Lendas da Serra
Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. São figuras do folclore serrano:
Boi Graúna: É um elemento folclórico dos festejos de São João. Este fenômeno cultural ocorre também em outras regiões do Brasil, recebendo outros nomes. Na Serra, era um boi de canga, que trabalhava na roça puxando cana, café e abacaxi. Era preto com um desenho de estrela na testa; valente, porém manso e brincava com as crianças. É lembrado no Dia do Folclore e no carnaval de rua.
Maria Quebra-Galho: Este personagem saía às ruas na época do carnaval nos anos 60 e era figura central do bloco "Maria Quebra Galho", formado por vários mascarados que tocavam instrumentos musicais rústicos, tambores de barrica, casacas, flautas de bambu, entre outros. A armação era produzida com arame e possuía uma estrutura interna capa de abrigar um adulto.
Índio Tapuio: Conta a lenda que Tapuio, um índio que vagava no remanso de um igarapé ouviu uma voz que parecia uma mulher. Num dado momento a voz silenciou, mas depois ouviu-se a voz novamente e uma cortina de vegetação abriu-se descobrindo uma mulher desnuda, reclinada à beira do igarapé. De repente, o índio Tapuio sentiu uma vertigem como se fosse cair no abismo, caiu de joelhos esquecendo do mundo. Ficou apaixonado pela imagem da feiticeira. Na verdade a feiticeira era Iara, nascida das águas sendo ela afrodite sedutora e enganadora, fez o índio Tapuio mergulhar nas águas noturnas e nunca mais aparecer. Os que conseguem voltar ao mundo dos vivos voltam assombrados falando bobagens e encantados. É preciso que um pajé faça muita reza forte, para tirar do estado de assombração, pois muitos ficam facilmente hipnotizados... A Iara até hoje exerce um grande fascínio e maior encantamento nos homens nas lagoas, igarapés e na região amazônica.
A Pata Maldita: Existe a lenda de que nas famílias em que nascem sete filhas mulheres, a filha mais nova deveria receber o nome de Inácia. Se a família não cumprisse essa determinaçção, a sétima filha se transformaria em uma enorme pata. Embaixo de suas asas cresceriam navalhas e a pata passaria a assombrar as pessoas à noite.
As Negas: Fenômeno cultural que ocorre na Serra sede. O folião se veste com um vestido comum e usa um lenço na cabeça. Pinta e cobre toda a roupa e corpo, inclusive o rosto, com pó de carvão misturado com banha. A boca é pintada com batom vemelho e na mão traz um galho com folhas e um vasilhame com a mistura para sujar as pessoas. A tradição é serem sujas as pessoas que gritam NEGA, que é a senha, informando que a pessoa quer participar e aceita a brincadeira, segundo informações da Srª Angela Maria de Jesus Ribeiro, moradora da Serra Sede desde 1980.
Ana Sabina: Era ex-escrava. Uma senhora ativa, desinibida, bastante comunicativa. Dançava à frente do Congo de Puriti. Quando dançava, levantava um pouco o vestido para mostrar a anágua rodada de rendas e bordados. Figura respeitada e muito popular, brincalhona, o que lhe dava regalia de entrar e sair em qualquer residência, a qualquer hora.
Lobisomem: É um home que se transforma em noite de lua cheia, para assustar os outros nas estradas. Diz a crendice popular que se uma pessoa ficar muito pálida, magra e sem se queixar de doença, vira Lobisomem nas primeiras sextas-feiras. Consta que em Jacaraípe havia um homem que se transformava em lobisomem nas loites de lua cheia.
Livro: História da Serra - Editora do CTF, Serra - ES - 2009
Autor: Clério José Borges - clerioborges@hotmail.com
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