Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Luiz Buaiz no lugar do padre - Texto de Sandra Medeiros

Praias e estação de águas são passeios que Luiz Buaiz sempre organizou com os filhos e netos

Além de chefe e companheiro de profissão, Luiz Buaiz era amigo de Noé Silva, e essa amizade fez com que, no segundo casamento de seu filho Carlos, Luiz tivesse papel de destaque na cerimônia. “Tudo estava pronto, mais de 400 pessoas convidadas. O noivo e a noiva já estavam no cerimonial, em Santa Lúcia, e nada do padre. Trinta minutos de atraso e fui conversar com o Dr. Luiz Buaiz. Perguntei: ‘Luiz, você não casa o meu filho, não?’ E ele prontamente me atendeu, dizendo: ‘Caso sim’, lembra.”

A cerimônia celebrada por Luiz Buaiz foi emocionante: “Ele colocou muita gente para chorar. Foi realmente bem bonito. Isso, mais uma vez, mostrou como o Luiz está sempre pronto para ajudar, independente da situação”, diz. Quanto ao padre, não apareceu até hoje.

Inteligência privilegiada e liderança carismática

O nefrologista Michel Assbú, amigo e admirador de Luiz Buaiz, se coloca na imensa lista daqueles que, de alguma forma, se consideram devedores do médico Luiz Buaiz.

A amizade, revela Michel Assbú, começou antes mesmo que viessem a se conhecer. Teve início com o seu tio, que também era Luiz:

“A nossa amizade é uma amizade familiar. Começa com a história de dois amigos: Luiz Zouain e Luiz Buaiz. Nossa amizade começou em 1958.

Meu tio Luiz morreu muito novo, aos 46 anos, e eu tenho certeza de que Luiz Buaiz sentiu muito a morte dele, porque eram amigos verdadeiros. O que eu fiz foi perpetuar essa amizade do meu tio, meu padrinho, com o maior orgulho. Ele é meu padrinho de casamento. Quando minha filha nasceu foi um dos primeiros a nos visitar.

Ele foi meu professor de História Natural no Colégio Estadual. Eu, com 17 anos, e ele passou a demonstrar aquela fidalguia que é sua característica. Em 1969, o Decreto-Lei 200 proibia a contratação de funcionários. Ele entrou na Previdência em 1970 e, apesar do decreto, conseguiu uma possibilidade, sem ferir a lei, de me nomear. Nos anos 70, todos que faziam Medicina recorriam a ele. Isso permaneceu até que, durante a Revolução, perdesse o emprego. Mas não foi suficiente. Logo ele estaria de novo ajudando a todos.

A amizade e a generosidade motivaram o almoço de confraternização, no Cimarron, quando ele perdeu seu emprego. Ele estava indo para o ostracismo, e todos os amigos fizeram questão de comparecer ao encontro em sua homenagem. A Polícia Federal havia colocado microfones embaixo da mesa, coisa comum na época, mas nós sabíamos disso. Então só falamos banalidades. Foi um encontro memorável, de amigos solidários.

Não posso esquecer que na época da revolução ele ia ao 38º BI visitar, dar apoio, a todos os médicos presos. Sem a preocupação do risco que corria. O 38º Batalhão de Infantaria ficava em Vila Velha e era para lá que levavam os presos políticos.

Em 1972 ele pediu para eu ver um paciente com endocardite bacteriana subaguda. Quando quiseram me pagar eu disse que o Dr. Luiz Buaiz já havia pago.

Ele nunca deixou de atender a ninguém, ou de resolver um problema. Ajudou, por exemplo, um grupo de médicos que saiu para o Rio e para o Instituto de Cardiologia de São Paulo e fundamos o similar aqui.

Outro fato que lembro é a sua atuação na Santa Casa. Não havia a logística necessária, os médicos não tinham experiência para abrir e ele viabilizou aquilo. Foi provedor da Santa Casa quando ela era quase um depósito de doente. Ele modernizou e equipou a Santa Casa.

Lembro ainda que, quando da criação do Procardio, já havia uma equipe cardíaca de emergência no Santa Rita e houve lá uma desavença. Ele é que apaziguou.

O Dr. Luiz Buaiz tem um coração tão grande, e faz tanto pelos amigos que uma vez houve um problema administrativo numa casa de saúde em Vitória, com irregularidades gravíssimas, e ele teria que ficar à frente, para resolver o problema, mas passou adiante o encargo. Ele transferiu a incumbência para um assessor que não tinha envolvimento afetivo com os donos, porque sabia que seria procurado e que iria passar a mão na cabeça dos culpados.”

 

PRODUÇÃO

 

Copyright by © Luiz Buaiz – 2012

 

Coordenação do Projeto: Angela Buaiz

 

Captação de Recursos: ABZ Projetos

 

Texto e Edição: Sandra Medeiros

 

Colaboraram nas entrevistas:

Leonardo Quarto

Angela Buaiz

Ruth Vieira Gabriel

 

Revisão: Herbert Farias

 

Projeto e Edição Gráfica: Sandra Medeiros

 

Editoração Eletrônica: Rafael Teixeira e Sandra Medeiros

 

Digitalização: Shan Med

 

Tratamento de Imagens: TrioStudio; Shan Med

 

Fonte: Luiz Buaiz, biografia de um homem incomum – Vitória, ES – 2012.
Autora: Sandra Medeiros
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2020

Matérias Especiais

Posfácio do livro Parabéns Pra Você – Por Cariê Lindenberg

Posfácio do livro Parabéns Pra Você – Por Cariê Lindenberg

Por fim, o que mais me marca em Maria é a sua determinação, força de vontade e grande fibra

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Festejos de Natal: Reis

O Reis foi introduzido em Vila Velha pelo Padre Antunes de Sequeira. Filho de Vitória, onde nascera a 3 de fevereiro de 1832

Ver Artigo
Recordações do Arraiá

Festa antonina (Santo Antônio) realizada no dia 13 de junho de 1937, em Aribiri (Vila Velha), na chácara onde residia o Dr. Armando Azevedo, aqui nos versos tratado como "cumpade".

Ver Artigo
Todos na Festa Junina!

Confira a transcrição de matéria publicada no jornal A Gazeta em 27 de junho de 1961, sobre a festa do dia 17 de junho de 1961: Festa Junina no Ginásio "São José"

Ver Artigo
A Polícia Militar na Historiografia Capixaba - Por Gabriel Bittencourt

A Policia Militar jamais suscitou tanta evidência, seja na imprensa ou no seio da comunidade cultural, como neste ano em que comemora 150 anos de existência

Ver Artigo
A Consolidação do Processo da Independência no ES

O Norte da Província: uma região estratégica

Ver Artigo