Primeiros carnavais de Vila Velha
Autor: Maria da Glória de Freitas Duarte
Livro: Vila Velha de Outrora - Vitória - 1990
Os
primeiros bailes carnavalescos, já no início
do século XX, eram realizados na varanda da residência
do Dr. Ferreira Coelho. Nesta ocasião fundaram o Grêmio
Thalia, porque o Clube Celestial, já existente, funcionava
só para teatros, sua sede era na residência do
Sr. Pacheco.
O
Clube Thalia foi fundado por Anselmo Cruz, Domingos Carneiro,
Dr. Ferreira Coelho, Antônio e Agenor Araújo,
Manoel Duarte de Freitas e outros.
Mais
tarde surgiram outros clubes, como o Clube dos Democráticos,
cujos fundadores foram: Miguel
Aguiar, Alvino Simões, Joaquim Junqueira, Adolfo
e Clementino Barcelos, Francisco e
Manoel Leão.
Este
clube tinha seu bloco, "Os Bentevis", sua marcha
oficial, da qual registramos alguns versos:
"Bentevi,
as suas cores preto e amarelo,
tão cheias de vigor,
são as cores que encantam,
a melodia do amor."
Na
década de 20 os bailes de Carnaval nos Democráticos
eram animados pela banda de música do 3º B.C.
Ótimas festas foram ali realizadas, sendo a mais importante
o Baile Róseo, no qual todas as moças se apresentaram
vestidas de rosa e os rapazes de terno branco. Esta festa
contou com a presença do Dr. Aristeu Borges de Aguiar,
então Presidente do Estado. As domingueiras eram animadíssimas.
Além
dos Democráticos, possuía Vila Velha outros
clubes como: União das Flores (seu fundador, Pedro
Silva, era um autêntico carnavalesco), Vai Quebrar,
Oriente, Recreio das Flores, o Bloco Cartolas e Cartolinhas
que só dava bailes no Carnaval.
Em
1933 foi fundado o clube dos Fenianos. Nessa ocasião,
a sociedade de Vila Velha não contava com nenhum clube.
Os idealizadores e fundadores do Fenianos foram: Saturnino
Mauro, Clementino Barcelos, Duarte Carino de Freitas, Ernani
Silva, João Pinto da Vitória e outros. Este
clube tinha dois animadíssimos blocos: Deixa Falar
e Falar é Fôlego, cujos nomes já foram
escolhidos com o propósito de criticar o seu rival
- o segundo clube dos Democráticos.
O
segundo clube dos Democráticos, fundado por Diociécio
G. Lima, Edgard Souza, Jair Amorim, Anésio Alvarenga
e outros associados dos Fenianos que se desagregaram, tinha
também o seu bloco - o Renegados, que era muito animado.
Mais
tarde surgiu o segundo Clube Celestial com seu bloco do mesmo
nome, cujos componentes vibravam ao cantarem sua marcha oficial,
cujo estribilho era:
"É
hoje a nossa alegria,
desceu à terra o Celestial
para dar mais harmonia
a esta festa que é o Carnaval."
O
Clube Celestial resultou da fusão dos Fenianos e Democráticos
numa ocasião em que a sociedade vilavelhense estava
dividida e as famílias já quase não se
uniam mais. As críticas eram recíprocas e a
manutenção dos clubes estava se tornando impossível,
pois a cidade era pequena e não comportava duas agremiações
do mesmo nível social.
Os
blocos, com suas belas fantasias, boa orquestra e bonitas
músicas, muito alegravam não só o Carnaval
da cidade, mas também o da Capital.
A
Bahia nos doou no passado, bons foliões cujos descendentes
integraram a vida social e política da nossa cidade:
Lúcio Bacelar, Saturnino Rangel Mauro, Domício
Mendes e outros. Todos baianos de nascimento, mas verdadeiros
vilavelhenses, mais até do que muitos filhos da terra.
Dentre
os foliões que mais se destacavam, podemos citar além
destes, os senhores: Pedro Silva, Duarte Carino de Freitas,
Miguel Aguiar, Gentil Cruz, Ernani Silva (Paisinho), Romeu
Silva, Demóstenes Nogueira e outros que contavam com
a colaboração indispensável do maior
folião de todos os tempos: CLEMENTINO BARCELOS.
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