Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

UFES - 40 anos

A Universidade do Espírito Santo foi criada pela Lei 806 de 05/05/1965, sancionada pelo Governador Jones do Santos Neves, agluti­nando os seguintes institutos universitários: Faculdade de Filosofia, Ciên­cias e Letras (1951), Escola de Medicina, Faculdade de Odontologia (1947), a Escola de Química Industrial e Farmácia, a Escola Politécnica (1951), a Escola de Música (1952) e Escola de Belas Artes (1952), além dos institutos complementares: Santa Casa de Misericórdia (1545); Biblioteca Estadual (1885); Escola de Educação Física (1931); Museu Capixaba (1939); Escola de Auxiliares dê Enfermagem (1953); Instituto de Tecnologia (1953); Hos­pital das Clínicas; Horto Florestal.

Foram estabelecidos os seguintes fins da Universidade (Art. 2°):

a - promover condições propícias ao desenvolvimento da reflexão filosófica, da pesquisa científica e da produção literária e artística;

b - assegurar pelo ensino, a comunicação dos conhecimentos que concorrem para o bem estar generalizado e para a elevação dos padrões de vida, da atividade e do pensamento;

c - formar especialistas nos diversos ramos da cultura e técnicos altamente habilitados ao exercício das atividades profissionais de base científica ou artísticas;

d - incentivar e prover os meios de progresso da cooperação nas atividades intelectuais;

e - realizar a obra social da valorização da cultura.

 

Em 1961 ela foi federalizada pelo então Presidente da República Dr. Juscelino Kubitschek, pela Lei 3868, de 31/01/1961, passando a denominar-se Universidade Federal do Espírito Santo, com as seguintes Unidades: Faculdade de Direito; Escola Politécnica; Faculdade de Ciências Econômicas; Escola de Belas Artes; Faculdade de Odontologia; Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; Faculdade de Medicina e Escola de Educação Física.

Em 1994, a UFES completa 40 anos. Atualmente conta com 34 cursos de graduação, 10 cursos de pós-graduação stricto sensu, sendo 08 Mestrados e 02 Doutorados (Educação e Fisiologia Vascular), 12 cursos de pós-graduação lato sensu, 1010 priffessores, sendo 37% com Mestrado e 13% com Doutorado, 2165 funcionários técnico administrativos e 9.000 alunos (dados est. de 1992). Já tendo formado cerca de 30 mil alunos, em seus 40 anos de existência, podemos responder à comunidade que nos pergunta: há motivos para comemorar? Há sim.

Apesar de termos perdido o bonde da História em alguns momentos, quando demoramos a democratizar-nos internamente para servirmos de exemplo à comunidade externa; quando estivemos muito presos às amarras do poder federal e não dividimos com a sociedade uma maior responsabilidade pela nossa sobrevivência; quando deixamos de investir mais arrojadamente na pesquisa e na melhoria de nossos serviços e equipamentos para a produção do conhecimento; quando nos clientelizamos, tornando-nos os próprios beneficiários dos serviços e benefícios que devíamos proporcionar à comunidade que nos sustenta; enfim, quando voltamos os olhos do mundo à nossa volta para nós mesmos, aí nós erramos e muito.

Hoje, a UFES quer recuperar o seu papel de ser um espaço de busca do conhecimento, transmissão de informação e formação para os milhares de jovens que nos procuram, todo ano, e que deveremos entregar à comunidade como profissionais competentes e cidadãos conscientes de que a justiça social precisa de ser aprendida, numa sociedade individualista e estratificada como a nossa, para ser praticada.

Nestes 40 anos, a UFES se massificou, como toda a educação brasileira. Não somos apenas avalistas da formação dos filhos dos ricos e burgueses, que procuram a Universidade para se tornar doutores e perpetuar um sistema de dominação existente desde o colonialismo. Somos, também, e principalmente, nos dias de hoje, a esperança de milhares de jovens da classe média e pobre que depende não só do ensino que lhes pudermos dar, para transformar suas realidades e melhorar a qualidade de vida de suas famílias, como da comida que lhes oferecemos no bandejão, dos livros que colocamos à sua disposição nas bibliotecas e das atividades culturais que pudermos lhes oferecer para ampliar seu universo de visão.

Hoje, a UFES sabe que necessita avaliar-se para sobreviver. Para isso, depende de que a comunidade lhe indique os seus próprios caminhos: para onde quer a comunidade que a UFES caminhe? Esta deverá ser a preocupação constante da Universidade, se quiser sobreviver.

A comunidade universitária, professores, funcionários e alunos, precisam cumprir seu papel. Os professores precisam se aperfeiçoar sempre, para não ficarem defasados em relação a um conhecimento que pretendem ensinar. A maioria o faz, mas alguns se conformam em ser os eternos repetidores de antigas lições, mal aprendidas no passado. E acomodam-se, justificando sua incompetência pelo baixo salário que recebem. Os funcionários, em sua maioria desestimulados pelo baixo salário, pouca qualificação e falta de incentivo profissional, acomodam-se na lentidão e na pouco eficiente burocracia administrativa. Os alunos, diante de tal quadro, fazem para passar de ano, ou nem isso. Certamente a sociedade do próximo milênio vai nos cobrar caro tudo isso. Quem sobreviver, verá.

Iniciamos, no dia 15/12, no Carlos Gomes, com um belíssimo Concerto da Orquestra de Câmara da UFES, o ano de comemoração dos 40 anos da UFES. Em todo ano, estaremos mostrando à comunidade um pouco do que somos capazes de fazer na área de cultura e das artes. O auge das festividades será em maio, mês de aniversário da UFES e em julho, com a realização, em Vitória, da reunião anual da SPBC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), de 17 a 23/07. Queremos dividir, com toda a comunidade capixaba, a responsabilidade e a alegria de estarmos sobrevivendo. Afinal, é ela que nos sustenta. E recordar o discurso do então governador Jones dos Santos Neves, que dedicou a criação da UFES à juventude.

Enquanto tivermos os olhos voltados para o jovem, o novo, e suas inquietações, apesar de todo o sofrimento que isso causar, não envelhe-ceremos jamais. E poderemos comemorar como as Universidades de Salamanca, Bolonha, Oxford ou Coimbra, os 400, 700, 800, 1.000 anos, porque aprendemos com a comunidade o que teremos de ensinar.

 

Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do ES, Nº 44 - 1994
Autor: Francisco Aurélio Ribeiro - Prefessor e Sec. de Produção e Difusão Cultural da UFES
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2014 

 


 

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Movimento Negro e Educação no ES - Por Gustavo Henrique Araújo Forde(12)

Nas últimas duas décadas do século XX, o Espírito Santo foi palco de uma efervescência política negra com a criação de um conjunto de organizações

Ver Artigo
Memória Capixaba o Arquivo e a Biblioteca - Por Gabriel Bittencourt

Florentino Avidos construiu o prédio destinado à Biblioteca e ao Arquivo Público, na rua Pedro Palácios

Ver Artigo
Viagem ao Espírito Santo (1888) - Princesa Teresa da Baviera (PARTE VI)

Um pouco mais tarde, ouvimos a voz exótica de uma saracura, isto é, de um raleiro que poderia ser uma Aramides chiricote Vieill

Ver Artigo
A possível verdadeira história da tragédia da Vila Rubim - Adilson Vilaça

Bernardino Realino pode ser invocado como protetor de certas categorias de cidadãos, que julgam poder contar com poucos santos

Ver Artigo
Bibliotecas - As 10 mais importantes

1) A Biblioteca Pública do Estado. Fundada em 16-6-1855, pelo Presidente da Província Dr. Sebastião Machado Nunes.

Ver Artigo