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Vasco Coutinho volta ao Brasil, ano de 1555

Brasão e fac-simille da assinatura de Vasco Fernandes Coutinho

O navio em que Coutinho regressou ao Brasil tocou em Pernambuco e, com certeza, era de sua propriedade. A primeira afirmação baseia-se na carta de Duarte da Costa delatando o bispo D. Pero Fernandes de ter humilhado o capitão do Espírito Santo negando-lhe “cadeira despaldar na igreja” e excomungando-o, ademais, “de mistura com homens baixos por beber fumo”. Tais injúrias tiveram lugar na terra de Duarte Coelho, explica claramente o missivista. O mesmo texto faz crer que o prelado repetiu a descortesia quando, novamente, pilhou Vasco Coutinho na cidade do Salvador.(37)

Vale a oportunidade para recordar que o fundador da capitania por um triz escapou de cair prisioneiro dos franceses (?) quando, no arrecife de D. Rodrigo,(38) resgatava índios.(39)

Justamente porque podia interromper a derrota para transacionar com os silvícolas é que se conclui ser seu o barco em que viajava o capitão do Espírito Santo.

 

NOTAS

(37) - Carta de D. Duarte da Costa, 2° governador do Brasil (vinte de maio de 1555):

“Vasco Fernandez Coutinho chegou aqui velho pobre e cansado, bem injuriado do bispo, porque em Pernambuco lhe tolheo cadeira despaldar na igreja e apregoou por escomungado de mistura com homens baixos por beber fumo segundo mo ele dise, eu o agaselhei em minha casa e com minha fazenda lhe socorri a sua pobleza pera se poder ir pera o Espirito Santo e o bispo o agasalhou com dizer no pulpito cousas delle tam descorteses estando elle presente que o puseram em condiçam de se perder do que eu o desviei e hei vergonha de decrarar o que lhe disse e por lhe defender a elle o fumo sem o qual nam tem vida segundo elle diz o defendeu nesta cidade com excomunhões e grandes penas dizendo que era rito gentilico sendo hûa mezinha que nesta terra sarava os homens e as alimarias de muitas doenças e que parece que nom devia de defender” (Documento pertencente ao Arquivo da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, I, 95, 70, apud P. DE AZEVEDO, Instituição [Apêndice], 375).

(38) - “Arrecife de D. Rodrigo ou Porto dos Franceses – Nos Baixos de D. Rodrigo, entre a barra do Rio São Francisco e o Cururipe, quase defronte a este, naufragou o bispo D. Pedro Fernandes Sardinha. Salvo do naufrágio, regressava a Pernambuco, com seus companheiros, quando foi morto e devorado pelos caetés, perto do Porto dos Franceses, sobre uma colina que domina a entrada da barra. Aí existe uma ermida, provavelmente, para comemorar esse cruento martírio.

Uma observação de Gabriel Soares há e convém fique lembrada: é a que se refere à existência de três portos chamados “dos franceses”. [...] o terceiro, simplesmente – Porto dos Franceses – achava-se situado nos recifes de D. Rodrigo, nome que designa um capitão espanhol, comandante da nau S. Gabriel, que arribara a S. Catarina em 1530 e depois foi ter ao litoral das Alagoas, onde naufragara” (Rev. Inst. Arq. e Geogr. Alagoano, n.º 9, dez.º 1876, p. 245, apud PIRAJÁ DA SILVA, Notas, I, 115).

(39) - “...depois veio aqui ter Vasco Fernandez Coutinho e esteve junto do arrecife de Dom Rodrigo resguatãodo em hum barquo e vyo entrar hua nao demtro com hua zabra por popa e escapou lhes por estar dentro num arrecife” (Da carta de Francisco Portocarrero a el-Rei, de vinte de abril de 1555). Documento pertencente ao Arquivo da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, I, 95, 46, apud P. DE AZEVEDO, Instituição (Apêndice), 377.

 

Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, maio/2017

Vasco Fernandes Coutinho

Franceses no porto de Vitória, 1558

Franceses no porto de Vitória, 1558

Estes, temerosos de um desembarque, mandaram “Simão Azeredo e mestre Náo, francês aqui morador e bom homem”, parlamentar a bordo

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