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Indústrias sobrevivem dos rios Jucu e Santa Maria

O Rio Jucu tem trechos de relevo acidentado e sinuoso, que ajudam na oxigenação da água

Grandes empresas do Estado dependem das bacias do Jucu e do Santa Maria da Vitória para desenvolver suas atividades.

A atividade industrial predomina nas bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, que concentram o maior contingente populacional do Estado – cerca de 1,5 milhão de pessoas – e fornecem água para as principais indústrias do Espírito Santo.

Dependem diretamente do Recurso hídrico das bacias: a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a Arcelor Mittal Tubarão, a Belgo Mineira, a Coca Cola, a Refrigerantes Coroa, a Chocolates Garoto, dentre muitas outras.

O Sistema Carapina, administrado pela Companhia Espírito-Santense de Abastecimento (Cesan), tem uma unidade de captação situada na rodovia do Contorno, com volume médio de 2.650l/s, sendo que parte dessa vazão (550l/s) é utilizada para atender a empresa Arcelor Mittal.

Esse sistema fornece água também ao Terminal

Industrial e Multimodal da Serra (Tims) e à CVRD. Além disso, todo o pólo industrial de Vila Velha depende das águas do rio Jucu para desenvolver as suas atividades.

Reutilização

Uma ação importante para redução da demanda de água dos rios Santa Maria e Jucu é a reutilização da

água, reduzindo a poluição e a necessidade de maior captação para abastecimento.

“Essa reutilização já vem sendo feita por grandes indústrias, como a CVRD e a Arcelor Mittal, e seria importante o reuso de águas provenientes de esgotos tratados adequadamente para usos menos exigentes, como a irrigação”, avalia o professor de

Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Antonio Sérgio Ferreira Mendonça.

Relevo ajuda na limpeza

Como os rios Jucu e Santa Maria da Vitória sofrem forte pressão do esgoto doméstico e efluentes industriais lançados em suas margens, a própria natureza tem feito a sua parte.

“Devido ao relevo acidentado, principalmente na parte média e alta da bacia do rio Jucu, as quedas d’água promovem uma certa oxigenação contribuindo para a melhoria da qualidade. Ocorre uma autodepuração natural”, explica o gerente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Fábio Ahnert.

Cidades invadem as margens

A expansão desordenada das áreas urbanas, conseqüência da atração gerada pelo processo de industrialização, tem permitido que as pessoas residam em áreas de alto risco de inundação, locais de passagem das águas de enchentes.

“A característica de vales encaixados na porção média e alta da bacia do rio Jucu, associado ao processo de assoreamento existente no rio, faz com que os níveis da água subam rapidamente quando

Ocorrem chuvas intensas. Em Marechal Floriano, por exemplo, o rio sofreu o seu estreitamento com as margens invadidas por casas”,conta o gerente de Recursos Hídricos do Iema, Fábio Ahnert.

Retificação traz prejuízos

O rio Jucu apresenta seu baixo curso bastante modificado em relação ao que era originalmente. Devido às inundações constantes a que estava sujeita a região, em face de sua topografia plana, o extinto Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) promoveu a retificação e a dragagem da calha natural.

“Essas práticas perturbam a dinâmica de escoamento das águas podendo transferir problemas de alagamento de um ponto para o outro.

Além disso, drenagens contribuem para o rebaixamento do lençol freático, podendo provocar um certo secamento e empobrecimento do solo”, explica o gerente de Recursos Hídricos do Iema, Fábio Ahnert.

Quedas d’ água geram energia nas duas bacias

A geração de energia elétrica é uma das importantes atividades econômicas proporcionadas pelas águas dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, que produzem, juntas, 25% do que é consumido no Estado.

Entre os municípios de Santa Maria de Jetibá e Santa Leopoldina existem duas usinas hidrelétricas da Energest (Escelsa). A usina de Rio Bonito opera atualmente com três turbinas gerando 15 MW/H. A Usina de Suíça gera 30 MW/H, usando duas turbinas.

Apesar de possuir a mais antiga usina de geração de energia hidrelétrica do Espírito Santo, a de Jucu, inaugurada em 1909 e que produz 6.260 MW/ano, hoje em dia a produção da bacia do rio Jucu é bastante modesta.

Produção de alimentos é destacada

Moradores da Região Metropolitana recebem muito mais dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória do que a água que sai de suas torneiras. As bacias são usadas para a produção de alimentos.

A produção agrícola é uma marca distintiva, especialmente o plantio de hortaliças e legumes que abastecem a Região Metropolitana da Grande Vitória. Uma das principais atividades produtivas registradas na bacia do rio Santa Maria é a avicultura.

O município de Santa Maria de Jetibá é, por exemplo, o segundo maior produtor de ovos do País.

Ovos, gengibre, leite, banana, café e hortaliças são os destaques da região.

“Somos o maior exportador de gengibre, produzindo mais de 80% do que sai do País”, explica o presidente do CBH Rio Santa Maria, Fernando Rocha.

Agroturismo em defesa do meio ambiente

A preservação dos rios Jucu e Santa Maria ganhou um importante aliado com o desenvolvimento da atividade de agroturismo.

A região de Pedra Azul, em Domingos Martins, possui um ambiente mágico que combina a harmonia da natureza, as delícias da culinária alemã e um artesanato que encanta os visitantes.

As dificuldades de comunicação e transporte fizeram com que os imigrantes moessem café e milho em casa, o que os levou a fabricarem produtos como queijos, pães, vinhos e biscoitos. Isso somado ao jeito simples e acolhedor do homem do campo vêm trazendo bons resultados.

“Como agroturismo, o proprietário rural passa a ter uma visão de preservação bem maior”, argumenta o ambientalista Eduardo Pignaton.


Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rio Jucu – 26/08/2007
Autor: Gleberson Nascimento
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2016

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