Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Egydio Antônio Coser

Egydio Antônio Coser

Quando ele entrou naquela ambiente cheio de luzes e de flores, seus olhos encheram se de lágrimas. Sua mente buscava reviver no longínquo passado o instante em que exatamente da mesma forma, se havia deixado vencer pela emoção, aguardando no altar a mulher que tinha eleito para dividir com ele as inúmeras provações de vida com um amor que ainda sente até hoje.

O que tinha mudado? O lugar e as pessoas, o cenário bucólico, o ardor da mocidade?

Muita coisa tinha na realidade mudado. Ele não era mais o menino nascido em Santa Teresa, no dia 26 de outubro de 1904. Era o chefe de uma família que, por justiça, se havia tornado importante e respeitada no Espírito Santo.

Cercado de grande número de amigos, EGYDIO ANTÔNIO COSER, com a mulher Olivia, vivia as emoções comemorativas de suas Bodas de Ouro, cujo maior presente para ele foi a presença de sua mãe, que morreu dois anos depois. Foi um momento de ternura, de saudade, em que os fatos de sua vida saltavam redivivos como flores que inesperadamente voltarem a desabrochar, perfumando com aroma silvestre aquele sentimental acontecimento que tanto marcou a sua vida e a de sua esposa. Toda família Coser estava presente: os filhos, noras, genro, netos, continuadores de seus êxitos e realizações, perpetuadores acima de tudo de uma tradição iniciada de modo tão humilde quando ele se casou tantos anos passados.

Os caprichos do destino são realmente insondáveis. Ninguém melhor do que EGYDIO ANTÔNIO COSER para confirmá-lo. Isto acontece toda vez que ele visita a fazenda onde teve seu primeiro emprego como balconista, iniciando-se na vida longe dos pais. A fazenda pertence hoje ao seu filho Gercino que a restaurou, inclusive o casarão da sede que, muito embora tenham dado um aspecto novo, não matou o encanto de sua época. Ele recorda saudoso os dias vividos na venda em que comerciou, onde foram conservadas as mesmas prateleiras do seu tempo de empregado, hoje apenas peças de ornamento. Todo o trabalho de reconstrução foi feito mais por valor estimativo. Nada foi desmanchado, tudo foi recuperado. Ali nasceram, naquela fazenda de Itaguaçu, quase todos os seus filhos e é lá que eles hoje se reúnem para relembrar o passado.

Para EGYDIO ANTÔNIO COSER, há mais coisas que procurar nesse pequeno mundo conservado, do que em todas as partes por onde passou.

Filho de Valério Coser e Maria Loss Coser, agricultores seu pai ocupou o cargo de Juiz Distrital do Distrito Alto Santa Maria do Rio Doce, município de Santa Teresa, onde foi conceituado líder rural durante muitos anos. Para EGYDIO ANTÔNIO COSER, a pobreza da sua família nunca conseguiu desencorajá-los e suas marcas perderam-se diante do triunfo do trabalho coletivo que puderam, então, realizar. Sentiam-se felizes dentro dos seus próprios padrões, em cujo tempo havia muito mais solidariedade e entendimento, talvez pela falta de distrações, provocando a união de todos pelo trabalho.

Com humildade EGYDIO ANTÔNIO COSER conta que foi alfabetizado no Colégio dos Capuchinhos em Santa Teresa, onde cursou o primário, mas faz questão de frisar que somente não partiu para outros cursos por absoluta falta de recursos contra os quais sua família lutava naqueles anos difíceis. Contudo, se considerarmos a experiência que ele conquistou na chamada Universidade da Vida, pôde ostentar com orgulho uma capacidade só alcançada pelas inteligências natas e raras.

Hoje, quando recorda o início de sua dura caminhada, EGYDIO ANTÔNIO COSER, fala do seu tempo com justificada nostalgia. E diz que o amor era igual ao de hoje, apenas menos materialista. O progresso, na sua opinião, tirou o romantismo das coisas, embruteceu as pessoas, apunhalou covardemente os mais puros sentimentos. Não existe mais a pureza do amor que ele viveu. Desabrochava sempre através de um sorriso, de um aperto de mão, de um olhar faceiro. Mudaram os costumes e os hábitos das pessoas e o amor passou a ser visto por outros ângulos e sentido sem as fantasias que o valorizavam no passado.

Tendo casado com Dona Olivia aos 20 anos de idade, lá mesmo em Santa Teresa, mudaram em seguida para Itaguaçu onde continuou morando com os pais. Com o surgimento dos primeiros filhos sentiu necessidade de buscar outros caminhos e aceitou o emprego de balconista numa venda de uma propriedade próxima, a mesma onde hoje ele costuma visitar transportando-se para os longínquos dias daquela época. EGYDIO ANTÔNIO COSER conhecia um ramo diferente do trabalho na terra e o futuro faria dele um bem-sucedido comerciante.

Ele costuma falar do seu passado com justificado carinho. A vida proporcionou-lhe tantas coisas boas, especialmente a mulher e os filhos, seus grandes tesouros. Dona Olivia é sempre o capítulo principal da vida de EGYDIO ANTÔNIO COSER, porque — diz ele — sempre foi compreensiva, ajudando-o a subir corajosamente os degraus mais difíceis.

Homem simples, objetivo e destemido, enfrentou momentos adversos, trabalhando para os outros e ganhando um ordenado que não dava para o sustento da família. Entretanto, jamais conheceu o desânimo ou se rendeu ao pessimismo, especialmente pelo apoio da esposa que o ajudava com suas costuras. Aliado a isto a família crescendo e o desejo de proporcionar-lhes uma vida melhor, a vontade de subir, de crescer, se tornar alguém, motivou-o a começar um pequeno negócio comercial como experiência. Era uma padaria. Daí, foi dando certo, passou do comércio varejista para o atacado, foi ampliando, até dar início aos negócios com o café. Embora fosse um incansável batalhador, um homem de fé, EGYDIO ANTÔNIO COSER não contou com a ajuda de ninguém para iniciar. Sua própria determinação e seu desejo imenso de alcançar uma vida melhor acabaram por premiá-lo com o sucesso. Só mais tarde, com a ampliação dos seus negócios começou a contar com a ajuda dos filhos que, mirando-se no seu abnegado exemplo tornaram-se bem-sucedidos empresários.

Conquistar a independência financeira foi para EGYDIO ANTÔNIO COSER vital, pois só assim atingiria a meta que vinha perseguindo desde a mocidade: dar a seus filhos um pouco daquilo que ele próprio não teve. Em retribuição o destino acabou por dar-lhes muito mais do que o velho Coser havia sonhado.

Falando de si mesmo, EGYDIO ANTÔNIO COSER afirma que considera-se um vitorioso. Os problemas que teve não constituíram derrotas, mas experiências e provações que ele soube vencer com grande fibra. Ele se define como um emotivo incorrigível, ama a vida acima de tudo e, sendo um sentimental, isto o torna um romântico. Sua meta atual constitui-se num desejo natural: depois de ter visto o triunfo dos filhos, seria feliz em assistir a vitória dos netos.

No seu inventário familiar ele indica: FILHOS — TarciIa (viúva); Otacílio casado com Mary; Arlindo casado com Eurides; Gercino casado com Jerusa; Jair casado com Marisa; Layrton casado com Gilcéa; Virgínia casada com David. NETOS — Marcila e Marcelo, Otacílio Filho, Evandro, Cláudio, Maria Bernadete, Teresa Raquel e Carlos Alberto; Olívia Maria, Eugênio Sette Filho, Arlindo Filho, Mônica Serrão Coser; Carla, Felipe Bado, Gérson, Cláudia, Egydio Netto, Gercino Filho e Cristina; Andréa; Sandra; Eduardo Guignoni, Everton e Layrton Filho; David Júnior e Fábio. BISNETA Érika Coser Sette.

A todos ele deixará como filosofia de vida o seu próprio exemplo de admirável pioneiro e desbravador de terras inóspitas, cuja fórmula de vencer foi: TRABALHO E HONESTIDADE. O dinheiro no seu entender é importante na vida de qualquer pessoa que saiba conviver com ele sem se prevalecer dele. Estima que seus netos se dediquem aos estudos, que sejam responsáveis e honestos consigo mesmos, permitindo ao futuro reservar-lhes missões brilhantes as quais possam desempenhar com dignidade. Embora conheça a Argentina, o Chile e o Uruguai, EGYDIO ANTÔNIO COSER não se confessa amante de viagens, preferindo a tranquilidade e o calor de sua própria casa.

Um homem que nunca se deixou abater nem ceder ao infortúnio, EGYDIO ANTÔNIO COSER, deixa por onde passa um pouco de suas vivências, dos seus registros, de suas lembranças. Contempla o sol como um aliado que nunca irá se apagar e bendiz aos céus ter podido nascer em meio tão humilde e envelhecer no mundo melhor pelo qual lutou mas sem abdicar de sua elogiável condição de ser humilde, temente a Deus e seguidor dos seus ensinamentos.

 

Fonte: Personalidades do Espírito Santo. Vitória – ES. 1980
Produção: Maria Nilce
Texto: Djalma Juarez Magalhães
Fotos: Antonio Moreira
Capa: Propaganda Objetiva
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2020

Personalidades Capixabas

O martírio de Chico Prego

O martírio de Chico Prego

Em 1884, Afonso Cláudio publicou o livro Insurreição do Queimado, sua obra transformou-se em panfleto na propaganda em favor da extinção da escravatura

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Galerias - As 10 mais importantes por Eurípedes Queiroz do Valle

A do Tribunal de Justiça. (Palácio Moniz Freire) -E subdividida em duas: - a especial, constituída pelos que exerceram a Presidência, e a Geral, formada por todos os Desembargadores

Ver Artigo
Judith Leão Castello Ribeiro

Foi também a primeira mulher a ingressar na Academia Espírito-Santense de Letras. Sem dúvida, ela foi um exemplo de mulher pioneira e batalhadora

Ver Artigo
Um Patriarca Nosso - Por Aylton Rocha Bermudes

Ignácio Vicente Bermudes, morador de Timbuí, merece especial celebração ao atingir os 100 anos de vida

Ver Artigo
Dr. João Dukla Borges de Aguiar

As manifestações de pesar pelo seu falecimento - O Velório na Câmara Ardente - O Enterro - As Homenagens Oficiais - Outras Notas

Ver Artigo
Desembargadores - Os 10 mais antigos

3) Carlos Teixeira Campos. Natural do Município de Calçado, no Espírito Santo, no então Distrito de Bom Jesus do Norte. Nasceu em 6-3-1908

Ver Artigo