Ruínas da Igreja Velha de São Mateus
RUÍNAS
DA IGREJA VELHA – Construída em 1596. Ruínas
de um templo construído por índio e escravos.
Para sua construção foram utilizadas pedras
que vinham como lastros nas embarcações e como
aderente dos blocos, uma liga obtida com óleo de baleia
e cal. Diz a lenda que em suas paredes foram escondidos tesouros.
Está localizada na Praça Anchieta, Centro.
Saiba mais sobre a história da cidade de São
Mateus:
A
colonização portuguesa
De acordo com a tradição oral, os primeiros
colonizadores portugueses chegaram a São Mateus no
ano de 1544. O município comemora no 21 de setembro
seu aniversário de colonização.
A pequena povoação do rio Cricaré (Kiri-Kerê,
que quer dizer manso, propenso a dormir) recebeu o nome de
São Mateus por ter sido em um dia 21 de setembro (dia
consagrado ao evangelista Mateus) que o Padre José
de Anchieta visitou essa povoação. É
provável que tenha sido no ano de 1566, quando Anchieta
passou pela capitania do Espírito Santo, visitando
as aldeias. (In: História de São Mateus - Eliezer
Nardoto e Herinéa Lima, pág. 406)
O sistema de capitanias hereditárias vigorava na época
e Vasco Fernandes Coutinho era o donatário da Capitania
do Espírito Santo.
O início da colonização foi caracterizado
por ininterruptos e sangrentos conflitos com os índios
que procuravam defender suas terras.
A batalha do Cricaré
Atravessar o oceano Atlântico para fixar residência
no Brasil, no século XVI, era considerado no mínimo
uma loucura. Enfrentar as doenças tropicais, os animais
selvagens e os índios não era coisa fácil.
Bem por isso que os primeiros portugueses que Vasco Fernandes
Coutinho trouxe para sua capitania do Espírito Santo
vieram dos cárceres de Portugal. Eram ladrões,
salteadores e assassinos que recebiam perdão dos seus
crimes, desde que viessem para ficar no Brasil. Isso era o
que determinava um decreto do Rei Dom João III, em
1534. (In: História de São Mateus - Eliezer
Nardoto e Herinéa Lima, nota nº 2, pág.
27).
Quando aqui chegavam com suas armas de fogo, dominavam os
índios que se defendiam com armas primitivas - arco
e flecha, tacape (lança de madeira) e bordunas (pedaço
de pau tipo cacetete). Os índios eram escravizados
para o trabalho nos engenhos e suas mulheres violentadas.
Os índios começaram a entender que aquele povo
poderoso estava vindo para ficar e trataram de se defender
como podiam, juntando-se até com nações
e tribos adversárias.
Vasco Fernandes Coutinho pediu que o Governador Geral o acudisse,
senão poderia ser devorado pelos índios. Mem
de Sá, recém empossado em Salvador, mandou seu
filho Fernão de Sá com seis caravelas e duzentos
homens para afugentar os índios.
Quando Fernão de Sá chegou em Porto Seguro recebeu
a informação de que existiam muitos índios
na região da aldeia do Cricaré. Por subestimar
a valentia dos índios e por descuido dos soldados,
o filho do governador avançou muito na perseguição
e ficou sem pólvora. Os índios perceberam e
avançaram sobre ele que estava apenas com dez homens.
Ele foi morto juntamente com Manuel Álvares e Diogo
Álvares, ambos filho de Diogo Alvares Correia, o Caramuru
- homem de fogo - e mais 3 soldados.
A batalha aconteceu em vários pontos da margem do rio
Cricaré, inclusive no rio Mariricu (variação
da palavra Marerique, que quer dizer fortaleza de pau-a-pique),
no início do ano de 1558.
Após a morte de Fernão de Sá, juntou-se
um grande número de soldados portugueses que entraram
na região do rio Cricaré matando milhares de
índios. Esses episódios se configuram como a
primeira derrota dos portugueses na costa brasileira e também
como o maior genocídio cometido contra os índios
no Brasil.
Depois da Batalha do Cricaré a povoação
de São Mateus recebeu mais colonos que foram transformando
a povoação numa das maiores produtoras de farinha
de mandioca da costa brasileira. Marinheiros de várias
partes aqui chegavam trocando facões, machados e pólvora
por alimento (principalmente a farinha). Já os mineiros
que viviam nos sertões de São Mateus vinham
trocar pedras preciosas por armas, pólvora, ferramentas
e roupas.
A chegada dos negros
No século XVII o Espírito Santo começava
a dar sinais de prosperidade, chegando a abastecer com farinha
de mandioca outras províncias e o próprio reino.
Na área de São Mateus foi criado um porto para
o escoamento desses produtos agrícolas. E, 1621 chegaram
ao Espírito Santo os primeiros negros, para ajudar
na lavoura.
As terras do Espírito Santo e, particularmente, as
de São Mateus configuram território onde floresceu
o mercado de escravos.
Esta
mão de obra escrava se fazia necessária para
adequar o contingente de mão de obra à produção
agropecuária, sobretudo para a exploração
da cana de açúcar. Tratava-se de um grande negócio,
pois nas propriedades rurais os escravos eram forçados
a trabalhar na lavoura sem nenhuma recompensa. Meramente garantia-se
a sua sobrevivência, até para salvar os correspondentes
investimentos feitos na sua compra.
No início do século XVIII estabeleceu-se, no
povoado de Cricaré, Domingos Antunes, que era o dono
das terras à margem do rio Cricaré. Ele, junto
com Antônio da Rocha Cardoso, promove a ocupação
dessa área, oferecendo garantias e transporte gratuito
para quem ali quisesse se instalar.
O povoado, que se formou na parte alta do rio Cricaré,
prosperava e era cenário de muitos conflitos entre
moradores e mineradores.
O Ouvidor Geral de Porto Seguro Thomé Couceiro de Abreu
ultrapassou os limites do território da Bahia e veio
a São Mateus tomar as providências necessárias
para elevar a povoação a categoria de “Vila
Nova do Rio São Mateus”, em 27 de setembro de
1764.
Uma série de medidas burocráticas foi tomada:
foram nomeados os administradores da povoação
(alcaides, juízes, etc.); também foram nomeados
os encarregados “da agulha” (bússola) e
“da corda” (trena), para definir e medir para
onde a vila deveria se estender. O auto de medição
e demarcação da Vila de São Mateus foi
realizado em 27 de setembro de 1764. Nele foram demarcados
os terrenos da Casa de Câmara e Cadeia e o Pelourinho,
símbolos do poder português, ficando criada a
“Villa Nova do Rio de Sam Matheus”. Foram demarcados,
concomitantemente, 04/quatro léguas em quadra (aproximadamente
24 km x 24 km), com 04 marcos de granito. Um deles, fincado
no porto de São Mateus, é conservado até
hoje como relíquia.
Com estas medidas e outras de ordem administrativa (implantação
da Casa do Conselho -Câmara Municipal), São Mateus
conheceu períodos de grande crescimento econômico,
ultrapassando, inclusive a cidade de Vitória, sede
da Capitania vizinha (São Mateus encontrava-se sob
jurisdição da Capitania de Porto Seguro). Nessa
data, a Vila já contava com a Igreja Matriz, e duas
ruas ladeando a mesma: a rua da Direita (porque ficava à
direita da igreja), e a rua Nova da Aldeia ou Rua de Baixo,
do lado oposto. Delas partiam quatro travessas. Em 1764 habitavam
oficialmente 453 colonos, sem incluir índios nem negros.
Durante 59 anos a vila de São Mateus permaneceu sob
a jurisdição do governo da Bahia, alcançando
grande crescimento.
Por ocasião da Independência do Brasil, a Câmara
de São Mateus só veio apoiar o Imperador Dom
Pedro em janeiro de 1823, depois da chegada de uma tropa para
dar garantias aos cidadãos da vila, adeptos da independência.
Criação do município
Em 03 de abril de 1848, a Villa Nova do Rio São Matheus
foi elevada a cidade, com o nome São Matheus, e criado
o correspondente município. Nessa época, o município
de São Matheus totalizava uma área de 13.588
km2, correspondendo a 1/3 do território do Espírito
Santo. Com o correr dos tempos, particularmente na primeira
metade do século XX, novos municípios foram
criados a partir do desmembramento do município original
.
Fonte:
www.saomateus.es.gov.br/coordenacao/noticias12.htm
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