Paulo Hartung
Secretário Municipal de Cultura e Turismo: Jorge Alencar
Diretor do Departamento de Cultura: Luiz Cláudio Gobbi
Editor Executivo: Adilson Vilaça
Produtora Executiva: Silvia Helena Selvática
Projeto Gráfico: Ivan Alves
Editoração Eletrônica: Edson Maltez Heringer
Foto e Capa: Léo Bicalho
Revisão: Reinaldo Santos Neves
Chefe da Biblioteca Municipal Aldelpho Poli Monjardim: Ligia Maria Melo Nagato
Bibliotecárias: Elizete Terezinha Caser Rocha e Cybelle Maria Moreira Pinheiro
Compilação: Walter de Aguiar Filho, janeiro, 2014

Bairros e Ruas

Nova Itaparica

Nova Itaparica

Na década de 70, Nova Itaparica, em Vila Velha, fazia parte de uma grande fazenda, conhecida como Baixada Guaranhus. Foram os donos da terra que fizeram os primeiros loteamentos do bairro. A imobiliária Nova Itaparica ficou responsável pela venda dos lotes e também inspirou o nome do bairro.

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Arrabaldes de Vitória - Os 10 mais frequentados por Eurípedes Queiroz do Valle

Primitivamente a expressão significava o habitante desse arrabalde. Passou depois a significar os que nascessem em Vitória. Hoje é dado a todo espírito-santense

Ver Artigo
Centro de Vitória

Palco de batalhas ferrenhas contra corsários invasores, espaço para peladas de futebol da garotada, de footings de sábados e domingos, praças, ladeiras e ruas antigas curtas e apertadas, espremidas contra os morros — assim é o Centro de Vitória

Ver Artigo
Cercadinho – Por Edward Athayde D’Alcântara

Ao arredor, encosta do Morro Jaburuna (morro da caixa d’água), ficava o Cercadinho

Ver Artigo
Avenida Jerônimo Monteiro (ex-rua da Alfândega)

Atualmente, é a principal artéria central de Vitória. Chamou-se, antes, Rua da Alfândega, sendo que, em 1872, passou a denominar-se Rua Conde D'Eu

Ver Artigo
Poema-passeio com Elmo Elton - Por Adilson Vilaça

“Logradouros antigos de Vitória” sempre me impressionou. Mais de década depois, eu faria a segunda edição desta obra pela Coleção José Costa, dedicada à memória e história da cidade, e que foi por mim criada na década de 90

Ver Artigo