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Comércio Exterior - Por Arthur Gerhardt (Parte V -Final)

Região Sudeste do Brasil

5 – Preocupações e esperanças

 

Comecemos pelas preocupações para depois falarmos de porque temos esperança.

Primeiro, o sistema portuário. No Espírito Santo, a nossa preocupação primeira tem de ser com o sistema portuário.  Necessário é fazer a observação sobre o porto público e os terminais privativos. Estes modernos, eficientes e operando com custos competitivos em comparação com os melhores do mundo, mas hoje voltados quase exclusivamente para algumas cargas específicas para os quais foram projetados. Aqueles, estatais e padecendo de todos os problemas que as atividades estatais enfrentam hoje em nosso país; falta de recursos para investir, falta de continuidade administrativa, influência política na indicação dos dirigentes e muitos outros que emperram a atividade não permitindo que ela seja dinâmica como necessita a economia que dela depende. E o porto público é o único hoje que trabalha com carga geral. Não se diga que a culpa é das pessoas que lá trabalham, profissionais dedicados e competentes. A culpa é do dono, do acionista, de quem dita as políticas e nomeia os dirigentes. Quanto ao problema de nossas ferrovias, ressaltam-se o péssimo traçado e a péssima manutenção da antiga Leopoldina Railway, hoje Rede Ferroviária Federal. Não vemos outra alternativa para solucionar o nosso transporte ferroviário para o Sul do país do que a privatização da Rede e a construção de nova linha, litorânea esta, que contemple nossa economia com uma estrada viável. Já com a estrada da Vale, o problema é outro. Eficiente até Belo Horizonte, entram daí para frente todas as mazelas que afetam a RFFSA. Também acredito que só a privatização em andamento poderá em médio prazo nos dar um sistema ferroviário eficiente que nos leve ao Brasil Central. Outro problema que tem a CVRD é que até um passado muito recente, ela só se preocupava com a eficiência de seu transporte de minério. Não buscava outras cargas, que para isto falta agilidade a uma estatal sempre amarrada a regulamentos emanados deste grande centro de alienação que é Brasília. Privatizada a Vale, os seus excelentes técnicos e seu excepcional corpo gerencial poderá administrá-la com maior eficiência e consequentes resultados para nossa economia. Mais urgente é a privatização da Rede, conosco na torcida de que o consórcio vencedor seja o liderado pela Vale, pois neste caso estarão melhor servidos os interesses da economia capixaba.

Falta falar de nossas preocupações com as rodovias.  Como já disse anteriormente, as rodovias que servem ao Espírito Santo são muito boas quanto à sua origem e destino. No entanto, estão todas necessitando de manutenção e/ ou ampliação. Quero chamar a atenção para um fato importante que nem sempre é devidamente lembrado. Quem alimenta os portos com carga geral são as rodovias. As ferrovias, sem dúvidas importantíssimas, são mais transportadoras de graneis. Portanto, para melhorar a eficiência de nossos portos, necessitamos de ter um sistema rodoviário de melhor qualidade.

Não posso deixar de falar de uma preocupação que hoje está presente em todos os que estudam o desenvolvimento do Estado. Anteriormente, fiz referência à pouca influência política que tem o nosso Estado. No regime político em que vivemos hoje, uma quase-democracia deformada pelo voto proporcional, por uma legislação partidária superada, por uma estrutura política que dificulta a formação de maiorias que possibilitem governabilidade, o peso das bancadas é muito grande. O executivo está a todo momento atendendo a favores políticos para ter maioria no Congresso e assim privilegiando Estados com grandes bancadas, e nós, no Espírito Santo, estamos cercados deles: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia para não falar do vizinho nem tão próximo, mas que esta sempre de olho na gente que é São Paulo. Só para citar um exemplo recente, dêem uma olhada na localização das novas montadoras que se instalam no país. Não há uma em que a localização não tenha sido política e política comandada pelo Presidente da República, na busca de construir maiorias. Apesar de todos os esforços feitos pelo Governo e pelas entidades do Estado, esta distribuição de localizações tem sido madrasta para com o Espírito Santo.

É hora de falarmos de nossas esperanças.  Em primeiro lugar, temos esperanças de que a privatização da operação portuária nos portos públicos irá trazer um aumento de eficiência que irá mudar o atual quadro de nossas expectativas quanto ao futuro do Estado. Nós precisamos de um porto agressivo, que vá a procura de cargas, que ofereça serviços aos clientes em potencial. Esta atitude é a que caracteriza a iniciativa privada. Saber que o seu lucro provém de sua eficiência, de sua agressividade no mercado, de sua competitividade, de saber atender às necessidades de seus atuais clientes e dos clientes em potencial.

A mesma atitude se espera das ferrovias privatizadas. Uma mudança radical na atitude da CVRD, partindo para a busca de cargas, procurando atrair cargas gerais compatíveis com suas características e ajudando o adensamento empresarial das zonas influentes a sua estrada. Para termos esperança não podemos esquecer que, no atual cenário econômico-político brasileiro, estamos fora da área de maior adensamento do desenvolvimento. A diáspora das indústrias da Grande São Paulo está tomando a direção de alguns eixos preferenciais: São Paulo-Rio; São Paulo-Campinas; São Paulo-Belo Horizonte; São Paulo na direção de Bauru e São Paulo em direção ao Sul até Porto Alegre. Estamos fora desta expansão. Mas já estivemos fora antes e soubemos superar. Para tanto devemos manter políticas que se mostrem capazes de atrair investimentos criando condições para que os novos empresários e os aqui localizados possam competir no mercado.

Também as privatizações anunciadas reanimam nossa esperança, na certeza que na mão da iniciativa privada o porto, as estradas de ferro e a Vale terão maior agilidade e idade para procurar negócios, procurar parcerias que irão beneficiar a economia local.

A estratégica localização do Estado na costa brasileira continua a ser o grande atrativo que o Estado pode apresentar. A isto se soma o desejo político de continuar desenvolvendo e gerando emprego, de manter uma política vitoriosa de atração de investimentos e de gerar novos mecanismos capazes de despertar o interesse dos investidores.

Não se deve nem se pode negar a importância que tem neste processo o Governo do Estado e os políticos, mas devemos nos conscientizar que é uma tarefa de todos, muito particularmente dos empresários. Ocasiões como esta que hoje estamos vivendo tem importância grande para que cada vez nos conscientizemos que temos de trabalhar unidos no interesse de todos nós.

 

Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. N 47, ano 1996
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2014 

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