O
Convento, no Alto da Penha
Trecho
transcrito do Jornal:
A
Gazeta (A Saga do Espírito Santo - Das Caravelas ao
Séc. XXI)
Em 1558 chegava a Vila Velha uma das figuras mais populares
do início da colonização do Espírito
Santo. O franciscano Pedro Palácios (1500-1570), criador
do Convento da Penha. Há versões contraditórias.
Uns afirmam que esse espanhol descendia de nobres, e outros
que ele era tão pobre a ponto de não poder ter
estudado para ser padre. Por isso, tornou-se missionário.
Seu primeiro ponto no Brasil foi Salvador, onde, a serviço
dos jesuítas, construiu a Igreja de São Francisco,
em 1557. No ano seguinte chegou ao Espírito Santo,
mais especificamente em Vila Velha, carregando um painel de
Nossa Senhora dos Prazeres. Uma versão popular diz
que o quadro indicou o lugar onde o frei Pedro Palácios
deveria construir sua capela. No alto do Morro da Penha.
Capela
Ermitão, frei Palácios foi morar numa pequena
gruta natural ao pé do morro escolhido. Ali construiu
um nicho para o painel de Nossa Senhora, diante do qual o
povo passou a se reunir para rezar e ouvir o primeiro franciscano
que trabalhou por aqui. Em Lendas Capixabas,
da historiadora Maria Stella de Novaes, o painel de Nossa
Senhora desapareceu num dia e o franciscano só o achou
depois de muita procura, no alto do morro, entre duas palmeiras.
O sumiço ocorreu por mais duas vezes, mas sempre era
encontrado no mesmo lugar. O frei reconheceu nisso um sinal
da santa e decidiu construir o seu templo no rochedo.
Dali, em mutirão, o missionário, os índios
e os devotos subiram carregando pedras para construir uma
capela dedicada a São Francisco, no local conhecido
atualmente por Campinho. Mais tarde foi construída
outra capela no alto do rochedo, 140 metros acima do nível
do mar.
Com o tempo, a ermida se ampliou, transformando-se em convento
e santuário. Centro de permanentes peregrinações,
o Convento da Penha é o principal monumento religioso
do estado. A atual edificação do santuário
data de 1644, quando se levantou o corpo da igreja, transformando-se
a capela existente em capela-mor, segundo O Convento
de Nossa Senhora da Penha, dos freis Basílio
Rowern e Alfredo Setaro. O assoalho em estilo mosaico foi
colocado em 1879.
A antiga ladeira que dava acesso ao convento é chamada
de Ladeira das Sete Voltas, ou da Penitência, devido
à sua declividade acentuada e ao calçamento
disforme. As sete voltas insinuam as “sete alegrias
de Nossa Senhora”, devoção pregada pela
Ordem Franciscana.
Está exposta no convento a imagem de Nossa Senhora
da Penha, que chegou em 1570, e o painel de Nossa Senhora
dos Prazeres, que Pedro Palácios trouxe da Espanha.
Essa pintura a óleo, de autor desconhecido, é
possivelmente a mais antiga existente no Brasil. O santuário
também abriga a imagem de São Francisco, esculpido
em madeira, e a pequena ermida do frei Pedro Palácios
ou das “Palmeiras”, localizada na subida do Convento.
Vila Velha ainda mantém a festa anual iniciada pelo
frei Pedro Palácios, oito dias após a Páscoa,
em homenagem à padroeira do Espírito Santo.
Para recordar os primeiros tempos, alguns romeiros mantêm
a tradição de subir o morro a pé, percorrendo
a antiga ladeira da penitência, com sete voltas calçadas
de pedras. Atualmente o caminho normal é uma estrada
pavimentada, com acesso para carros.
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