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Presença do Boi Marinho na Baía de Vitória

Peixe Boi

1) INFORMAÇÕES, FRAGMENTOS HISTÓRICOS E SERMÕES DE JOSÉ DE ANCHIETA. COLEÇÃO RECONQUISTA DO BRASIL – 2ª SÉRIE – EDITORA ITATIAIA/EDUSP. (Pág.117/118)

Há um certo peixe, a que chamamos boi marinho, os Índios o denominam iguaraguâ, freqüente na capitania do Espírito Santo e em outras localidades para o Norte, onde o frio não é tão rigoroso, ou é algum tanto diminuto e menos que entre nós; é este peixe de um tamanho imenso; alimenta-se de ervas como indicam as gramas mastigadas presas nas rochas banhadas por mangues. Excede ao boi na corpulência; é coberto de uma pele dura, assemelhando-se na cor á do elefante; tem junto aos peitos uns como dois braços, com que nada, e embaixo deles tetas com que aleita os próprios filhos; tem a boca inteiramente semelhante á do boi. É excelente para comer-se, não saberias porém discernir se deve ser considerado como carne ou antes como peixe: da sua gordura, que está inerente á pele e mormente em torno da cauda, levada ao fogo faz-se um molho, que pode bem comparar-se á manteiga, e não sei se a excederá; o seu óleo serve para temperar todas as comidas: todo o seu corpo é cheio de ossos sólidos e duríssimos, tais que podem fazer as vezes de marfim.

 

2) TRATADO DA TERRA DO BRASIL - 1570 E HISTÓRIA DA PROVÍNCIA DE SANTA CRUZ – 1576. EDITORA ITATIAIA/EDUSP – PERO DE MAGALHÃES GANDAVO

Capítulo sétimo - da capitania do spirito santo (pág. 38)

A Capitania do Espírito Santo... Tem hum rio mui grande onde os navios entrão, no qual se achão mais peixes bois que noutro nenhum rio desta Costa. No mar...

Capítulo oitavo - de alguns peixes noataveis baleas e ambar que há nestas partes (pág.115)

E deixando á parte a muita variedade daquelles peixes que commumente nam differem na semelhança dos de cá, tratarei logo em especial de hum certo gênero delles que há nestas partes, a qué chamam peixes bois, os quaes sam tam grandes que os maiores pesam quarenta, cinquoenta arrobas. Têm o focinho como o de boi e dous cotos com que nadam á maneira de braços. As fêmeas têm duas tetas, com o leite das quaes se criam os filhos. O rabo he largo, rombo, e nam muito comprido: nam têm feição alguma de nenhum peixe, somente na pelle quer se parecer com toninha. Estes peixes pela maior parte se acham em alguns rios, ou bahias desta costa, principalmente onde há algum ribeiro, ou regato se mete na água salgada sam mais certos: porque botam o focinho fora e pascem as hervas que se criam em semelhantes partes, e também comem as folhas de humas arvores a que chamam Mangues, de que há grande quantidade ao longo dos mesmos rios. Os moradores da terra os matam com arpões, e também em pesqueiras costumam tomar alguns porque vem com a enchente da maré aos taes logares, e com a vazante se tornam a ir para o mar donde vieram. Este peixe he muito gostoso em grande maneira, e totalmente parece carne, assi na semelhança, como no sabor, e assado nam tem nenhuma differença de lombo de porco. Também se coze com couves e guiza-se como carne, e assi nam há pessoa que o coma que o julgue por peixe, salvo se o conhecer primeiro.

 

3) Tratado Descritivo do Brasil – 1587. COLEÇÃO BRASILIANA VOLUME 117 – GABRIEL SOARES DE SOUSA

Capítulo CXXIX que trata da propriedade do peixe boi (pág.279)

Guaraguá é o peixe que os portugueses chamam boi, que anda na água salgada e nos rios juntos da água doce, de que eles bebem; e comem de uma erva miúda como milhã que se dá só longo da água; o qual peixe tem o corpo do tamanho como um novilho de dois anos, e tem dois cotos como braços, e neles umas mãos sem dedos; não tem pés, mas tem o rabo à feição de peixe, e à cabeça e focinho como boi; tem o corpo muito maciço, e duas goelas, e uma só tripa; o qual tem os fígados e bofes e a mais forçura como boi, e tudo muito bom; não tem escama, mas pele parda e grossa. A estes peixes se mata com arpões muito grandes, atados a grandes arpoeiras mui fortes, e no cabo delas atado um barril ou outra bóia, porque lhe largam com o arpão a arpoeira, e o arpoador vai numa jangada seguindo o rasto do barril ou bóia, que o peixe leva atrás de si com muita fúria, até que o peixe se vaza todo de sangue, e se vem acima da água morto; o qual levam atado à terra ou ao barco, onde o esfolam como novilho, cuja carne muito gorda é saborosa; e tem o rabo como toucinho sem ter nele nenhuma carne magra, o qual derretem como banha de porco, e se desfaz todo em manteiga, que serve para tudo o para que presta a de porco, e tem muito melhor sabor; a carne deste peixe em fresco cozida com couves sabe a carne de vaca, e salpresa melhor, e adubada parece e tem o sabor de carne de porco; e feita em tassalhos posta de fumo faz-se muito vermelha, parece e tem o sabor, cozida, de carne de porco muito boa; a qual se faz muito vermelha e é feita toda em fêveras com sua gordura misturada; e em fresca e salpresa, e de vinha dalhos, assada parece lombo de porco, e faz-lhe vantagem no sabor; as mãos cozidas deste peixe são como as de porco, mas têm mais que comer;o qual tem dentes com,o boi, e na cabeça entre os miolos tem uma pedra tamanha como um ovo de pata, feita em três pe;cãs, a qual é muito alva e dura como marfim, e tem grandes virtudes contra a dor de pedra; as fêmeas parem uma só criança, e têm o seu sexo como outra alimária; e os machos têm os testículos e vergalho como boi; na pele não têm cabelo nem escama.

 

Nota: Boi marinho ou peixe boi, sirenio da família dos triquequideos
Obs.: Segundo Olivério Mário, a espécie referida por Anchieta é indubitavelmente Trichechus manatus Lin.,1758
Pesquisado: Edward Athayde d’Alcantara - Vila Velha, 17 de junho de 2000


Ecologia

Vegetação do Morro do Moreno

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Transcrito do Estudo da Vegetação do Morro do Moreno realizado pelo Biólogo Joelson M. Simões e a Engenheira Agrônoma Maura Helena Pizzáia

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