Augusto Ruschi
O sol ainda não havia aparecido cobrindo o pico da montanha e projetado sua luz nas várzeas sonolentas, e já o menino curioso se agachava diante da fileira de formigas carregadeiras e tentava entender o sentido organizado do seu trabalho e a sua importância no contexto complexo da Natureza. Aqui um colibri esvoaçava em busca de alimento, ali uma colorida borboleta aterrissava numa planta molhada pelo orvalho, lá adiante o ruído do córrego misturava-se ao pio dos pássaros madrugadores, formando uma fantástica sinfonia natural.
O menino vestindo o camisolão era o fugitivo AUGUSTO RUSCHI, o Gutti, um compenetrado e precoce pesquisador. Ele vasculhava com aguçado interesse a atividade incessante da fauna e da flora em seu redor, esquecido da vida e dos perigos escondidos na mata, buscando respostas para a sua febril curiosidade, mas, também, a solução para conter as pragas que infernavam a vida já bastante difícil dos colonos de Santa Teresa.
Tantas vezes era recuperado sob ameaça dos pais, tantas outras tornava a fugir internando-se na floresta. Ali era o seu mundo, a razão de sua vida, convivendo com seres vivos de cujo paciente trabalho dependia o equilíbrio ecológico responsável pela existência de seres vivos racionais e inteligentes sobre a face da Terra.
Se a defesa natural da vida humana era o equilíbrio mantido por aqueles seres quase invisíveis e pela flora rica e bela, por que os homens teimavam em depredá-la, em destruí-la com suas invasões, derrubadas impiedosas e cruéis e suas queimadas criminosas?
Estas respostas, AUGUSTO RUSCHI, ecologista nato, só iria obter quando já adulto, tornar-se-ia um permanente e furioso defensor da Natureza, conquistando entre os muitos prêmios e medalhas de mérito no Brasil e no Exterior, a má fama de "lunático", "mistificador" e, até, "doido varrido".
A loucura decantada de AUGUSTO RUSCHI fez dele neste planeta semidestruído em que vivemos, depredado pela insanidade mental de tantos inimigos da Natureza, um dos poucos homens sãos e lúcidos que ainda tentam salvar o Mundo agonizante do inevitável debate final.
AUGUSTO RUSCHI, nasceu em Santa Teresa, no dia 12 de dezembro de 1915, filho de José Ruschi (falecido em 1943) e de Maria Roatti Ruschi. O pai, italiano, era Engenheiro formado na Universidade de Pisa e sua mãe, brasileira, dona de casa.
Estudou, AUGUSTO RUSCHI, nos seguintes colégios: Escola Pública de Santa Teresa, em 1922. Colégio halo-Brasileiro, de 1923 a 1928 e Ginásio Espírito-Santense de 1929 a 1934. Depois foi estudar na Escola Superior de Agricultura Veterinária e Química Industrial, de Campos-RJ, após o que ingressou em 1936 na Faculdade de Direito do Espírito Santo, em Vitória, onde permaneceu até 1950. Fez ainda curso de especialização como Botânico, no Museu Nacional da Universidade do Brasil, nos anos de 1939-1943.
Mas como teria sido a vida do menino Gutti em Santa Teresa com seus pais?
O seu relacionamento sempre foi muito bom e afetuoso no seio da família, tendo uma infância sempre voltada para os interesses da educação e instrução. Os contatos de amizade e de amor filial eram sempre caracterizados e recíprocos, com maneiras de viver e particularmente se voltavam para o amor às coisas da natureza. Os passeios pelos jardins e fazendas de propriedade dos seus pais, lhe davam o ensejo de conhecer mais, atentamente os intrincados problemas com a fauna e a flora silvestres. As diversões eram bastante pitorescas; na infância, as charretes puxadas por carneiros e mais tarde os longos passeios e viagens em montarias de cavalos, para mais tarde então nos automóveis e com estes, a chance de conhecer o litoral espírito-santense. E ainda nos anos de 1927-32 estas viagens às praias de Guarapari eram anualmente nas férias, realizadas nos pequenos barcos, que partiam de Vitória e chegavam 6 a 8 horas depois. A infância de Augusto Ruschi, seu relacionamento com os pais, é rica em detalhes que fariam inveja a muitos dos seus contemporâneos.
Com quatro anos de idade, Gutti burlava toda a vigilância e fugia de casa, mesmo se vestindo de camisola, para não fazê-lo, e ia em perseguição aos pássaros pelo pomar e mesmo pela floresta. Aos nove anos já gostava das orquídeas e aos 10 e 14 anos realizava desenhos destas flores. Os cuidados com os pássaros, já no local onde ainda hoje vive e que se constituiu na sede do Museu Mello Leitão.
O município de Santa Teresa podia orgulhar-se de ser um dos mais destacados do Estado, com intensa vida comercial e cultural, além de um bem desenvolvido meio social e esportivo. Companhias de teatro eram trazidas do Rio, famosas poetisas e declamadoras por lá passaram e vários clubes esportivos se apresentavam em disputas de futebol, ciclismo etc., competições que perderam todo o seu encanto com a brutalidade do progresso. Os maiores adversários de Santa Teresa, terra de AUGUSTO RUSCHI, eram Santa Leopoldina e Figueira de Santa Joanna, hoje Itarana e ltaguaçu, e também Afonso Cláudio e Colatina.
A AUGUSTO RUSCHI preocupa bastante o fato de saber que, como o homem passou do arco e flecha, para a espingarda, o fuzil, o canhão e chegou à bomba atômica, para acelerar o progresso de luta para a sua sobrevivência, nesta seleção natural ecológica, em um esforço para a manutenção do equilíbrio biológico. Infelizmente, também nós brasileiros, já nos lançamos de corpo e alma nesta corrida infernal. Este lastro cultural, simbolizado pela bomba atômica, constitui o mais evoluído fator de retroalimentação, para frear a expansão demográfica e o narcisismo da humanidade. Nós, civilizados, não amamos o que é de todos. As palavras de Deus não são seguidas...
Amar a Natureza e preservá-la é amar e preservar-se a si próprio como parte deste imenso e desconhecido universo biológico. Aos 18 anos de idade, já rapazinho, percorrendo todo o território do Estado, AUGUSTO RUSCHI experimentou com que profundeza a intimidade da Natureza lhe penetrava a inteligência. A santidade destes lugares percorridos, onde todas as forças reunidas harmonicamente e uníssonas entoavam hinos triunfais, amadurecendo os sentimentos e as ideias de um jovem idealista, fizeram-no mergulhar quotidianamente na grandiosa e indizível tranquilidade do Mundo Natural e se ainda não podia apanhá-la ou alcançá-la em sua pragmática divina, já o pressentimento de sua magnificência o impregnava de um alvoroço delicioso, nunca antes experimentado. E foi assim que, dialogando com o seu riquíssimo patrimônio natural, foi compreendendo melhor os seus mistérios, em desafio constante ao seu espírito irrequieto e ávido de saber.
Por onde o jovem RUSCHI passava em suas peregrinações ecológicas, aves canoras ou de plumagem multicolori-da, entoavam cânticos melodiosos, que se sucediam com o acompanhamento do barulho das águas cristalinas que rolavam em cascatas vindas de alcantiladas rochas. Este murmúrio lhe trazia perplexo, o envolvia de modo total, extasiado diante deste quadro majestoso, agressivo, de aparência impenetrável, tão vetusta e densa a floresta ali se apresentava.
Dezenas de anos convivendo com aquele ambiente, a cada dia, RUSCHI descobria mais novidades, com novas formas e em muitas vezes não hesitou em dizer que tudo em seu redor era desconhecido e misterioso: árvores, arbustos e ervas; na sua fauna, um mundo de insetos fascinantes, onde as libélulas e as borboletas multicoloridas, tiravam os ares, como pétalas aladas a saudarem as manhãs ensolaradas que, num vaivém faziam avenida, desfilando em cadência, exibindo aos céus a alegria de viver. E o orvalho que antes, como diamantes em gotículas se mostravam no dorso da folhagem, agora escapavam para o frescor atmosférico. E o sol, quando a tarde chegava, se ia pondo no horizonte, enquanto olhando para o vale que se estende serra abaixo, deixando ainda sinais marcantes de cada entardecer, onde os gritos ululantes dos guaribas e o triste piado dos inhambus e jaós, convidavam seus pares a se unirem para as preces à Natureza. E a noite sombria ia surgindo, mostrando o solene espetáculo de tantos astros a pontuar-lhe o firmamento, com o brilho das águas ao reflexo lunar que aos poucos desaparecia com a noite marchando tranquila e fresca, enquanto os bacuraus e as corujas deixavam escapar seus cantos melancólicos. E, diante dos olhos cada vez mais deslumbrados de AUGUSTO RUSCHI, a cada dia do ano, este espetáculo se repetia e, assim, sentia-se alegre e rejuvenescido, em tão emoldurado ambiente, sem dúvida um dos mais belos cenários de uma região tropical. Este era o Espírito Santo de até o ano de 1940; quando as suas praias e restingas ainda eram iguais àquelas que Anchieta e Saint'Hilaire descreveram; completas, com a flora arbórea, arbustiva e herbácea, com toda a sua fauna característica, onde em cada estuário os manguezais se distribuíam em grandes extensões, mostrando em suas copas, centenas de garças e socós, muitas vezes aninhados em colônias. E, como eram ricos de flores, comenta RUSCHI, e frutos silvestres, todos estes ecossistemas. Foi assim que ele viveu grande parte de sua vida, muito alegre e ainda feliz por ter encontrado Governos no Estado, que se convenceram após suas explanações e estudos, da importância da implantação das Reservas Biológicas, no que fomos pioneiros, graças a RUSCHI, no Brasil, para que ficasse perpetuada uma mostragem de nossa flora e fauna, em cada tipo de ecossistema.
Hoje, o cientista, o ecólogo, o amigo da Natureza, AUGUSTO RUSCHI, orgulho de nosso Estado, confessa-se triste, porque o Espírito Santo teve o seu paraíso perdido. Este passado que só é recordado parcialmente, nestes oásis pertencentes, felizmente ao IBDF. Aquela harmonia grandiosa, de poucos anos atrás, onde se somavam tantas forças do Universo, sob a inspiração de sua natureza, simbolizando os destinos morais do nosso povo, enchiam-no de coragem e esperança e mantinham-no em estado de alegria da alma. O presente, só lhe deixou marcas e cicatrizes das lutas constantes travadas para defender este paraíso perdido. Os registros destas lutas o imbatível Gutti vai deixar em 450 trabalhos e obras científicas que publicou, aos jovens de nossa terra, para que sirvam de fonte perene de informações, para que possam, amanhã, restabelecer em parte este mesmo paraíso perdido, porque só assim, poderão as águas ao invés de turvas, barrentas e poluídas, voltar ao leito dos rios, córregos ou riachos mortos, a correr limpas, claras, halinas e povoadas; e se ainda puderem conseguir formar áreas de espécies exóticas, mesmo em parte, então estarão restabelecendo condições para que a vida selvagem volte, com algo da fauna de outrora, contribuindo para o melhoramento do meio-ambiente no Espírito Santo.
AUGUSTO RUSCHI casou-se por amor com dona Maria Claide Campos Ruschi e teve com ela dois filhos:
Augusto Ruschi Filho, com 22 anos e André Ruschi, com 19 anos, ambos Universitários na UFES. Sobre Claide ele diz que encontrou a companheira amiga, confidente, que ama a Natureza, conseguindo assim, juntos, realizar a felicidade do lar.
Com o seu temperamento livre, RUSCHI sempre encarou a vida enfrentando-a sozinho, aos 17 anos, certo do êxito que com naturalidade iria alcançar em seu trabalho. Considera seus amigos todos os que conserva até hoje, desde os humildes da infância, até outros de todos os níveis sociais e culturais. Ele diria que considera seus amigos desde o índio lraquén, lá do Xingu, que o acompanhou com fidelidade inacreditável, até o Dr. Júlio Soares, Raimundo Freitas, Crawford Greenewalt, Fernando E. Lee, apenas para citar alguns.
Ele considera importantes a Humanidade e a Natureza, afirmando convicto que ambas devem ser respeitadas. Seu maior objetivo é continuar a estudar a fauna e a flora do Espírito Santo e do Brasil, e, em particular, os beija-flores, e avaliar o que elas representam para a nossa vida. Por este motivo ele continua um observador permanente da fauna e da flora silvestres em seu habitat.
Em outros aspectos da vida tão rica de detalhes deste homem simples, internacionalmente consagrado como cientista e ecologista de nomeada, citaríamos as lutas passadas para atingir a posição que hoje desfruta, normais para quem teve dificuldades para cursar faculdades; sacrifício porque estudar e trabalhar para sustentar uma tal posição, não foi nem é fácil para quem deseja se especializar, ainda mais quando, não existiam no Brasil faculdades de Ciências, sendo o Museu Nacional e o Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, os institutos de pesquisas científicas, mais indicados. Para ingressar no Museu Nacional, AUGUSTO RUSCHI foi indicado pelo Prof. Cândido Firmino de Mello Leitão, no ano de 1939, e, antes, em 1936, ele trabalhou no Ministério da Agricultura, na Fazenda de produção de sementes, em São João de Petrópolis, hoje Escola Técnica Agrícola.
Suas maiores ambições sempre foram relacionadas com estudos de Botânica, Zoologia, Biologia, Ecologia e Etologia e publicar trabalhos científicos sobre estes ramos da ciência. Ele confessa ter sofrido influência intelectual científica, desde a infância de muitas pessoas: Seu pai, dona Maria Stella de Novaes, Prof. Mello Leitão, Frederico C. Hoehne, A. Curt Brade, Olivério M. de O. Pinto, Alexander Wetmore, Heloísa A. Torres, Conrad Lorenz e outros.
Em viagens científicas ou convidado a fazer conferências no Exterior, AUGUSTO RUSCHI esteve em todos os países da América do Sul, alguns da América Central, nos Estados Unidos, no México e Canadá, em todos os países europeus, exceto os escandinavos, e na Rússia. Também esteve na África em viagem de estudos científicos, durante as quais teve momentos importantes e agradáveis e alguns difíceis.
Dos dias distantes vivos no passado de AUGUSTO RUSCHI aos agitados dias do presente, em que se transformou sem querer na mais discutida personalidade do Estado, talvez do País e até do Mundo, por sua obstinada defesa da vida natural e da ecologia, citado em revistas de grande circulação, tendo tido o privilégio de "ser beijado por um beija-flor", resta-lhe a esperança de que os jovens entendam sua mensagem, o seu apelo, em favor da preservação do mundo natural, indispensável à existência de uma civilização inteligente e racional. Nesta mensagem dirigida aos jovens AUGUSTO RUSCHI diz que em nome da natureza que conheceu e amou, trazida do fundo do coração e da alma ferida, é um adeus de toda a fauna e flora silvestres, seguida de uma primavera silenciosa, onde não mais é ouvido um canto de pássaro e nem sentido o perfume de uma flor da mata. Adeus desse conjunto criado por Deus, este imponente e inigualável jardim tropical natural, onde o equilíbrio imperou por milhares de anos, e ainda recentemente a vida ali era intensa e multiforme em cada ambiente visitado, destacando-se as formas bizarras de miríades de insetos ou de anfíbios mergulhados nas crateras das bromélias ou nas cores tão belas das esquisitas flores das orquídeas, passifloras ou heliconias.
Finalmente, AUGUSTO RUSCHI, fundador do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, em 26 de junho de 1959, em Santa Teresa, cenário de toda a sua luta; fundador também de outras instituições como a Sociedade dos Amigos dos Beija-Flores, da qual participou em 21 de setembro de 1963, o Embaixador Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, como alguém que lança aos ventos um gemido melancólico adverte aos que o vão suceder: Deixa lavrado o seu profundo protesto contra os vândalos e bárbaros que devastaram nossa Pátria, utilizando milhares de moto-serras e machados que fizeram tombar grandes árvores, e as chamas se levantaram no inferno das queimadas que as consumiram reduzindo-as a cinza, em nome de um progresso feito às cegas. Jamais se plantou neste país, considerando realmente como seria preciso, o patrimônio natural e o meio-ambiente. Pior ainda que tudo isso é feito com incentivos e financiamentos governamentais. Entretanto, adverte RUSCHI, já se esboçam bem a vingança da floresta morta; onde tombou, explana-se o pré-deserto, mostrando-nos os símbolos frisantes dos seus espectros, como a fome, a sede, as enfermidades, as enchentes e avalanchas com que anualmente estamos sendo brindados. Olhai a clima nordestino que já avança para o nosso Estado ... deixando-nos a marca na carente população rural. Milhares de espécies botânicas foram extintas e mais de trezentas espécies de animais vertebrados também não mais são encontrados em território espírito-santense. Tudo resultante da intervenção indevida ou inadequada, do homem, nas cadeias biogeoquímicas de todos os seus ecossistemas. E, finaliza, o bravo cientista capixaba, em sua condenação afirmando: "Os quase dois por cento de florestas naturais, virgens, restantes, continuam sendo destruídos, para que se plante ao contrário de algo que supra de alimento a população, árvores exóticas, como o eucalipto, onde as multinacionais vêem em cada folha uma nota de dólar a acenar-lhe, como um lenço branco da paz, pelo crime realmente cometido. Mas a terra é finita e o número de seres humanos que ela comportará também é finito. Na natureza tudo e todos são interdependentes; assim, a sobrevivência de todas as espécies, inclusive o homem, só pode ser conseguida através do entendimento desta interdependência. Façais tudo em prol da natureza; conservai o que é de todos".
Fonte: Personalidades do Espírito Santo. Vitória – ES. 1980
Produção: Maria Nilce
Texto: Djalma Juarez Magalhães
Fotos: Antonio Moreira
Capa: Propaganda Objetiva
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2020
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