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Um cordão de ouro - Por TANECO

Vila Rubim

Eis mais uma história de nossa infância. Iguais a esta temos inúmeras, porém, nem a todas podemos dar publicidade, em face da incompreensão em que vivemos e na qual o homem deixa de ser irmão, renegando a beleza do amor e da fraternidade, numa flagrante desvalorização de si próprio, tornando a vida menos humana, em desrespeito para com o nosso Deus.

No entanto, esta história que hoje levamos aos leitores, relembrando o passado, é oportuna porque está relacionada com o problema do menor abandonado, tendo em vista que dia a dia, piora a situação, a despeito de numerosas e até famosas entidades por aí espalhadas com os rótulos de protetores de menores; infelizmente, diante da proliferação, os menores servem maravilhosamente aos interesses de certos homens que neles (menores) encontram alimento para sua subsistência…

Humilde filho de família pobre, José sempre foi um menino tímido, igual a muitos outros garotos que nascem e morrem por falta de recursos, sem carinho nem amor, não podendo realizar seus sonhos de criança.

José, todavia, pôde vencer, com esforço próprio, recebendo e acatando aos conselhos de seus velhos mestres, dos quais poderíamos citar um grande número, não o fazendo, entretanto, em respeito a muitos que alguma coisa podiam ter feito, mas nada fizeram pelo garoto pobre da Rua São João.

As primeiras letras foram-lhe ministradas ali mesmo, na Cidade de Palha (hoje Vila Rubim), onde nascera, pelo velho Manhães que, bondosamente, sem remuneração, acolhia os mais necessitados, entre estes, José, filho de Dona Estrela, a lavadeira dos mais afortunados.

Pouco tempo ficou José aos cuidados do velho Manhães.

Como todo menino, José alimentava seu sonho, despertado que foi, quando passou a freqüentar o Externato São José, ao lado do Colégio do Carmo, para onde o levara uma de suas tias, Professora, ali tendo de acompanhar os colegas de escola e freqüentar o catecismo.

De uma feita, fora-lhe entregue, por uma das irmãs de caridade, um santinho (medalha) para trazer ao pescoço, dependurado por um fio de barbante (à falta de coisa melhor, em face de sua pobreza).

Depois, de rapaz, procura José realizar seu sonho de infância: adquirir um cordão de ouro, para substituir o de algodão ou coisa que o valha, tão seu familiar, entretanto, vê que é impossível tê-lo ao pescoço, diante da agonia que causa a seu espírito o uso de semelhante ornamento.

“Hoje que poderia usá-lo, diz José, constrange-se fazê-lo, porém o conservo, até agora, numa caixinha… recordação de um passado”.

Quantos, por aí, em idênticas condições, perambulam pelas ruas, deixados, como fora José, sem amor e sem carinhos, entregues ao Deus-dará, necessitados de orientação e amparo moral, para serem os homens de amanhã.

 

Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. N 40, ano 1990
Autor: José Higyno de Oliveira (TANECO)
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2013
 


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