Primeiros sacrifícios do donatário: a venda das propriedades – Vasco Coutinho
Para prover às despesas com a aquisição de instrumentos, armas e utilidades indispensáveis à instalação na terra brasileira, Coutinho vendeu a quinta de Alenquer à Real Fazenda.(26) Apoiado, possivelmente, no que afirma Duarte de Lemos na sua carta de catorze de julho de 1550,(27) Varnhagen escreveu que, também, “contraiu alguns empréstimos”.(28)
Sabe-se, ainda, que renunciou à tença de trinta mil reais que percebia do Erário(29) em troca de provisões e um navio. É o que está registrado no alvará de catorze de junho de 1534. Anotações feitas ao pé e no dorso do documento informam que Coutinho ouve em Diogo Lopes de Calheyros almoxarife do almazem do Reyno utilidades no valor de 10.320 reais; de Joam Diaz Porcalho, almoxarife darmaria, 22.350 reais que valeram as armas; a caravela Grorya e cousas que se derão com ela foram avaliadas em ...... reais.(30)
NOTAS
(26) - “A quinta de Alenquer foi certamente vendida nessa ocasião, mas sem que o documento aqui transcrito e já do conhecimento de Varnhagen mencione essa venda, como pretendeu inadvertidamente o eminente historiador” (P. DE AZEVEDO, Primeiros Donatários, 200).
(27) - Ver foot-note n.º 31, do capítulo IV.
(28) - VARNHAGEN, HG, I, 216.
(29) - “... a tença com que fora galardoado pelos assinalados serviços no Oriente” (MALHEIRO, Regimen Feudal, 242).
(30) - “Alvará régio de cedência de um navio e munições a Vasco Fernandes Coutinho em troca de uma tença de trinta mil reais (catorze de junho de 1534) – Eu el Rey faço saber a vós Pedro Afonso dAguiar ffidalgo de minha casa e provedor dos meus almazens que Vasco Fernandez Coutinho fidalgo de minha casa ha daver de mym dozentos e cincoenta e cinco mill reaes que montarom nos trinta mil reaes de tença em cada hûu anno que de mim tinha em quanto minha merce fose que lhe comprey a rezam de oyto mill e quinhentos reaes por milheiro e por quanto o dito Vasco Fernandez me dise que tinha necesydade de hum navyo monições e outras cousas das que ouvesse pera mym neses almazens e pera a terra do Brasil de que lhe tinha feito mercê me pedio por suas avaliações pelos preços que me custarão lhe mandase dar o dito navio e monições e dese comta da dita comtia o que ey por bem pelo que vos mando que lhe façais dar o dito navio e cousas outras que vos diser que he mester das que ouver nos ditos almazens per suas avaliações pelo que pera mim custarem atee a dita comtia dos ditos dozentos e cincoenta e cinco mil reaes e por este mandado ou o trelado delle e seus conhecimentos e vosa certidam do que lhe for dado mando que seja levado em conta ao officiall sobre que for carregado. Cosme Anes o fez em Evora xxbij dias de junho de mil bCxxxiiij.º E este nam pasara pela chancelaria. Os quais xxx mil fyquam riscados em verba posto que os nam ha daver por lhes asy comprar e o padrão se rompeo. – Rey. – Pera Pedro dAguiar que V. A. ha por bem que se dee hûu navio dos de V. A. e das monições e cousas outras que ouver no almazem que ouver mister Vasco Fernandez Coutinho pera levar ao Brasil ... dia de ijClb mil reaes per que lhe comprou os xxx mil reaes de tença que ... por suas avaliações pelos preços que V. A. custão ... e o padrão se rompeo.
Dos duzentos e cincoenta e cinco mil reaes conteudos neste alvará de sua Alteza atraz sam descontados dez mil e trezentos e vinte reaes que valerão as cousas que Vasco Fernandez Continho ouve em Diogo Lopez de Calheyros almoxarife do almazem do Reyno o qual almoxarife tem minha provisão pera lhe as ditas cousas serem levadas em conta com ho trelado do alvará de Sua Alteza na qual provisão vay decrarado este desconto oje catorze dias doutubro de 1534 e Asy lhe sam mays descontados 22350 reaes que valeram as armas que o dito Vasco Fernandez ouve em Joan Diaz Porcalho almoxarife darmaria o quoal tem minha provisão pola dita maneyra. oje catorze dias do dito mes e era. – Pedro Afonso dAguiar.
– No dorso: Valeo a caravela Grorya e cousas que se derão com ela a Vasco Fernandez Coutinho lxxxiiij mill iijClxxxiiij reaes que ouver em Bastião Gonçalvez segundo se mostra per asentos de livros per suas avaliações.” (Arquivo da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, I, 53, 29. O documento está lacerado. Apud MALHEIRO, Regimen Feudal [Apêndice], 264).
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, julho/2018
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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