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Museu do Convento da Penha

A fé e a história subiram a montanha. Por mais de 400 anos, o Convento da Penha, em Vila Velha, foi o destino das preces e dos próprios fiéis que quiseram dividir as alegrias e tristezas de suas vidas com a Virgem da Penha, padroeira do Estado. No local, esses vestígios de devoção estão por toda a parte, mais destacados ainda no pequeno museu que por lá funciona e que encerra a série de reportagens Museus do Espírito Santo, que o Caderno Dois publicou nos últimos oito domingos.

No próximo domingo, os melhores momentos da série, que mapeou as casas de memória do Estado, serão relembrados em um ensaio fotográfico de Gildo Loyola.

O Museu do Convento da Penha começou como um setor de curiosidades, em 1952.

Os franciscanos, responsáveis pela administração e manutenção do templo e de todo o sítio histórico, acumulavam na chamada Casa dos Romeiros objetos, imagens, livros, enfim, o acervo antigo da própria igreja que tinha perdido o uso ao longo dos séculos. Isso foi até 1985, quando o espaço foi desativado e os objetos, recolhidos.

O Museu renasceu em 12 de dezembro de 2000, desta vez com “cara” de museu mesmo. Numa parceria entre os religiosos e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o acervo foi restaurado, catalogado e datado. A nova instalação passou a ocupar as salas da Secretaria e das Confissões e um anexo à Sala dos Milagres.

ROUPAS DE NOSSA SENHORA.  O museu guarda objetos litúrgicos, pertencentes aos sacerdotes, e objetos de devoção, usados pelos fiéis em geral. O destaque são as vestes, tanto dos padres quanto dos próprios santos. Sim, porque as imagens da Virgem Maria, Menino Jesus e do povo do céu em geral também ganhavam figurinos conforme as festas e os períodos do ano. Vestes e vestidos, alguns com bordado português, testemunham o apreço dos fiéis do século XIX.

A referência à imagem de Nossa Senhora da Penha não para por aí. No centro da sala principal, em meio aos paramentos dos padres e hábitos dos freis, repousa uma berlinda de madeira, feita no Rio de Janeiro. Dentro dela, envidraçada e protegida, foi a imagem de Maria para a Catedral Metropolitana, no quarto centenário de Vitória, em 1951.

Perto das roupas das imagens, há outro sinal de passagem de tempo, com toque artístico. Pinturas retratando milagres atribuídos à Virgem, de várias épocas (os chamados ex-votos) compõem uma pitoresca mostra de artes plásticas. Do lado oposto da sala, elas são observadas por nove imagens também de tempos diversos, datadas os séculos XVII e XIX.

O Convento também já teve escravos. Prova disso é a cópia de uma relação de negros com nome e idade de cada um. Houve um tempo em que muitos senhores doavam seus escravos para que trabalhassem por um certo período no santuário a fim de pagar alguma promessa ou cumprir alguma penitência.

Os nomes dos antigos escravos repousam ao lado de uma assinatura para lá de ilustre: a do imperador D. Pedro II, que visitou a igreja em 1860, com sua esposa, D. Tereza Cristina.

TEMPO. A instituição também deixa claras as marcas do tempo. Numa cripta, os restauradores do Iphan preferiram deixar à mostra o “esqueleto” da construção colonial. Tijolos de barro cozido superpostos e amalgamados numa liga de óleo de baleia e detritos de conchas marinhas eram os ingredientes principais.Erguiam as paredes maciças e brancas a cal, feitas para servir de marco e proteção de ataques e invasões de piratas, tão comuns na costa brasileira no início da colonização portuguesa.

Na entrada, um piso de cerâmica também foi mantido num recorte envidraçado feito no chão. Ele foi encontrado durante a restauração de 1999 e tinha ficado escondido desde a década de 50 quando foi trocado por  tacões de madeira. Ecos do passado numa construção, que por si só, já é história.

 

Fonte: Jornal A Gazeta, 17 de Setembro de 2006
Autor: Marcelo Pereira
Compilação: Walter de Aguiar Filho, Dezembro de 2013



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