Colégio Estadual do Espírito Santo dos Bons Tempos

Já se vão quarenta anos de quando deixei, diplominha na mão, o muito querido Colégio Estadual do Espírito Santo, então proporcionando, aos privilegiados estudantes que nele obtinham matrícula, o melhor curso secundário do Estado. Mas continuam presentes na minha memória – como se tratasse de fatos da véspera, - os bons tempos que ali tive. Essa, contudo, não era a minha expectativa, quando, com outros colegas, findo o curso ginasial, saímos do Colégio do Carmo para a nova escola, porque aquele não ministrava instrução em cursos clássico e científico, dedicando-se, apenas, a formar professoras, na esteira da longa tradição. Não acreditávamos em colégios públicos, cuja fama de desorganizados era transmitida de ouvido em ouvido, como se tratasse de verdade axiomática.
Para nosso espanto, o Colégio Estadual não se inseria nesse contexto. Ao contrário, mostrou-se excelente escola, de bons professores, boa dinâmica e eficiente organização, não fosse o seu dirigente máximo o professor Francisco Generoso da Fonseca, educador de linha dura, impaciente e intolerante no relacionamento com estudantes, professores e servidores administrativos relapsos.
Mas não foi só ele o modelo de mestre: Guilherme Santos Neves, papa do vernáculo e do folclore, Luiz Buaiz, brilhante, barulhento e de coração maior do que seu frágil corpo, Renato Pacheco, que nos fez amar a História pela facilidade com que nos transmitia lições sobre os temas mais empolgantes da disciplina, Silvio Crema, Zequinha Valente, tantos outros que expressavam a nata do magistério. E, sem ser ele professor, mas espécie de “fac-totum”, encontrando soluções para todos os percalços, os extraordinário Arabelo do Rosário, capaz de transformar, apenas conversando, com a suavidade que ainda é sua característica, o aluno rixento em padrão de comportamento. O querido Arabelo que, de modesto chefe de disciplina, chegou aos cumes da vida pública no Estado, no Executivo, no Legislativo e em Corte de Contas. Sei que tem esses mesmos sentimentos – misto de carinho e de saudade – as minhas colegas de turma, Maria Oliete Leite, Ana Maria Barcelos, Thais Figueira, Emília Pettinari, Suzana Vilaça, Therezinha Anechini, Malvina Gomes Pimentel, Marcia Abaurre, Sandra Tanure do Valle (a divertida “Dona Propensa”), Sônia Cabral, Mitzi Gianordoli e outras que a pressa desta crônica me fez momentaneamente esquecer. Amigas, cuja solidariedade demonstraram quando tive, arbitrariamente, subtraído meu direito a conduzir, na parada de Sete de Setembro, como aluna de maior média da escola (menos por talento do que por enorme dedicação aos estudos), a bandeira nacional, entregue a estudante de família de diretor, no único episódio, talvez, no meu tempo de Colégio Estadual, que me traz lembrança não amável.
Por: Maria Helena Murad Neffa
Livro: Colégio Estadual – 90 anos educando, 1996
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2012
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