Regresso do donatário Vasco Fernandes Coutinho
Talvez o regresso se tivesse verificado em 1547, na frota mencionada na carta de Fernando Álvares de Andrade, ou pouco depois. Frei Vicente do Salvador, referindo-se à viagem de Coutinho para o Reino, escreveu que deixara ordenados quatro engenhos de açúcar.(16) Em 1545, vindo à capitania para a arrecadação dos dízimos reais, Ambrósio de Meira comprovou, e disto deu ciência ao rei, que “ha nesta capitanja cinco armaçois pera agoa e duas fazem jaa e duas forão de janeiro de 1546 por diamte ha duas de caualos e faz hua”.(17)
Dois anos depois, isto é, em 1547, Álvares de Andrade, cumprindo determinações de D. João III, apresta um navio de socorro às costas do Brasil e é o próprio Vasco Coutinho quem serve de mensageiro entre os dois figurantes, para completar providências.
O “omem que veyo do brasylI”, citado por Álvares de Andrade, e que acompanhou Coutinho à presença do rei “pera qualquer emformaçam que da terra comvyr”,(18) deve ter levado ao donatário o aviso sobre o estado em que os silvícolas haviam deixado o Espírito Santo, provocando, dessa forma, seu regresso à terra brasileira. Deve ter sido, pois, entre 1545 e 1547 que se verificou a quase ruína da capitania, ocasionada pelas incompatibilidades entre brancos e índios, conforme adiante se verá, já que Ambrósio de Meira nenhuma alusão faz ao assunto. Muito ao contrário, sua carta, quando cotejada com o texto de frei Vicente do Salvador, demonstra que houvera progresso na construção dos engenhos.
Ciente da catástrofe que baixara sobre seu senhorio, Vasco Coutinho teria deixado Lisboa para vir tentar o reerguimento do Espírito Santo. Não seria razoável julgar que permanecesse em Portugal até o embarque de Tomé de Sousa, em 1549, ante as notícias alarmantes sobre o destino do seu senhorio, do aniquilamento de todos os seus bens. A relação dos que faziam parte da expedição do primeiro governador geral, que acolhe nomes escoteiros, não calaria o de um donatário. E em 1550 iremos encontrar Coutinho em Porto Seguro, às voltas com o seu colaborador – Duarte de Lemos.
NOTAS
(16) - Hist. Brasil, 95.
(17) - Ver foot-note n.º 13 deste capítulo.
(18) - Notícias Antigas, 14.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, julho/2018
O navio em que Coutinho regressou ao Brasil tocou em Pernambuco e, com certeza, era de sua propriedade
Ver ArtigoCoube a do Espírito Santo, descoberta em 1525, a Vasco Fernandes Coutinho, conforme a carta régia de 1.º de junho de 1534
Ver ArtigoEnfim, passa da hora de reabilitar o nome de Vasco F. Coutinho e de lhe fazer justiça
Ver ArtigoTalvez o regresso se tivesse verificado em 1547, na frota mencionada na carta de Fernando Álvares de Andrade, ou pouco depois
Ver ArtigoConcluo, dos nobres que aportaram à Capitania do Espírito Santo, ser ela a de melhor e mais pura linhagem
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