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Ressurreição do Índio Diogo - Elmo Elton

Na vila de Santos, em casa de Domingos Dias, homem nobre daquele lugar, morreu um índio por nome Diogo, tido como cristão. Algumas horas depois foi visto mover-se: chegou-se a ele a senhora da casa, Gracia Rodrigues, e ouviu que pedia muito claramente: “Vão-me chamar o Padre Anchieta para me batizar".

Parecia um sonho. Responderam-lhe entretanto que o Padre estava em São Vicente, a duas léguas de distancia; replicou que o fossem procurar, porque o Padre viera em sua companhia a tal riacho que corre junto à vila e dali o mandara entrar no seu corpo para o batizar.

Foram buscar o Padre e vindo ele, perguntou-lhe Diogo, se trazia consigo o relicário que lhe mostrara no caminho. Tirou-o Anchieta do peito, ficou o índio muito alegre e por ordem do servo de Deus contou que, ao chegarem os portugueses à sua terra o tinham instruído na religião, mas sem o batizarem, e ele, cuidando não ser necessário, se contentara com a observância dos Mandamentos.

Entre as lágrimas dos assistentes, batizou-o então Anchieta, dizendo que por aquele único batismo considerava bem empregada sua vinda ao Brasil e todos os seus trabalhos.

 

RESSURREIÇAO DO ÍNDIO DIOGO

Diogo, o índio morto, estava no caixão,
posto em velório, quando, de repente,
alguém, de casa, ao fitá-lo, pressente
 que se lhe move o corpo com aflição.

Esse selvagem, bom de coração,
ressuscitado, pede, claramente,
tragam-no Anchieta ali, pois que ele, crente,
em morrendo, não era ainda cristão.

O padre veio ao encontro de Diogo,
batiza-o, também dá-lhe a extrema-unção.
E o índio, agora, já não sendo pagão,

volta a seu catre, assim fora seu rogo,
e, após beijar o padre, que o socorre,
agradecido a Deus, de novo, morre...

 

Autor: Elmo Elton
Fonte: Anchieta, Vitória 1984 

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