Preparativos de viagem do donatário Vasco Fernandes Coutinho

Munido dos dois estatutos fundamentais, Vasco Fernandes Coutinho pôde concluir a tarefa de aliciamento dos companheiros de aventura, desvencilhar-se das propriedades que possuía em Portugal e preparar a viagem para o senhorio que lhe coubera “pera todo sempre”, segundo rezava a carta.
Quem era Vasco Fernandes Coutinho – Sua família – Quase tudo se ignora sobre a infância e mocidade do fundador do atual Estado do Espírito Santo.(7) Sabe-se apenas que foram seus pais Jorge de Melo, o Lágio,(8) e D. Branca Coutinho.(9) A história guardou, também, os nomes dos seus irmãos: Martim Afonso de Melo Coutinho, Diogo de Melo Coutinho(10) e Manuel de Melo.(11)
Taunay o dá como “homem aparentado à melhor fidalguia portuguesa”,(12) e Varnhagen,(13) segundado por Pedro de Azevedo(14) – ambos apoiados pela carta de doação e outros instrumentos régios –, di-lo “fidalgo da casa real”.
NOTAS
(7) - “No ano de 1510 Vasco Fernandes Continho é referido como “homem bem mancebo”. Novo e forte e sem recear nada deste mundo: levantava um mouro do cavalo com a ponta da lança, atirava-o ao chão e matava o infiel. / Sob as ordens do grande Afonso de Albuquerque, Vasco Fernandes ajudou à conquista de Goa aos turcos. Em 1511 partiu como conquistador para o Extremo Oriente e fez frente a uma carga de elefantes na tomada de Malaca. / Comandou um navio da esquadra que Albuquerque deixou de vigia no estreito de Malaca, mas em 1514 encontramo-lo de novo na Índia. No ano imediato partiu com Albuquerque para Ormuz, no Golfo Pérsico, tomou parte na morte do guazil Ras Ahmede e trabalhou com outros fidalgos na construção da fortaleza. [...] Após cinco anos de serviço com Afonso de Albuquerque, não é provável que Vasco Fernandes pudesse continuar a servir sob o comando pouco estimulante do sucessor do grande Governador. Parece que o jovem Vasco voltou a Portugal em 1516, mas regressou à Índia em 1521, durante o governo de D. Duarte de Menezes. Dali acompanhou o irmão Martim Afonso de Melo Coutinho à China, onde encontraram Duarte Coelho navegando por aqueles mares, e juntos combateram contra os juncos chineses. / Quando Vasco Fernandes regressou a Portugal não se sabe ao certo, nem o que fez antes de 1529. Provavelmente esteve algum tempo numa das fortalezas de Marrocos. Os documentos dão-no como tendo servido não só no Oriente, mas também na África, e este parece ser o único intervalo de tempo em que tal serviço podia ter sido desempenhado” (SANCEAU, Capitães, 141-3). Essa obra de Elaine Sanceau, cuja l.ª edição foi publicada em 1956, dedica um dos seus capítulos à biografia de Vasco Fernandes Coutinho. Não revela nada de novo sobre o tema.
(8) - O VISCONDE DE LAGOA escreve Lages (Grandes e Humildes, II, 162 e 174).
(9) - LAMEGO, Terra Goitacá, V, 369.
(10) - SOUSA, Anais, I, 133.
(11) - P. DE AZEVEDO, Primeiros Donatários, 200.
(12) - TAUNAY, Hist. Bandeiras, V, 247.
– “Vasco Fernandes Coutinho, fidalgo de igual valor e nobreza, dos mais ilustres e antigos solares de Portugal” (VASCONCELOS, Crônica, I, 58).
(13) - VARNHAGEN, HG, I, 170.
(14) - P. DE AZEVEDO, Primeiros Donatários, 200.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, julho/2018
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