Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Rua do Sacramento

Planta da Prainha, com a rua do Sacramento. De Antonio Athayde, 1894, reprodução: Jair Santos

Contando-se a história de logradouros antigos de Vila Velha, conta-se a história do respectivo bairro, e assim por diante até chegar-se à história do Município a partir de seus moradores.

Consultando ensaio de Roberto Zata sobre “Vila Velha Meu Quintal – a rua do Sacramento” temos a esclarecer:

Em 1894 o ENGº Antônio Francisco Athaíde fez uma planta cadastral das ruas da Praínha onde mostra a rua do Sacramento.

Era tortuosa, estreita com seis metros de largura, incluindo espaço para as calçadas (que inexistiam) e de 130 metros de extensão.

Começava transversal ao que é hoje a av. Beira Mar na Praínha, nos fundos da casa de Bereco, e sua continuidade chamava-se rua Municipal e chegava na rua 23 de maio.

Antônio Athayde quando foi prefeito de Vila Velha já no segundo decênio do século XX rasgou em linha reta a rua que tem seu nome e com desapropriações e demolições deu novo traçado urbano na Praínha, diminuindo algumas tortuosidades e daí foi extinta a rua do Sacramento. Quintais viraram frente de lotes e a rua do Sacramento foi virando quintais. Do antigo trecho da rua “Municipal” sobrou o que hoje é o Beco do Ataíde com algumas casas e perpendicular à rua Vasco Coutinho.

Quando lembra de sua rua do Sacramento, Zata chega a parafrasear o poeta ao citar:

“Ai que saudades que eu tenh
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais”

Zata prossegue: “Falar da minha rua é lembrar da minha infância, dos bons momentos vividos. É lembrar de uma Vila Velha que só existe na memória, já que hoje, o crescimento interno de nossa querida cidade faz com que ela se transforme dioturnamente, modificando as suas características físicas, fazendo surgir novas ruas e desaparecer as antigas. Foi isso que aconteceu com a rua do Sacramento, local onde eu nasci e vivi até ela desaparecer, transformando-se em toda a extensão em quintais das casas que dela faziam parte”.

E ainda prossegue: “Minha rua começava na saudosa Praínha, onde tantos e deliciosos banhos eu tomei, e terminava na rua 23 de maio.

Entrando-se nela pela Praínha, à esquerda, havia as casas de Dona Bibiana, do Manoel Luis, do Senhor Anísio (minha casa) e do seu Dedé. À direita havia o quintal do Capitão Camargo, que ia até a rua Pedro Palácios, mas no seu começo havia a pensão da Dona Minalda, que tinha uma filha chamada Corina com quem eu implicava, fazendo-a chorar só ao cantar essa musiquinha:

“Adeus Corina!
Que vou embora,
Levo pena, deixo pena
Nas asas da siricória”.

Após a rua Pedro Palácios vinham as casas de Dona Clara, mais outra de quem não me recordo agora, e a casa de Dona Lindinha Batalha. Esta eu me lembro bem, pois ela freqüentava a nossa casa e contava-nos uma estória chamada “A Tragédia de Emília”, da qual destacamos os seguintes versos:

“Perdão Emília
Se manchei teu nome,
Fui impuro, fui cruel, covarde.
Perdão, Emília se manchei teus lábios 
Perdão, Emília para um desgraçado...”

Antes de terminar ao lado da casa do Sr. Silvino Valadares, a rua do Sacramento “passava” pela casa de “seu” Ramos, do Chico Leão e outras mais.

Doces lembranças vêm à minha memória quando penso na rua do Sacramento, pois lá nasci, cresci e fiz meus mais chegados amigos: o Didico, a Ormi, a Orli, a Odete e a Oceni. Pena que nunca mais eu os vi!”

Fonte: Adaptação de Roberto Brochado Abreu. Membro da Casa da Memória de Vila Velha.

 
LINKS RELACIONADOS:

  >> Casa da Memória 

Editor Roberto Abreu

 Ilha Maria Catoré

Ilha Maria Catoré

É uma ilha que fica em frente da EAMES – Escola de Aprendizes de Marinheiros do ES, na Prainha, desprovida de vegetação...

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

A origem do calendário da Festa da Penha - Por Roberto Abreu

Como o calendário da Igreja obedece o ciclo lunar, o calendário civil vinha dando uma discrepância na marcação das datas das festas de suma importância, como por exemplo:a Festa da Páscoa

Ver Artigo
Cemitérios de Vila Velha

O dia de finados sucede a festa católica de Todos os Santos (1º de novembro que já foi feriado federal). Na maioria das culturas, o cemitério tem um aspecto simbólico enorme, funcionando como um dormitório onde espera-se a ressurreição... 

Ver Artigo
Pá - Bubu

Atualmente já existe  falta de água doce motivada pela mudança climática. Por isso, há de se resgatar as fontes que tínhamos, ou melhor, ainda possuímos, mas devemos revigorá-las

Ver Artigo
Mercado Municipal de Vila Velha

Inaugurado na gestão do Interventor Municipal, Macieira em1948 com uma planta idêntica ao Mercado São Sebastião em Jucutuquara

Ver Artigo
Apelidos em Vila Velha

Os canela verde não eram fáceis, impiedosos e colocavam facilmente apelidos

Ver Artigo