Rio Doce - O Amazonas Capixaba
O Rio Doce é o maior rio do Espírito Santo. É chamado carinhosamente de "Amazonas Capixaba". Atravessa o estado de Leste a Oeste, banhando quatro municípios: Baixo Guandu, Colatina, Marilândia e Linhares. Nasce em Minas Gerais, próximo à cidade de Barbacena, a 2 mil metros de altura. É o rio da integração Espírito Santo-Minas Gerais, com cerca de 800 km de curso, desde Barbacena até sua foz. De seu curso, 180 km são em território capixaba. O Rio Doce deságua no Oceano Atlântico, em Regência, distrito de Linhares.
O Rio Doce é um dos mais encachoeirados rios brasileiros. No Espírito Santo, porém, somente no município de Baixo Guandu apresenta trecho acidentado.
É responsável pelo povoamento da Zona da Mata mineira e fez do Espírito santo o maior exportador de minério de ferro, pela Estrada de Ferro Vitória a Minas, pertencente à CVRD.
História
Nos primeiros anos da década de 20 a navegação no Rio Doce tomou impulso através dos Vaporzinhos: Tupy, Tamoyo e Juparanã. O Vaporzinho Juparanã fazia cinco viagens por mês entre Colatina a Linhares. Nos intervalos das viagens, o navio era utilizado para viagens de passeios entre Colatina e Itapina. O vaporzinho percorreu as águas do Rio Doce até o final da década de 1940, quando abandonado, acabou naufragando no próprio rio em que tanto navegou.
O Rio Doce teve importância decisiva na conquista do Espírito Santo e de Minas Gerais pelos europeus. Pelo seu vale, no século XVIII penetraram sertanistas e exploradores como Antônio Dias de Oliveira e Borba Gato. No século XIX foi a vez de pesquisadores como o príncipe Maximilian von Wied-Neuwied e Frederico Sellow, botânico que morreu afogado em suas águas.
Estes pesquisadores chegaram a manter contatos pacíficos com o chamados índios botocudos, deixando um vasto conhecimento sobre esses grupos nativos. Era chamado de "Vatu" pelos índios botocudos que habitavam o vale.
O povoamento de Linhares, um dos municípios do Norte do Espírito Santo, teve grande desenvolvimento graças à existência de suas águas que chegaram pelas portas da cidade divisa, Baixo Guandu. Inclusive, nesse mesmo município, os seus afluentes formaram 62 lagoas, sendo a mais importante a Juparanã, que no século XIX, recebeu um ilustre visitante, o imperador do Brasil, D. Pedro II.
Na Década de 20, árvores eram cortadas e as madeiras desciam amarradas em forma de jangadas.
O Farol do Rio Doce
Em 1887, houve um acidente no Rio Doce. Um dos fatores sugeridos para explicar a perda do cruzador Imperial Marinheiro, em 1887, num local posicionado a sete milhas da desembocadura do Rio Doce (costa do Espírito Santo), foi a falta de um farol na barra daquele rio.
Na ocasião do naufrágio, a imprensa capixaba não silenciou sobre a necessidade de que se impunha a construção de um farol naquela localidade. Um artigo do periódico “A Província do Espírito Santo”, do dia 15 de setembro de 1887, diz o seguinte:
“Farol no Rio Doce - Há anos que o Capitão-Tenente Cerqueira Lima, chefe da repartição dos faróis, indicou a necessidade da colocação de um farol de quarta classe na ponta do rio Doce.
A indicação do honrado chefe foi perfilhada pelo Governo e na última situação liberal o Ministério da Marinha pediu verba para realizar aquele importantíssimo melhoramento.
Com a mudança da situação, o atual Ministério fingindo-se econômico abandonou o projeto por ser dispendioso e desnecessário!...
O resultado é esse que estamos lamentando - a perda de 14 vidas e o prejuízo material de perto de 1.000:000$000 com o naufrágio do ‘Imperial Marinheiro’.
É evidente que se já ali existisse o farol, qualquer que fosse o desvio da agulha ou o erro de observação, apontados como causa do sinistro, este teria sido evitado a tempo pelo assinalamento da luz do farol, que é, como se sabe, o amigo cauteloso e prudente que desvia os marítimos da aproximação dos parceis e baixios.
A ciência administrativa, porém, do nosso Governo, que já tinha assinalado sua criminosa indiferença e desídia no horroroso naufrágio do ‘Rio Apa’, veio pôr-se novamente em doloroso relevo no sinistro do ‘Imperial Marinheiro’.
Agora, como o sacrifício do Estado foi grande, e há uma dezena de famílias brasileiras cobertas de luto, é possível que a ponta do rio Doce tenha um farol de quarta ordem, que custará menos de uma centena de contos...”
Os clamores dos capixabas foram atendidos, mas somente no dia 15 de novembro de 1895, quando a luz de um farol principiou a cintilar. Mas esse foi construído em lugar inadequado - na pontal norte - sendo mais tarde, em 1907, transferido para o pontal sul.
No século XX o vale do Rio Doce serviu de caminho para a EFVM (Estrada de Ferro Vitória a Minas) que impulsionou o crescimento de diversas localidades. A bacia contribui atualmente na geração de divisas pelas exportações de café (MG e ES) e polpa de frutas (ES).
Situação atual do rio
Das cabeceiras à foz, a bacia do rio Doce é um mosaico de problemas hídricos e ambientais.
No Estado de Espírito Santo, o rio Doce representa o maior manancial de água doce. O rio, que flui ali com declividades menores, forma vastas áreas assoreadas em seu leito. Junto à sua foz, suas águas são transpostas para o abastecimento de outra indústria de celulose, a Aracruz Celulose. Os sólidos suspensos e o lixo em suas águas têm causado sérios danos ambientais em seu estuário, região de desova da tartaruga marinha, monitorada pelo projeto Tamar.
O rio também sofreu muito com o desmatamento das florestas atlânticas, com o mau uso do solo, com o extrativismo de ouro e, consequentemente, com a contaminação do mercúrio em suas águas. Entretanto, não ficou por aí, a poluição lançada pelas siderurgias, os aglomerados urbano e rural, a precariedade dos saneamentos básicos destruíram o seu potencial e favoreceram o aparecimento da erosão nas margens, responsável pelo assoreamento de seu leito e pela diminuição de tuas águas. Deste modo, quando se aproxima o alto verão, época das chuvas intensas, frequentes cheias expulsam das moradias os vizinhos de ribeirinha.
Atualmente, o Rio Doce encontra-se com um nível de água baixíssimo, podendo se ver extensos bancos de areia ao longo de seu curso. Também recebe diariamente uma quantidade enorme de esgotos domésticos e químicos em suas águas, desaparecendo assim peixes e outras espécies.
Água é fonte de vida todos sabem, mas também ela pode matar! Em cidade que não há planejamento ambiental todos sofrem. Consciência ambiental se faz com educação.
Fontes:
http://www.proinfo.es.gov.br/verbetes/Riodoce/index.htm
Luciah Rodriguez de Barros (Pós-graduada em Geociências – escritora - Psicanalista e Especialista em Educação, tem textos na www.aguaonline.com.br - www.webestudante.com.br e em Portugal www.terranatal.com, Autora de e-books na www.ieditora.com.br )
http://www.nomar.com.br/farois_04_04.htm
Proposta de Instituição do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce, donforme Resolução No 5, de 10 de Abril de 2000, do Conselho Nacional De Recursos Hídricos. ANA, 2001.
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