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Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha - Por Elmo Elton

Igreja Nossa senhora da Conceição da Prainha, 1882 (Foto: Joaquim Ayres) - Postagem e informações: Jose Luiz Pizzol

Em 1755 o adjunto militar Dionísio Francisco Frade obtivera licença para construir uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição, na localidade conhecida por Prainha, na vila de Vitória, sendo a Provisão datada de 22 de janeiro daquele ano. Prainha era a denominação que se dava à área em que, bem mais tarde, se construiu a Praça Costa Pereira, porque ali, antes de sucessivos aterros, o mar formava uma espécie de angra onde os pescadores se reuniam, após cada dia de trabalho. Esses homens ansiavam, de há muito, por um templo, no local, em que pudessem rezar o terço e cantar ladainhas, mormente aos sábados, quando mais cedo se desincumbiam de suas tarefas.

A igreja, embora pequena, mais capela do que propriamente igreja, contava com muitos devotos, homens e mulheres, tanto que nela fundaram uma Irmandade, a de Nossa Senhora da Conceição da Prainha, extinta quando da demolição do templo, após a inauguração do Teatro Melpômene, ocorrida a 21 de maio de 1896. A construção desse teatro trouxe sérios aborrecimentos ao Arciprestado, que, desde o início da obra, reclamara, sem êxito, contra o local escolhido para tal edificação, já que a mesma implicaria na destruição da capela.

A Diocese do Espírito Santo, embora criada a 15 de novembro de 1895, estava ainda sem bispo designado para dirigi-la, de forma que o arcipreste Euripides Calmon Nogueira da Gama, então responsável direto pelos interesses da Igreja neste Estado, teve de recorrer, por mais de uma vez, ao Bispado de Niterói (a que estava subordinado o Arciprestado) e à Nunciatura Apostólica sobre como decidir com referência à desapropriação do terreno onde se assentava o templo, recebendo desses dois órgãos, finalmente, a devida autorização para entender-se com o Governo do Estado, então dirigido pelo Dr. José de Melo Carvalho Moniz Freire, a propósito do assunto.

Pelo Decreto nº 57, de 19 de maio de 1896, isto é, três dias antes da inauguração do Melpômene, a igrejinha e respectivo terreno foram desapropriados pela ínfima quantia de 50:000$000, "para alargamento da praça fronteira".

Thiers Veloso, quando recebido no Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, a 30 de maio de 1925, leu interessante página Poema da Crença narrando fatos ocorridos durante a trasladação da imagem de Nossa Senhora da Conceição da Prainha para a Igreja do Rosário, onde ainda se encontra.

"Mal iniciado o desfilar do cortejo, na praia, repentinamente, obumbrou-se o firmamento e desabou uma carga d’água tão violenta que, em cinco minutos, as ruas ficaram alagadas, dispersando os fiéis como por encanto. Vendo-se a sós, os portadores do andor reconduziram-no à igreja e depuseram a imagem em seu altar. Logo serenou o tempo e o sol brilhou novamente, num céu puríssimo. Acudiram, então, os fiéis ao repetido chamado. Reorganizou-se a procissão; outro, porém, e mais violento aguaceiro obrigou-os a retroceder. Ficou a solenidade adiada. Estava tudo encharcado: ruas, povo, condutores do andor, enquanto, sobre o manto da Virgem e sobre as palmas que lhe coroavam a fronte, não se percebia uma só gota das águas do céu".

Maria Stella de Novaes, em seu livro Lendas Capixabas (São Paulo, Editora F.T.D. S/A, 1968), registrou que, em 1902, grassava a peste bubônica, em Vitória. Memorando ainda a demolição da igreja querida, comentavam os capixabas aparições de Nossa Senhora da Conceição aos pescadores, seus devotos. Era "uma velhinha de alvos cabelos ondulantes, que errava, pelas circunjacências da cidade, banida do seu lar. Falava aos pescadores, contava-lhes o esbulho de sua antiga e humilde morada. Profetizava luto e castigos, — punição do pecado irremissível. Depois, a velhinha transformava-se, inesperadamente, numa virgem de extraordinária formosura, e desaparecia, deixando os simples e rudes homens do mar, estupefatos, enlevados..."

Um esclarecimento: A Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha situava-se, exatamente, onde, mais tarde, foi edificado o Hotel Império, ainda funcionando. A demolição do Teatro Melpômene se verificou em 1924.

 

Fonte: Velhos Templos de Vitória & Outros temas capixabas, Conselho Estadual de Cultura – Vitória, 1987
Autor: Elmo Elton
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2017

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