Reminiscências
Vila Velha de outrora, quanta lembrança!
Prainha, limo verde, conchas na areia úmida.
Banho de mar nas “Pedrinhas”, que alegria!
Pulos dos meninos no cais, perto do “Nicho da Penha”, entrada de Piratininga.
Pobres com as mãos estendidas, na subida do Convento, esperando esmola dos visitantes.
Inhoá dos pescadores, das casinhas de sapê, do navio encalhado.
“Cercadinho”, cenário mágico da criançada, aroma de mato verde, flores e frutas silvestres, borboletas coloridas, bom passeio nas tardes de verão.
Vila Velha de outrora...
Canto matinal do galo, sinfonia de cigarras e de grilos, à tardinha.
Toque do sino da igrejinha, chamando os fiéis para orar.
Missa rezada em latim, música sacra no coro, trazendo emoção, paz e muita fé.
Procissões solenes, varandas e sacadas enfeitadas, com ricas toalhas e flores.
Ladainha de maio, anjos e coroação.
Cheirinho de incenso no ar, na hora da bênção, muita devoção!
Véu de filó ou de renda, branco para as meninas e moças, e preto para as senhoras.
Bonde e reboque dançando nos trilhos, cortando os bairros, alegrando a cidade.
Pessoas nas janelas, olhando o movimento, dando bom dia ou boa tarde.
Ciclistas com bicicletas emplacadas, andando com responsabilidade.
Garoto do “quebra-queixo”, também quebrando o silêncio da tarde, com um toque metálico, cadenciado.
Brincadeiras de amarelinha na calçada, pique, boca-de-forno, chicotinho-queimado e correrias na rua.
Sorvete gostoso do “Ponto Chique”, passeios na praça e animadas retretas, no coreto do jardim.
Vila Velha de outrora...
Cinema no “Continental”, festas e bailes, em casa de amigas ou nos clubes.
Teatros, “Lapinha”, mágicos ou artistas de fora, no “Dispensário”, grande atração!
Córregos passando nos fundos dos quintais, com peixinho, girino e louva-a-deus, beijando a água.
Variedade enorme de frutas ácidas como groselha, araçaúna e cajá-mirim, doces como amora, manga e sapoti, e raras como perinho ou abricó.
Muitas frutas nos quintais, sinal de abastança, deleite para a petizada e adultos também.
Vila Velha de outrora...
Verdureiros com seus balaios, atraindo os fregueses, com interessantes pregões.
Aves, ovos, limão, banana, taioba, produção própria, para o consumo da família, dos amigos e da vizinhança.
Peixe, carne, leite e pão, entregues, em casa, com qualidade e pontualidade.
Médico, clínica geral sem muitos exames, muito carinho e poucos remédios, bastando sua presença para se curar ou melhorar.
Pronto socorro e pequenos achaques, bem atendidos e resolvidos, com o único e competente farmacêutico da cidade.
Vila Velha de outrora...
Sem televisão, só rádio e eletrola, poucos carros e telefones, servindo a toda a comunidade.
Sem microondas, vídeo, som, CD, fax, computador, Internet e celular.
Sem a “3ª Ponte”, só a “Florentino Avidos”.
Com pouca água e muita falta de luz.
Apagão de surpresa, cancelando cinemas e passeios, uma decepção...
Sem poluição, sem prédios, sem comércio, bancos, casas de festas e cerimoniais.
Linhas, rendas, botões, tecidos e calçados, só em Vitória e frutas nobres e finos doces, era também lá que, com muito gosto se comprava, sem cheques, sem cartões, só com dinheiro na mão.
Economias para a saúde, festas e viagens, guardadas em casa, com segurança.
Sem “Poupança”, nem inflação, só no cofrinho, fundo do baú ou sob o colchão.
Portas sem trancas, janelas sem grades, sempre abertas, sem a menor preocupação.
Ruas varridas pelo vento, sem asfalto, sem garis uniformizados, sem lixo e papel no chão.
Sem sacolas de plástico, lixo só no latão.
Sem horti-fruti, supermercado e shopping center, mercadorias sem código de barra e compras só nos armazéns que, muito bem, serviam a localidade.
Vila Velha de outrora...
Vida com muita simplicidade.
Cachorrinhos amigos e companheiros, sem raça, e sem “pedigree”, deixando histórias para se contar e recordar.
Também gatinhos mansos e preguiçosos que mais se apegavam à casa, e nela ficavam, mesmo se o seu dono mudasse.
Vila Velha de hoje...
Progresso, dinamismo, evolução, tecnologia, modernidade.
Forte e firme, com muita raça e muita beleza.
Vila Velha de outrora...
Só na lembrança, na poesia e no coração.
Livro: Retalhos Coloridos
Autora: Eny Botelho Baptista
(Publicado no “Jornal da Praia da Costa”, em maio de 2002).
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