Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

UFES - Por Matusalém Dias de Moura

Dirceu Cardoso - Senador

É tempo de férias no trabalho e, por consequência, de descanso do corpo e do espírito. Depois de uma noite bem dormida, abro a janela e o dia, recém-nascido, com ares de alegria e festa, convida-me a sair por aí, descontraidamente, contemplando o mundo e a vida em suas múltiplas manifestações. Aceito, de imediato, o convite.

Visto uma bermuda velha e uma camisa rota, calço um par de tênis também surrado, coloco um boné na cabeça e saio sem rumo e sem destino previamente definidos. Entretanto, logo ao ganhar a rua, vem-me uma teimosa ideia de ir passear pelo Campus da UFES e, lá, contemplar seus bichos, seus verdes e seus pássaros; ouvir suas vozes e silêncios. É o que faço. Obedeço à sugestão da mente e vou. Atravesso a Avenida Fernando Ferrari – instante em que me recordo do grande trabalhista brasileiro, tão jovem desaparecido -, entro no campus, estaciono o carro à sombra que circunda nossa universidade federal.

O sol já começa a se levantar no céu. Um vento brando e fresco balança os galhos das árvores como a acariciá-las e a cortejá-las, cobrindo-as de afagos. Os pássaros cantam, assanhados, por todos os lados. Os mais entusiasmados – parece-me – são os bem-te-vis. Pelo menos são os que fazem mais alarido. Ando um pouco e paro para retomar o fôlego. Em seguida, volto a caminhar. E, assim, andando e parando de vez em quando, vou prestando atenção em tudo ao meu entorno: olhando, admirando e refletindo...

De repente, não mais que de repente, como versejou Vinicius, percebo que os primeiros alunos começam a chegar para suas aulas. O lugar que ainda há pouco era solidão e silêncio agora já não é mais; vozes, gritos, gargalhadas, ruídos de motores e buzinas ecoam por todos os lados. Uma aura de alegria, sonhos e esperanças desce e se espalha por todo o campus. É a juventude espírito-santense no caminho do conhecimento, em busca de um futuro que proporcione a ela dias de realizações profissionais e de felicidades pessoais.

Nesse instante, desvio meu pensamento e ponho-me a pensar na imensa importância que nossa única Universidade Federal tem no aprimoramento intelectual e na preparação profissional dos jovens capixabas para o mercado de trabalho e para os naturais enfrentamentos das dificuldades da vida. Reflito, também, sobre a rica produção cultural, científica e tecnológica que ganha vida entre essas paredes em benefício não só desses nossos jovens, mas de toda a população daqui, do Brasil e de longe, no mundo.

Nessas meditações, ao frescor da sombra de uma árvore, meu pensamento, levado pelas asas da gratidão, vai distante no passado à procura daqueles que sonharam, idealizaram, trabalharam e fizeram, um dia, num tempo longínquo no pretérito, esta universidade acontecer. Muitos foram eles. De alguns, me lembro. Outros conheci pessoalmente. Mas muitos permanecem anônimos e esquecidos. São incontáveis essas e esses abnegados benfeitores do Espírito Santo que me é impossível citá-los, todos, aqui no espaço curto desta crônica.

Contudo, em homenagem e gratidão a todos eles e a todas elas, escolho um apenas, representando os demais, para, em voz altissonante, declarar seu nome e, também, agradecer-lhe muito particularmente. O velho educador e respeitadíssimo homem público: deputado e senador Dirceu Cardoso. Para homenageá-lo particularmente, vou, na memória, até aquele recuado 30 de janeiro de 1961, dia em que ele, deputado federal, empurrou a porta do presidente da república, Juscelino Kubitschek e fê-lo assinar o Ato Administrativo que federalizou nossa UFES, conforme ele próprio gostava de nos contar.

Obrigado, Dr. Dirceu! Salve a UFES!

 

Fonte: UFES: 65 anos – Escritos de Vitória, 33 – Secretaria de Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), 2019
Conselho Editorial: Adilson Vilaça, Ester Abreu Vieira de Oliveira, Francisco Aurélio Ribeiro, Elizete Terezinha Caser Rocha, Getúlio Marcos Pereira Neves
Organização e Revisão: Francisco Aurélio Ribeiro
Capa e Editoração: Douglas Ramalho
Impressão: Gráfica e Editora Formar
Foto Capa: David Protti
Foto contracapa: Acervo UFES
Imagens: Arquivos pessoais
Autor: Matusalém Dias de Moura - Procurador da ALES. Escritor
Compilação: Walter de Aguiar Filho, janeiro/2020

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Ano Novo - Ano Velho - Por Nelson Abel de Almeida

O ano que passou, o ano que está chegando ao seu fim já não desperta mais interesse; ele é água passada e água passada não toca moinho, lá diz o ditado

Ver Artigo
Ano Novo - Por Eugênio Sette

Papai Noel só me trouxe avisos bancários anunciando próximos vencimentos e o meu Dever está maior do que o meu Haver

Ver Artigo
Cronistas - Os 10 mais antigos de ES

4) Areobaldo Lelis Horta. Médico, jornalista e historiador. Escreveu: “Vitória de meu tempo” (Crônicas históricas). 1951

Ver Artigo
Cariocas X Capixabas - Por Sérgio Figueira Sarkis

Estava programado um jogo de futebol, no campo do Fluminense, entre as seleções dos Cariocas e a dos Capixabas

Ver Artigo
Vitória Cidade Presépio – Por Ester Abreu

Logo, nele pode existir povo, cidade e tudo o que haja mister para a realização do sonho do artista

Ver Artigo