De vento em popa
Era uma atração; um programa pra lá de quente quando, nas manhãs de domingo aconteciam, na baia de Vitória, lá pelos anos 55... 60... as concorridas regatas a remo. Em animada conversa, eu e meu amigo José Luis Schneider deixamo-nos navegar em relembranças. E quanto aprendi! Porque, embora médico (e que médico - daqueles às antigas que curavam com o coração), meu amigo foi menino do mar. Os barcos, a pesca, os ventos, as marés e as ondas não lhe guardavam segredos. Seu timoneiro na vida - o pai - tudo lhe ensinara.
Coisa boa resgatar o tempo! E ajuntar às minhas lembranças o que aprendi desse conhecedor das coisas do mar. Aprendi o quê e o porquê da variedade das embarcações que participavam das regatas: do “esquife”, com um só remador, ao “doble esquife”, aos “dois com patrão” e, finalmente o apogeu, a estrela do dia, singrando veloz as distâncias - o “iole A8”, com seus oito remadores (vigorosos, bronzeados) - uma atração a mais para as moçoilas que em frenesi os aplaudiam.
Ligeiros, estreitos, impulsionados em perfeita sincronia, os Ioles A8 eram como flechas certeiras, cujo alvo era a vitória. Na proa, ao leme, o “patrão” marcava o ritmo, incentivava, bradava ordens: à bombordo, à boreste, esquerda... Sentava-se à sua frente , o “voga”, sempre um remador experiente, que capturava o ritmo no vaivem do remo. Atentos, os outros sete o secundavam, como um único movimento. As pás dos remos a marulhar em uníssono quando, gotejantes, mergulhavam na água com precisão, a impelir o barco e imprimir-lhe velocidade, dominando vagas e marolas na determinação de alcançar, lá perto do imponente Penedo, a marca do vencedor. Às vezes, por um azar, um remador “enforcava” o remo - erro de posição ao imergi-lo na água -, pondo em risco a vitória e o barco.
O Saldanha da Gama, o Álvares Cabral, o Náutico, embora clubes rivais, eram todos gloriosos na competência e no espírito esportivo. Ao longo do cais, na mureta e sobre as pedras que o margeavam, torcedores e curiosos, apinhavam-se. À aproximação dos concorrentes, a expectativa explodia em aplausos, vivas, rojões festivos que troavam sob a bonomia de um plácido céu. Vibrava a galera, vibravam as cores dos clubes nos uniformes: vermelho, preto e branco, vermelho e preto... que se repetiam nas pás dos remos, a brilhar ao sol após beijar as águas.
Era fascinante observar o jogo dos remos alternando-se (quatro para a esquerda, quatro para a direita) e os corpos dos remadores: sentados de costas, presos os pés, - os bancos móveis, obedecendo aos seus impulsos -, a deslizar pra frente e pra trás, numa dança bem ensaiada. Havia tensão no ar, tensão nos bíceps reluzentes de suor e sal, tensão nos comandos do “patrão” que ao final já não se contendo, erguia-se na proa - mastro cuja bandeira era sua voz ao vento.
Os nomes de remadores famosos eram saboreados pelos fãs, com gosto de vitória: Wilson Freitas, Engole Garfo, Viola, Jacaré, os irmãos Costa... e tantos outros. Não ganharam olimpíadas, mas conquistaram seu lugar na história do esporte capixaba. Se a baía de Vitória há muito deixou de ser o palco das regatas, nos bastidores da saudade ainda se houve o marejar dos remos a dançar marolas e o aplausos de um povo feliz em matinal domingueira de sol.
No mais... no cais... só nos resta ver navios!
Por: Marilena Soneghet - Setembro/ 2008
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