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UFES - Discurso do Reitor na visita do Presidente Castello Branco (1964)

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Homenagem na Universidade do Espírito Santo - Discurso proferido pelo Reitor Dr. Fernando Duarte Rabelo

 

Exmo. Senhor Marechal Humberto de Alencar Castelo branco, Digníssimo Presidente da República.

Exmo. Senhor Governador do Estado.

Exmos. Senhores Ministros de Estado.

Dignas autoridades civis, militares e eclesiásticas presentes.

Jovens representantes das classes Universitárias.

Meus senhores, e minhas senhoras.

 

A Universidade do Espírito Santo, a mais moça das Universidades do Brasil, já recuperada da grave crise que a atingiu profundamente no sidos de março, engalana-se com justificada euforia para receber hoje a visita de V. Ex.ª.

Grande é a honra que V. Ex.ª nos concede, exatamente no momento em que, vencidas todas as dificuldades resultantes daquela crise, inicia ela a sua marcha tranqüila e segura para seus elevados destinos.

Como perceberá o arguto espírito de Vossa Excelência, é ainda num ambiente de modéstia, de pobreza mesmo, como este que está à vista plena de todos, que o recebemos e à sua ilustre comitiva, pois não logrou a Universidade do Espírito Santo a sua sede própria e sequer pode planificar a Cidade Universitária, angustiada por problemas de difícil solução, dos quais ressalto, pelo seu vulto, a inexistência de área adequada ao empreendimento. Com exceção das Faculdades de Medicina, Politécnica e de Odontologia, todas as demais, inclusive a Reitoria, funcionam em acomodações tomadas de aluguel.

A precariedade dessas instalações e as dificuldades daí decorrentes, porém, não nos entibiam o ânimo, antes nos retemperam o espírito e nos excitam o entusiasmo para prosseguir em busca dos ideais que defendemos, dos princípios que nos cumpre proteger, fiéis ao pensamento de V. Ex.ª, identificado com a obra que vem realizando.

O Espírito Santo, Senhor Presidente, vive um dos mais fecundos períodos de sua história. Sua indústria, em franco florescimento, constitui seguro fator de que esse pequeno “traço de união” com que a geografia curiosamente nos caracteriza, será, num amanhã muito próximo, uma das mais pujantes células da Nação Brasileira.

Estamo-nos preparando, os espíritossantenses e os que aqui conosco labutam, desveladamente, para enfrentar um novo ciclo econômico que assinalará, sem dúvida, a integração do Espírito Santo neste esforço de desenvolvimento que o Brasil empreende, agora com confiança e tranquilamente, visando ao maior bem-estar social do nosso povo, numa sinergia disciplinada e consciente, um clima de ordem e respeito, de dignidade e austeridade.

Não nos faltam condições, Senhor Presidente, para nos unirmos aos nossos compatriotas de outras plagas. Nossa posição geográfica é privilegiada: um potencial hidráulico de fácil aproveitamento; duas ferrovias cruzam nosso território de extremo a extremo e, nos mesmos sentidos, o cortam duas rodovias do mais elevado padrão técnico. Completando esse sistema aí está o Porto de Vitória, dotado de excelentes instalações, ponto de convergência de dois elementos vitais para o desenvolvimento dos povos: o carvão e o minério de ferro.

O paralelismo do progresso tecnológico e industrial é um fenômeno tão evidente que dispensa demonstração, pois que, se uma região acusa carência de atividades industriais, o desinteresse científico aí domina.

Queremos contar com o apoio de Vossa Excelência para intensificar em nossa Universidade a tendência para a preparação de técnicos, de modo que ela seja uma fonte permanente do elemento humano categorizado para essa gigantesca batalha em que todos nos empenhamos com redobrado ardor patriótico.

Animados pelas palavras de estímulo e encorajamento por V. Ex.ª proferidas no último Fórum de Reitores na sessão de seu encerramento, temos plena confiança em que o problema da Educação e elevação do valor moral e cultural da mocidade, constitui uma das principais preocupações, se não a principal, da segura equilibrada administração de V. Ex.ª a que o Brasil já deve tantos e tão marcantes benefícios.

A Pátria ainda muito espera da orientação, da firmeza e do espírito de bondade de V. Ex.ª e de seu ilustre Ministro da Educação e Cultura.

Só por esse espírito de bondade, compreensão e tolerância já conquistou V. Ex.ª o coração dos brasileiros o que vem a confirmá-lo a recente manifestação inequívoca de seu gesto, mandando distribuir às instituições de caridade e á pobreza o total da arrecadação da Campanha do “Ouro para o Brasil”. É, portanto, V. Ex.ª um homem bom. “Na vida de um homem público, só há uma glória, digna de ser vivida – é a de ser bom”, como certa vez afirmou o imortal Rui Barbosa, o “Crisóstomo” da nossa eloqüência, como já o apelidaram as gerações modernas.

Senhor Presidente: como registro desta honrosa visita e em reconhecimento aos valiosos serviços por V. Ex.ª prestados à República em defesa do regime democrático, o Egrégio Conselho da Universidade do Espírito Santo, mediante mensagem de seu Reitor, deliberou conceder a V. Ex.ª a sua máxima distinção – o título de “Doutor Honoris Causa” – selando assim um preito de admiração à fecuda e patriótica obra governamental.

 

Fonte: Visita do Marechal Humberto de Alencar Castello Branco ao Estado do Espírito Santo/ 1964
Pesquisa: Casa da Memória de Vila Velha,ES
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2012 

 

Nota do Site - Fonte UFES 

A história do ensino superior no Espírito Santo tem inicio na década de 1930 com a criação, pela iniciativa privada, de alguns cursos como Odontologia, Direito e Educação Física. Durante o governo de Jones dos Santos Neves (1951-1955) esses cursos isolados foram agrupados e nasceu, no dia 5 de maio de 1954, a Universidade do Espírito Santo, mantida e administrada pelo governo estadual.Alguns anos depois, em 30 de janeiro de 1961, o presidente Juscelino Kubitschek, em um ato administrativo, transformou a instituição em uma universidade federal. Nascia então a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).Já no ano seguinte começou a ser pensada a possibilidade de se concentrar todos os cursos existentes em um único espaço físico. E o governo federal desapropriou uma imensa área ao norte da capital, em Goiabeiras, onde começa a ser erguido o principal campus da Ufes, com uma área de mais de 1.500 mil m².A Ufes, pouco a pouco, foi se expandindo geograficamente e criando outras possibilidades de acesso ao conhecimento. Na década de 70, ainda na capital, abriu um outro campus, onde se instalou o atual Centro de Ciências da Saúde (CCS) e o Hospital Universitário Antonio Cassiano de Moraes (Hucam), na região de Maruípe. Ao sul do Estado, na cidade de Alegre, instalou-se o atual Centro de Ciências Agrárias (CCA), no início dos anos 70. Ao Norte, em São Mateus, foi criado em 2006 o Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes).

 


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