Versos Populares da Virgem da Penha
É bem grande a variedade de versos populares conhecidos na antiga Vila Velha, porém vamos focalizar apenas alguns, na impossibilidade de transcrevermos todos.
Homenageando a SS. Virgem da Penha, existe um número incalculável de versos. Além dos já registrados em capítulos anteriores podemos citar alguns que se relacionam com fotos conhecidos:
"Nª Sª da Penha
é madrinha de João
eu também sou afilhada
da Virgem da Conceição".
Isto porque, com a grande devoção à Senhora da Penha, era rara a família que não tomava a Virgem por madrinha de um dos filhos.
Referindo-se ao local onde está situado o Convento:
"Nossa Senhora da Penha,
onde ela foi morar,
em cima de uma pedra,
toda cercada de mar".
Em 1856 alastrou-se pela cidade um surto de cólera. Seu povo já andava amedrontado com tanta epidemia, pois antes, a varíola e a bubônica já haviam dizimado muitas vidas. Os moradores locais, com seu profundo espírito de religiosidade e com uma fé viva e ardente em Nª Sª da Penha, recorrem à Sua proteção.
Sua coroa sai em procissão, visita a cidade e lugares circunvizinhos. Os efeitos da epidemia foram atenuados. Em agradecimento pela graça alcançada, apareceu esta quadrinha, que se tornou popular, parte de uma glosa feita sobre a coroa de Nossa Senhora:
"Nossa Senhora da Penha
não veio, porém mandou
Sua sagrada coroa,
e a epidemia acabou".
Quando se desejava mandar algum recado indireto a outra pessoa lançava-se mãos dos versos populares que eram declamados ou, mais comumente, cantados nas reuniões familiares ou nos cateretês:
"Lá vai a lua saindo,
redonda como um vintém.
Nª Sª da Penha
dai vergonha a quem não tem".
ou então:
"Quem te ama tem bom gosto,
quem te adora é feliz,
quem disser pelo contrário,
mente, não sabe o que diz."
Numa das tradicionais reuniões, uma jovem foi cantar o seu versinho, mas depois de iniciá-lo esqueceu o final. Murmúrios entre os presentes fizeram com que a jovem, muito encabulada, se retirasse para o interior da casa. Um moço entrou para o meio da roda e cantou:
"No errar de uma cantiga,
não se deve admirar,
que o melhor atirador
erra um pássaro no ar."
Quando um amor estava em perigo de ser arrebatado por outra pessoa:
"Meu anel de pedra verde,
que eu mandei fazer em Roma.
Tenho fé na Mãe da Penha,
que meu amor ninguém toma".
E assim era Vila Velha, uma terra ditosa, e sua gente experimentava a verdadeira felicidade, pois esta consiste em cada qual se contentar com o que tem, embora procurando progredir, o que instinto é natural no homem.
Fonte: Vila Velha de Outrora, 1990
Autora: Maria da Glória de Freitas Duarte
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2015
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