Morro do Moreno: Desde 1535
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Ano de 1554 e 1555 – Por Basílio Daemon

Vasco Fernandes Coutinho - Primeiro Donatário da Capitania do ES - Acervo Casa da Memória de Vila Velha - IHGVV

1554. Tendo, como vimos, partido para Portugal o donatário Vasco Fernandes Coutinho, deixando em seu lugar, para administrar a capitania, D. Jorge de Menezes, pouco depois de sua partida principiaram os índios a revoltar-se, e durante dois anos tiveram os povoadores de sustentar renhidos combates na vila do Espírito Santo e outros lugares contra os goitacases que tudo ali destruíram, em consequência de quererem expulsar os povoadores e também por se venderem os índios a si mesmos, ou de serem cativados quando prisioneiros. O próprio desgosto que reinava na capitania, por estar entregue ao comando a(57) D. Jorge de Menezes, que para aqui viera como degradado por fatos cometidos quando capitão-mor na Índia, quando havia outros em melhores circunstâncias e precedentes, isto mesmo contribuiu para o afrouxamento na defesa da capitania, dando em resultado ser morto a frechadas em um combate D. Jorge de Menezes, que foi substituído por D. Simão de Castelo Branco que pouco depois teve o mesmo fim.(58) Desgostosos alguns povoadores e por já não poderem resistir ou não quererem expor-se à guerra, deliberaram abandonar os seus lares, uns embrenhando-se nas matas e outros fugindo à perseguição dos indígenas, foram estabelecer-se às margens do rio Cricaré, hoje São Mateus, onde principiaram a fazer plantações, ficando a capitania com parte de seus moradores espalhados pela Serra, Santa Cruz e Nova Almeida, mas resistindo sempre às invasões os moradores da então vila da Vitória.

Idem. Morre neste ano, nesta hoje cidade da Vitória, o irmão José de Paiva, companheiro que fora do padre Afonso Brás, depois do padre Brás Lourenço e que muitos serviços prestara à catequese dos índios, e como mecânico às obras do seminário, capela e convento.

1555. Em fins deste ano, segundo depreendemos dos historiadores e cronistas, chega de volta de Portugal o donatário da capitania do Espírito Santo Vasco Fernandes Coutinho com alguns auxílios e provisões que no reino pôde obter, mas encontrando-a quase abandonada e em grande miséria, sofreu um grande desgosto, porver ainda que mal-avisado andara em entregar a administração da mesma a D. Jorge de Menezes;(59) mas, sem perder as esperanças, embora não fosse talhado para o mando, esforçou-se contudo para reerguê-la chamando e reunindo os colonos que se achavam dispersos. Durante dois anos lutou Vasco Coutinho com grandes dificuldades até que se resolveu a pedir ao governador e capitão-general do Estado do Brasil auxílio e socorro, o que se realizou como mais adiante ver-se-á.

 

Notas

 

57 Sic no original. “Ao comando de” ou “o comando a” seriam opções corretas.

58 Salvador, HB, I, p. 26.

59 Carta de D. Duarte da Costa, 2º governador do Brasil, 20 de maio de 1555

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