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Turismo no Campo - Por Cacau Monjardim em 1975

Ruínas Jesuíticas localizadas na Fazenda Rancho Forte, Barra do Jucu -ES

Com o comprometimento industrial que está chegando a área da Grande Vitória e, ainda, com as perspectivas de implantação de unidades industriais de grande porte ao longo de nossa mais valorizada faixa litorânea – Nova Almeida a Guarapari – parece-nos que é chegada a hora de abrir novas formas de lazer e recreação em pontos previamente selecionados, aproveitando-se o potencial efetivo e natural da montanha e a importância de alguns entroncamentos rodoviários como suportes de uma política turística mais dinâmica e objetiva.

Quando fazemos uma afirmação desta natureza, não deixamos de considerar prioritário o tratamento da chamada Faixa Radioativa, especialmente na área nobre que identificamos acima, por entendermos que econômica e turisticamente ela está cercada da mais tranquila viabilidade. O que nos preocupa é o comprometimento industrial que poderá afetar o seu imenso potencial turístico, sem que estejamos preparados para enfrentar, com outras opções, o pacífico desenvolvimento do turismo estadual.

Transformando-se a área da Grande Vitória, daqui a pouco, em polo industrial e siderúrgico de incontornável envergadura, iremos nos encontrar com a mesma problemática urbana que assalta a triste experiência do homem urbano, vítima da poluição ambiental e permanentemente imprensado entre edifícios, torres de fábricas e indústrias, enfrentando, ainda, um tráfego caótico. A busca, nos fins de semana, de ar puro, de sol e praia, tornar-se-á uma exigência fundamental ao próprio equilíbrio das futuras gerações.

E é pensando nos muitos aspectos que este crescimento vertiginoso imporá ao nosso outrora pacato núcleo urbano, que nos dispomos a pregar uma solução humana, identificada com as exigências que irão aparecer e cuja base se fundamenta na preservação de ilhas verdes e na criação de novas saídas, especial e muito carinhosamente, para a criançada capixaba.

Já defendemos, há algum tempo, num ensaio sobre o assunto, a necessidade de emprestar uma nova filosofia ao aproveitamento de antigas fazendas de propriedade do Estado, visando transformá-las, a médio prazo, em unidades de turismo rural, permitindo-se a formação de uma cadeia que possibilitaria ao homem urbano um contato autêntico, científico e sadio com a natureza e com as tradições contidas em cada área interiorana selecionada, com a vantagem de permitir excelente padrão de economicidade em termos de diárias e, o que nos parece mais importante, em termos de uma programação de caráter cultural e esportivo.

Para citar apenas um exemplo destas fazendas, podemos apontar, a apenas 15 minutos da capital, a antiga fazenda de mudas do Estado que, ao que nos consta, está sem uma finalidade produtiva, abrigando dois ou três funcionários da Secretaria da Agricultura ou servindo, quem sabe, de depósito para material inservível apesar de dispor de 25 alqueires maravilhosos, com água farta, energia à porta, asfalto á frente e variada topografia, além de um núcleo residencial que poderia servir de partida para a programação turística que estamos sugerindo, colocando esta área no rol das unidades piloto de turismo rural.

A partir desta experiência, testada a sua viabilidade, poderia o Governo, através da EMCATUR, partir para a conquista de outras fazendas de sua propriedade (e elas existem em vários pontos do Estado, num total de 10 ou 12) e mesmo de particulares, montando-se uma eficiente e inédita rede de unidades rurais de turismo, buscando o reencontro do homem com a natureza e da criança, especialmente esta, com um universo de criatividade que ela não terá e não está tendo oportunidade de ver e sentir entre paredes frias dos conjuntos habitacionais e prédios de apartamentos, distantes de parques, jardins, sol, oxigênio e saúde.

Nestas propriedades seriam mantidas as tradições interioranas em termos de comida, música, artesanato e recreação. Nelas seriam implantadas unidade de hospedagem, em motéis ou cabanas, criados parques e jardins, lagos piscosos, campos de esporte, sala de jogos, alamedas para a prática de equitação, de passeios e charretes, salas educativas de artesanato, para utilização em cursos de férias, oficinas de carpintaria, piscinas, viveiros, criação de gado leiteiro estabulado, mini-zoológico, biblioteca, pavilhão de arte e pintura, salões de recreação e relax e algumas outras ideias que poderiam vir a ser incluídas na programação e formação de uma rede estadual de turismo rural ou melhor, de turismo-natureza.

O projeto, sem dúvida, tem o mérito, sobretudo, de criar motivação, apontar fórmulas novas, de sentido econômico, cultural e artístico, para preservar estas fazendas, sua história, suas belezas naturais, seu patrimônio ecológico e as mais puras tradições artesanais e folclóricas de nosso Estado, dividindo com o homem urbano o cheiro doce da terra, o oxigênio das matas e o sabor inesquecível de um verdadeiro e sadio encontro com a natureza.

 

Junho de 1975.

 

Fonte: Capixaba, sim. (hoje mais do que ontem), 2006
Autor: J. C. Monjardim Cavalcanti (Cacau Monjardim)
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2012 

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