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Corredor de Transportes, impulso para crescer

A ferrovia da Vale e os portos capixabas são a base do Corredor Centro-Leste

Criado oficialmente em outubro do ano passado, o Corredor de Transportes Centro-Leste não é apenas a grande esperança econômica do Governo Albuino de Azeredo. É também motivo de preocupação para todos os que se ocupam do futuro do Espírito Santo e, particularmente, da Grande Vitória, que tende a concentrar naturalmente a maior parte das atividades e dos investimentos ligados ao CTC.

Atualmente, algumas das melhores cabeças do Departamento de Economia da Ufes estão concluindo uma proposta de desenvolvimento regional e descentralização de investimentos no Estado. O trabalho é financiado por vários órgãos da administração estadual. Uma das premissas do estudo é que não se terá êxito num programa de desconcentração econômica no Espírito Santo se não for feito um esforço conjunto para evitar a tendência convergente da economia em torno da capital do Estado. Atualmente, o principal indutor do crescimento econômico no Espírito Santo é o Corredor Centro-Leste.

Por conta da intensificação das exportações no CTC, já se realizam investimentos de 10 milhões de dólares na construção de armazéns no Porto de Tubarão. Cerca de 6 milhões de dólares estão sendo investidos pela Companhia Vale do Rio Doce num armazém e na adaptação do sistema de transportadores de correia, visando abastecer os navios com carga mista (soja e minério de ferro, o qual chegará mais barato ao seu destino). Duas empresas privadas, a catarinense Ceval e a holandesa Rich Co., estão construindo unidades de armazenagem de grãos.

Tubarão prepara-se para deixar de ser um porto de minérios, sua exclusividade por 25 anos. Os organismos de fomento do Governo do Estado estão atuando no sentido de que a Ceval e outras empresas invistam em unidades industriais no Espírito Santo. A industrialização da soja no Espírito Santo, por exemplo, abre diversas perspectivas de expansão econômica. Uma delas é a criação de uma vigorosa agroindústria avícola e suína. Também em Capuaba há possibilidade da construção de armazéns.

O outro grande projeto embutido no desenvolvimento do Corredor Centro-Leste é o de um estaleiro, investimento de 60 milhões de dólares que pode ser feito pela Renave em Tubarão. Um estaleiro para reparos de navios encontra bom potencial de mercado no Espírito Santo, cujos portos recebem mais de 2 mil navios por ano.

De acordo com os estudos da Ufes, em vários outros pontos do Espírito Santo se encontram outros sinais de que a economia capixaba tende a dar um novo salto graças à dinamização do Corredor Centro-Leste. Baseado nos portos capixabas e na Estrada de Ferro Vitória a Minas, o CTC propõe-se a canalizar cargas de Belo Horizonte, Brasília—Goiânia, do Mato Grosso do Sul, de Tocantins e até da Bahia.

Para se colocar como um competidor inconteste diante dos portos de Santos e de Paranaguá, o complexo portuário do Espírito Santo está em vias de passar à administração estadual. A idéia dominante no Governo do Estado é geri-los segundo os modelos dos portos de Amsterdam e Cingapura, considerados os mais eficientes do mundo. Há também a idéia de fazer de Vitória um porto livre.

Renascimento do trem

O sucesso de um empreendimento que depende de uma ferrovia pode provocar o renascimento do trem no Brasil. Os bons resultados do CTC despertam otimismo quanto à possibilidade de construção de novas linhas férreas no território capixaba. A primeira e mais provável é uma estrada que se estenderia pelo Norte do Estado até o Sul da Bahia, servindo especialmente à indústria de celulose instalada na região. A outra seria uma linha ao sul, ligando Vitória a Campos pelo litoral. Seu custo é estimado em 250 milhões de dólares. Poderia transportar granito, açúcar, gasolina, álcool, aço, escória, calcário, carvão e cimento.

Mão dupla

Lançado em 1972, quando se imaginava que toda a produção agrícola do interior do Centro-Sul deveria escoar naturalmente por grandes eixos de transporte que desembocariam em quatro sistemas portuários — Rio Grande, Paranaguá, Santos e Vitória —, o projeto dos corredores de exportação nasceu durante o "milagre econômico", mas teve seu desenvolvimento truncado por fatores como as crises do petróleo, em 1973 e 1977, e a própria crise econômica brasileira ao longo dos anos 80. Agora que se procuram formas de sair da recessão econômica, o eixo de exportações de minério de ferro que tem uma de suas extremidades no Espírito Santo mostra estar maduro para não apenas exportar outras mercadorias, mas fazer o percurso inverso, levando mercadorias dos portos capixabas para o interior do país. A mudança não é apenas de nome. Ao deixar de ser "de exportação" para se tornar "de transportes", o corredor capixaba — que envolve seis Estados — aprimora a idéia ao pensar no vaivém. Em 1972, o conceito era de um corredor de mão única. Em 92, é a mão dupla.

 

Fonte: A Gazeta, Documento Estado, 26/10/1992
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2015

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