Inacianos trabalham sempre

Os intervalos de paz eram eficientemente aproveitados, principalmente pelos jesuítas. Além da obra apostólica, de edificantes resultados sociais, quase tudo o mais se lhes ficou devendo, inclusive poderoso auxílio na defesa contra os invasores estrangeiros.
O primeiro estabelecimento de ensino era fundação deles. Colégio de Santiago, a princípio, em 1556 – quando foi fechado por ordem de Nóbrega – denominava-se o Colégio dos Meninos de Jesus do Espírito Santo.(8) Substituiu-o uma escola de ler, escrever e contar, de sua responsabilidade também.(9)
De suas aldeias derivaram quase todos os núcleos de povoação da capitania, mais tarde transformados em cidades e vilas. A primeira delas – formada com a gente de Maracaiaguaçu – data de 1555. Seria a aldeia de Nossa Senhora da Conceição (da Serra), hoje Serra.
Com a grande autoridade que lhe assiste no assunto, Serafim Leite afirma que “as aldeias do Espírito Santo formaram-se quase sempre a seguir a alguma entrada ao sertão”.(10)
A medicina e a enfermagem tinham nos inacianos os seus mais adiantados praticantes. Em 1558, a capitania foi varrida por uma epidemia que, em Vitória, chegou a matar treze pessoas por dia(11). Os índios foram, ao que se infere da leitura do texto donde recolhemos a informação, as únicas vítimas. Mais ou menos seiscentos deles “em breve tempo” foram sacrificados.(12)
Mais tarde, veremos os loiolistas como vanguardeiros da arquitetura colonial no Espírito Santo: seja a religiosa, seja a residencial.
Os índios aldeados representaram, em boa parte, o braço que construiu tudo aquilo, mas a direção, a técnica de trabalho foi – nos primeiros tempos – privilégio quase exclusivo dos jesuítas.
NOTAS
(8) - LEITE, HCJB, I, 224.
(9) - LEITE, HCJB, I, 224.
(10) - LEITE, HCJB, I, 231.
– Algumas vezes, iam os padres em pessoa ao sertão a buscar os índios ou os parentes dos que já viviam no Espírito Santo, e iam “a mais de cem leguas por caminhos muy asperos e não seguidos, em q. padesem muitos trabalhos de fome e sede, e outros perigos da vida”
(RODRIGUES, Anchieta, 195).
(11) - SÁ (?), Cartas, III, 18.
(12) - SÁ (?), Cartas, III, 18.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, maio/2017
Este zelo, que por via da língua aproveitar [ajudava] aos índios, não se diminuiu nele com a velhice e pesadas enfermidades
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