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Nova e poderosa força: os jesuítas

Palácio Anchieta e Igreja de São Tiago, no início do Século XX

Já sabemos que em 1551, quando por aqui passou Pero de Góis, a discórdia e o desvario quase punham a terra a perder.(1)

Foi, entretanto, nesse mesmo ano de 1551 que chegaram à donataria os apóstolos de uma nova era – os jesuítas. Efetivamente, a presença dos comandados de Nóbrega na capitania do Espírito Santo assinala sensível mudança na conduta dos cristãos e certa moderação nas atitudes dos silvícolas.

Dois inacianos inauguraram a catequese na terra capixaba: o padre Afonso Brás(2) e o irmão Simão Gonçalves.(3) Aqui devem ter chegado antes de se findar o mês de março, pois que deixaram Porto Seguro a vinte e três.(4)

Na carta em que relata os seus primeiros dias e trabalhos, Afonso Brás nos fala da recepção que “los moradores con grande plazer y alegria” lhe fizeram. Antes de qualquer iniciativa – porque estavam em vésperas da Páscoa – “no me ocupé ni entendí en otra cosa, si no en confessar y hazer otras obras pias”. Informa o padre no singular, porque só a ele cabiam aqueles misteres. A tarefa seguinte foi a construção de “una pobre casa, para nós poder recoger en ella; ella está ya cuberta de paja, y sin paredes. Trabajaré porque se edifique aquí una

hermita junto della en un sitio muy bueno, en la qual podamos dezir missa, confessar, hazer la doctrina, y otras cosas semejantes”.(5) Era a especialidade do padre Afonso Brás, que deixou outras construções em São Paulo e no Rio de Janeiro, nomeadamente.(6)

 

NOTAS

(1) - Carta de vinte e nove de abril de 1551, já citada – foot-note n.º 33 do capítulo IV.

(2) - Padre Afonso Brás – Natural de S. Paio de Arcos, Anadia (antigo termo da vila de Avelãs de Cima), nasceu por volta de 1524. Ingressou na Companhia em Coimbra a vinte e dois de abril de 1546 (ou 1548, conforme querem outros). Veio para o Brasil na segunda expedição – a de 1550. Fundou o Colégio do Espírito Santo em 1551 e é um dos fundadores de São Paulo, dirigindo a construção das primeiras casas. Trabalhou por mais de sessenta anos no Brasil, inclusive no Rio de Janeiro, destacando-se na Companhia como carpinteiro e mestre de obras, ou arquiteto. Faleceu no Rio de Janeiro, aos trinta de maio de 1610. Estes os principais elementos biográficos do primeiro missionário do Espírito Santo, segundo o que se contém na História da Companhia de Jesus, do padre SERAFIM LEITE, S. J. – vols. I (p. 215) e VIII (p. 122).

(3) - Ir. coadjutor Simão Gonçalves – Fora soldado antes de ingressar na Companhia, o que fez na Bahia, logo após a chegada dos primeiros jesuítas. “Foi o primeiro soldado que se cá tomou”, disse Nóbrega, referindo-se a ele. Ajudou o ensinar os meninos na Bahia. Em 1562 estava na capitania de São Vicente e em 1567 já era morto, pois não consta do respectivo catálogo. Não confundir com o padre Simeão Gonçalves (Cf. LEITE, HCJB, I, 573).

(4) - BRÁS, Cartas, I, 273.

(5) - BRÁS, Cartas, I, 274.

(6) - LEITE, HCJB, I, 215, nota 2, in fine; VIII, 122.

 

Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, julho/2018

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