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Vida Escolar – Grupo Escolar Vasco Fernandes Coutinho (2ª Parte - final)

Em 1931, surge o Grupo Escolar “Vasco Coutinho”, pelo Decreto n° 1.720 de 23 de outubro

Antes dos grupos escolares funcionavam as escolas e escolas isoladas mistas. Estas últimas, com apenas uma professora e alunos de ambos os sexos, simultaneamente lecionavam para alunos do primeiro ao quarto ano primário. Mesmo depois da implantação dos grupos escolares essas escolas continuariam atuando no interior do Estado em distritos e vilas, bem como na periferia urbana das cidades. Por sua natureza eclética e também por abrigar em sua maioria alunos cujos pais tinham baixo poder aquisitivo, não se exigia o uso de uniformes. Os alunos compareciam com suas roupas modestas, calçando sapatos ou tamancos ou mesmo descalços.

O Grupo escolar Vasco Coutinho foi o primeiro inaugurado no Município. Depois dele vieram outros, como Ofélia Escobar, em Aribiri, o Graciano Neves, em Paul, entre outros. Alunos de grupos escolares ou escolas terminavam o primário no quarto ano. O quinto chamava-se curso de admissão ao ginásio e era um minivestibular que representava um grande obstáculo para os estudantes locais que desejavam prosseguir nos estudos, já que Vila Velha não oferecia esse curso. Quem dispunha de recursos ia para Vitória depois de concluir o curso primário.

Os pais que tinham melhores condições financeiras matriculavam seus filhos num dos cursos de admissão, público ou particular, existentes na capital. O curso público existente na época era o do Ginásio Espírito Santo, enquanto os Ginásios Americano e São Vicente de Paula o ofereciam como particulares. Mesmo quem estava matriculado no curso público arcava com grandes despesas, pois, além do material necessário – como livros didáticos e uniformes mais caros -, tinha também as passagens do bonde e da barca ou do bote para a travessia da baía. Por causa disso muitos alunos estudiosos e preparados não conseguiam prosseguir nos estudos.

Além das dificuldades de natureza econômica existiam outras com as quais os estudantes do curso de admissão ao ginásio se defrontavam: o bom desempenho em matérias como matemática, português, geografia, história, educação moral e cívica, canto e educação física não era passaporte suficiente para o ingresso no primeiro ano ginasial. Não. Eles teriam que se submeter no final do ano à prova escrita e oral de todas as matérias, e as de matemática e português eram eliminatórias. Quem não alcançasse em qualquer das duas a nota mínima cinqüenta ficava reprovado. As de geografia e história do Brasil tinham menor peso e vinham em seguida para quem havia passado no primeiro teste e não impediam que se chegasse às provas orais. A somatória das matérias de per si e com os respectivos pesos deveria atingir a média geral mínima de cinqüenta pontos. Metade dos estudantes ou mais não alcançava essa média e, uma vez reprovados, muitos abandonavam os estudos. Os mais persistentes repetiam o curso para alcançar o ginásio no ano seguinte.

Ao sacrifício da locomoção de bonde, de barca ou de bote de Vila Velha à Capital juntava-se o uso de uniforme, que era de caráter obrigatório. Adaptar-se a ele era um verdadeiro suplício. Mesmo sob medida, feito por alfaiates ou costureiras – nem sempre afeitos ao corte -, o estudante sentia-se como numa camisa de força, quando arrochado, ou metido numa roupa de palhaço, quando folgado, o que pelo menos lhe deixava os movimentos livres. No entanto havia também aqueles que conseguiam um uniforme bem talhado feito por profissionais competentes. De qualquer modo, o uniforme escolar representava um incômodo.

O uniforme do Ginásio do Espírito Santo, assim como o dos outros colégios, não fugia muito ao padrão: compreendia a calça comprida e a túnica cáqui, camisa azul, gravata preta, quepe e botinas conhecidas como riúnas. Sobre a túnica usava-se um cinturão preto e largo. Em tempos mais antigos, além do cinturão usava-se ainda um talabar, peça de couro que, saindo na parte da frente do referido cinturão, prendia-se ao mesmo depois de passar sobre o ombro direito até alcançá-lo, do outro lado, pela costas. Ainda que com todos esses inconvenientes, o estudante jamais poderia andar pelo estabelecimento de ensino ou pela rua com suas peças fora do lugar. Quando visto por uma autoridade escolar com o uniforme em desalinho era obrigado a recompor-se sob ameaça de suspensão em caso de reincidência.

 

Livro: Ecos de Vila Velha, 2001
Autor: José Anchieta de Setúbal
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2011



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Vasco Fernandes Coutinho

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